O ano de 2020 ficará marcado na centenária história do Esportivo e na memória do torcedor alviazul. Logo ao voltar à elite do futebol gaúcho, depois de conquistar o acesso no ano em que completou 100 anos, o clube protagonizou um retorno triunfal no Gauchão 2020 com uma campanha surpreendente. O bom desempenho no estadual culminou com a conquista do sétimo título de Campeão do Interior após 33 anos, e garantiu um 2021 muito próspero com as vagas na Série D do Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil do próximo ano.
O resumo da campanha do heptacampeonato do Interior
Após o acesso em 2019, o Esportivo manteve nove atletas do elenco do ano passado e renovou com o treinador Carlos Moraes, que teve seu segundo desafio na elite do futebol gaúcho em sua carreira. Assim como na Divisão de Acesso, o alviazul apostou em um elenco experiente, com nomes de peso que se tornaram lideranças dentro do grupo, a exemplo do goleiro Renan, ex-Inter.
Além dele, outros atletas agregaram experiência ao plantel, como o zagueiro Luís Eduardo, os volantes Galiardo, Lucas Hulk e Washington, o meia Juninho Tardelli e os atacantes Marcão, Gustavo Sapeka e Flávio Torres. Apesar das contratações, os atletas remanescentes conquistaram espaço no time titular ao longo da campanha, sendo seis jogadores do acesso muito utilizados e, por vezes, decisivos nos confrontos.
O principal objetivo do clube era manter o Esportivo na elite do futebol gaúcho. Além da meta, o desejo de surpreender na competição e alcançar novos patamares também fazia parte dos anseios da direção, da comissão técnica e do grupo de jogadores, mas, num primeiro momento, ficou em segundo plano.
O primeiro turno – Taça Ewaldo Poeta:
No primeiro turno do Gauchão 2020, o Esportivo enfrentou as equipes da sua própria chave - o grupo B. A campanha iniciou com um empate em 1 a 1 com o São José, no Passo D’Areia. No primeiro jogo em casa, em uma partida frenética, o alviazul derrotou o Aimoré por 4 a 3. Nesta partida, o Esportivo teve a importante perda do meia Juninho Tardelli, que vinha sendo um dos destaques da equipe. Posteriormente, o alviazul empatou com o Brasil de Pelotas fora de casa e foi goleado pelo Grêmio por 5 a 0, na Arena.
A dura derrota para o tricolor gerou desconfiança, mas que logo foi afastada com uma vitória por 1 a 0 no Clássico da Polenta contra o Caxias. A equipe de Bento finalizou a Taça Ewaldo Poeta na 3ª colocação com oito pontos, um a menos que o vice-líder Grêmio. O Caxias foi campeão do primeiro turno.
O segundo turno – Taça Francisco Noveletto Neto:
Antes da pandemia, o Esportivo, que no segundo turno enfrentou as equipes do grupo A, conquistou uma vitória sobre o São Luiz por 1 a 0, em casa; foi superado pelo Novo Hamburgo, de virada, longe de seus domínios, por 2 a 1; e superou o Pelotas, em Bento, pelo placar de 2 a 1, com destaque para o gol de Emerson, atleta revelado pela base do clube, que fez a sua estreia como atleta profissional na partida.
A vitória sobre o Pelotas concretizou o principal objetivo do Esportivo para a temporada: a permanência na elite do futebol gaúcho. Até aquele momento, o alviazul contava com a 4ª melhor campanha do campeonato.
O período em meio à pandemia:
Após o Gauchão ser suspenso por conta da pandemia, o grupo de atletas provou que comprou a causa do clube para essa temporada. De forma unânime, os atletas e a comissão técnica aprovaram a redução de 70% da folha salarial para auxiliar o clube a manter a mínima estrutura para o retorno e para ajudar a diminuir os prejuízos financeiros. Neste período, o alviazul perdeu apenas os volantes Washington e Lucas Hulk.
Em abril, o Esportivo surpreendeu a todos ao ser o primeiro clube do Brasil a retomar os treinamentos, ainda quando os números de casos de coronavírus eram pouco significativos no país. Porém, o retorno durou menos de uma semana. Em julho, com a definição da retomada do Gauchão por parte da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), o alviazul voltou aos trabalhos dentro de campo,, completando 20 dias de “intertemporada”.
