Em qualquer instalação elétrica, o cálculo correto da quantidade de fios e cabos elétricos vai além de uma necessidade técnica: é uma estratégia econômica e sustentável, pois a otimização do uso desses materiais reflete diretamente na redução de custos e na minimização do impacto ambiental.
Erros no cálculo das quantidades de condutores elétricos podem trazer prejuízos e transtornos para a obra. A falta de materiais durante a implementação do projeto elétrico pode significar interrupções no trabalho e atrasos, enquanto o desperdício gerado pelo excesso de fios e cabos representa perda financeira.
Por isso, é essencial que os profissionais da área de elétrica estejam capacitados para executar cálculos precisos, além de alinhar os seus projetos às normas técnicas vigentes.
“Para determinar corretamente a quantidade de cabos elétricos que será necessária para executar a instalação, é preciso ter em mãos o projeto elétrico da residência. Se o quadro elétrico, eletrodutos e caixas já estiverem instalados, o responsável pela instalação deve seguir o projeto e medir, no local, os comprimentos dos eletrodutos nos diversos trechos. Em seguida, deve multiplicar esses comprimentos pela quantidade de condutores em cada trecho, que está indicada no projeto, obtendo assim o comprimento total de cabos a ser utilizado”, explica o professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno, que também é consultor técnico da COBRECOM.
Ele ainda esclarece que, se os componentes ainda não foram instalados, segue-se o mesmo procedimento anterior, com a diferença que as medidas são feitas ‘no papel’, obtidas diretamente do projeto elétrico.
“Se o projeto elétrico foi realizado com o uso de software especializado, o levantamento de todos os materiais elétricos, incluindo os comprimentos dos cabos, já é realizado automaticamente”, completa Hilton Moreno.
Segundo ele, embora não exista uma norma para isso, é recomendável que seja acrescentada uma ‘folga’ nos comprimentos de condutores obtidos pelas medições. Isso porque existem curvas ao longo do caminho que nem sempre são consideradas, além de sobras que devem ser deixadas no interior dos quadros e caixas para facilitar as conexões.
“Um adicional entre 10% e 15% no comprimento medido, seja em obra ou em planta, pode ser considerada uma boa quantidade. Importante lembrar também que, dependendo do projeto ou do critério do instalador, os cabos são divididos em diferentes cores e isso precisa ser considerado na hora de fechar os comprimentos de cada seção nominal e cor”, afirma o consultor técnico da COBRECOM.
Hilton Moreno ainda lembra que o cálculo incorreto pode gerar custos adicionais desnecessários por compras em excesso ou atrasos na obra devido à falta de material.
Dica importante!
O projeto elétrico deve indicar com clareza quais são as seções nominais dos condutores de todos os circuitos. Além disso, o projeto também deve apontar quais são os condutores de fase, neutro e proteção, o que deve ser considerado na escolha das cores dos cabos.
A ABNT NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão determina um padrão de cores dos fios e cabos elétricos que devem ser especificados em qualquer obra: azul claro para o cabo neutro; verde ou verde/amarela para condutor de proteção e as demais cores são para os cabos de fase e retorno.
Utilização de Softwares
É uma grande facilidade para os profissionais que elaboram o projeto de instalações elétricas, pois quase todas as versões possuem uma função que calcula automaticamente o comprimento dos condutores.
Hilton Moreno esclarece que existem diversos softwares disponíveis no mercado brasileiro, como o AltoQi Builder, que automaticamente fazem a contagem da quantidade de cabos e outros materiais necessários para executar a instalação elétrica, sendo que o resultado obtido é bastante condizente com a quantidade real que será utilizada em obra.
Pequenas reformas
O consultor técnico da COBRECOM ressalta que as orientações para o cálculo da quantidade correta de cabos são as mesmas, independentemente do porte da obra.
“Sempre que a quantidade de cabos a ser adquirida é relativamente pequena, como é o caso de pequenas reformas, a compra fracionada (venda por metro) é uma boa alternativa para evitar sobras ao final da obra”, indica Hilton Moreno.
Porém, neste caso da venda fracionada, como geralmente na revenda de material elétrico não há embalagem do produto, para saber se o condutor elétrico é fabricado de acordo com as normas técnicas da ABNT, o consumidor deve verificar a gravação feita sobre o cabo, pois nela devem constar as informações técnicas, como seção nominal e tensão nominal de operação do cabo, além da norma ABNT aplicada ao produto.
Também deve ser procurado na gravação o nome do fabricante, o selo do Inmetro e, junto ao selo, o número de identificação do processo de certificação junto ao órgão.
“A dica mais importante para comprar um cabo normalizado, fracionado ou não, é procurar estabelecimentos comerciais que tenham boa reputação no mercado. E sempre desconfiar de preços muito abaixo do normal, pois, nestes casos, é muito provável que o produto seja não certificado e/ou tenha algum problema não técnico, como venda sem nota fiscal, origem duvidosa das matérias-primas, entre outros”, orienta Hilton Moreno.
O que fazer com possíveis sobras?
As sobras de fios e cabos elétricos podem ser reutilizadas em futuros serviços e obras. Porém, é essencial que sejam armazenadas corretamente, evitando-se exposição das sobras ao sol, calor ou frio excessivo, chuva, umidade e substâncias corrosivas.
“Além disso, deve-se evitar a colocação de pesos exagerados sobre os cabos, para que não amassem, e materiais com pontas ou saliências, para que sejam evitadas perfurações ou outros tipos de danos, principalmente à isolação dos condutores. Também devem ser enrolados sem dobras excessivas que também podem danificar a isolação. Se bem armazenados, podem ser utilizados por muitos anos sem comprometer sua funcionalidade”, conclui Hilton Moreno.