O retorno do Gauchão:
Sem chances de rebaixamento, que foi anulado neste ano, e se encontrando em uma boa posição na tabela, o Esportivo traçou novas metas: a busca pelo título do Interior e a conquista das vagas às competições nacionais para elevar o clube de patamar.
Apesar do grupo enxuto, o Esportivo manteve atuações consistentes, com destaque para o fator decisivo empregado ao banco de reservas. Com a autorização das cinco substituições, medida imposta pela FIFA, o alviazul encontrou no banco uma ferramenta de reação e decisão que esteve presente em dois dos três últimos jogos do segundo turno.
Diante do Ypiranga, em confronto direto na briga pelo título do Interior, mesmo com um a menos durante toda a segunda etapa, o Esportivo arrancou um empate em 2 a 2 com um golaço do lateral Xaro, que vinha sendo pouco utilizado. Depois, contra o Internacional, no Estádio Montanha dos Vinhedos, o alviazul ficou no empate em 1 a 1, permanecendo invicto em seus domínios na competição estadual.
A conquista do título do Interior depois de 33 anos:
O Esportivo chegou na última rodada da fase classificatória com chances de classificação à próxima fase e dependendo apenas de si para conquistar o título de Campeão do Interior. No entanto, a tarefa era complicada. O Esportivo encarou o Juventude, clube de Série B do Brasileirão, no Alfredo Jaconi, onde a equipe alviazul não vencia há 41 anos.
Entretanto, em uma virada histórica sobre o alviverde pelo placar de 3 a 2, o Esportivo quebrou o tabu na casa do time caxiense e conquistou o título do Interior depois de 33 anos (desde 1987). Além disso, garantiu a classificação à semifinal do turno e conquistou as vagas à Série D e Copa do Brasil de 2021, voltando a garantir participação em competições nacionais após 13 anos.
Na semifinal do segundo turno, novamente enfrentando o Internacional no Gauchão, o Esportivo voltou a pisar no Beira-Rio depois de 18 anos. Com ampla superioridade da equipe colorada, o alviazul foi superado pelo placar de 4 a 0 e foi eliminado da competição.
Números da conquista:
A campanha do título do Interior contou com 11 rodadas, além da partida válida pela semifinal do segundo turno. O Esportivo conquistou cinco vitórias, quatro empates e sofreu apenas três derrotas, totalizando 19 pontos. Ao lado do Grêmio, o alviazul foi o melhor mandante da competição estadual, permanecendo invicto em seus domínios.
Na classificação geral, o Esportivo finalizou a sua participação com a quarta melhor campanha do Gauchão. A equipe de Bento Gonçalves teve o terceiro melhor ataque e a terceira pior defesa da fase classificatória do campeonato. Ao todo foram 16 gols anotados e 21 sofridos. A artilharia do clube ficou por conta dos atacantes Gustavo Sapeka e Flávio Torres, ambos com três gols marcados no Gauchão.
O tamanho do feito do Esportivo em 2020:
Em sua história, o Esportivo havia conquistado seis vezes o título de Campeão do Interior, em sua maioria na década de 1970, que é considerada a fase áurea do alviazul. Em 1987 foi a última vez que o clube havia alcançado o título. Depois de 33 anos, o Esportivo voltou a figurar no hall de campeões do Interior, se tornando “hepta”. O clube bento-gonçalvense está entre os cinco maiores campeões do título do Interior, ao lado do Novo Hamburgo.
Em sua centenária história, o Esportivo possui somente uma única participação na Copa do Brasil. Em 2005, a equipe alcançou a segunda fase, sendo eliminado para o Fluminense, atuando no Maracanã. Além disso, a última vez que o Esportivo disputou uma divisão nacional foi em 2007, ou seja, há 13 anos. Na ocasião, a equipe alviazul participou da Série C do Campeonato Brasileiro, uma vez que, na época, não existia a Série D, na qual o clube está confirmado para 2021.
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