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Profissionais de cargos operacionais têm mais medo de perder o emprego para a IA
Apesar do receio, 65% dos respondentes utilizam a tecnologia no trabalho, com 93% deles afirmando que a ferramenta otimizou em algum grau a sua pro...
20/03/2025 18h10
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Dino

Uma pesquisa realizada pela EDC Group, multinacional focada em consultoria e outsourcing de RH, revela que profissionais que ocupam cargos operacionais expressaram mais receio de que suas profissões sejam substituídas por ferramentas baseadas em Inteligência Artificial Generativa. Segundo o estudo, 16% desses trabalhadores temem a reposição; por outro lado, somente 3,4% dos gestores e líderes compartilham desse medo.

Entre os cargos, auxiliares e assistentes são aqueles que possuem o maior número de indivíduos que temem perder o emprego para a IA Generativa, com 43,10%, seguido do grupo dos analistas, com 39,66%. Também foi possível notar que, conforme o nível hierárquico sobe, o medo dos indivíduos diminui.

“Nosso principal objetivo com a pesquisa é compreender como a sociedade e especialmente os profissionais de diferentes níveis hierárquicos utilizam a IA Generativa e quais são os receios em relação a essa tecnologia. Com esses insights, queremos ajudar as pessoas a entenderem a ferramenta como uma aliada no aumento de produtividade e não como uma ameaça. Ao mesmo tempo, também incentivar empresas a adotarem a tecnologia de forma mais consciente e estratégica, apoiando os colaboradores durante essa transição”, afirma Daniel Campos Neto, CEO da EDC Group.

Curiosamente, apesar do receio, o cargo de analista é o que mais utiliza IA Generativa no trabalho, com 78,05% fazendo uso da ferramenta. Da mesma maneira, apesar de ser a função com mais respondentes que afirmaram não utilizar IA generativa (39,06%), os auxiliares e assistentes foram o grupo que mais notaram um impacto extremamente positivo na produtividade, com 14,84%.

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Segundo o CEO, é compreensível que os cargos mais operacionais tenham maior receio de perder o emprego para a IA, já que essas funções, em sua maioria, envolvem tarefas repetitivas e padronizadas, que são mais suscetíveis à automação.

“No caso da IA Generativa, a percepção de que essas posições estão mais vulneráveis à substituição é ainda mais coerente, pois estamos lidando com uma tecnologia que, além de ter a capacidade de executar essas atividades com maior rapidez e eficiência, também é capaz de realizar algumas tarefas intelectuais, o que a diferencia de inovações anteriores, como a automação industrial, que afetou o trabalho manual”, explica o CEO.

Diferenças no uso da IA Generativa

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Os dados da pesquisa realizada pela EDC Group revelam um cenário de crescimento contínuo da utilização da IA Generativa, apesar de algumas diferenças de como e por quem ela é aplicada. De acordo com o levantamento, 72,50% dos respondentes utilizam ou já utilizaram a solução, sendo, em grande maioria, jovens de 18 a 34 anos (83,08%). Por outro lado, 73,08% das pessoas que não fazem uso da ferramenta possuem mais de 35 anos.

“A maior adoção da IA Generativa entre os jovens está possivelmente relacionada a maior familiaridade desses indivíduos com tecnologias emergentes e sua rápida adaptação. Já as pessoas acima de 35 anos, que muitas vezes ocupam cargos de maior nível hierárquico e menos operacionais, podem demonstrar menor uso por não sentirem a mesma necessidade de automação em suas atividades. Além disso, essa geração cresceu em um ambiente profissional menos digitalizado, o que pode contribuir para uma resistência natural”, explica Campos Neto.

Apesar dos ganhos, otimização total ainda é desafio

De acordo com a pesquisa da EDC Group, 65% dos respondentes utilizam a IA Generativa no trabalho. Quase metade deles (48%) concordam parcialmente que a IA Generativa pode ser extremamente útil para melhorar a eficiência e a qualidade do trabalho. Ao somar com aqueles que concordam totalmente, o número sobre para 69%.

Quando perguntados sobre a otimização da produtividade, 93% dos indivíduos que utilizam a IA Generativa no trabalho confirmaram que a ferramenta otimizou em algum grau a sua produtividade. Para o CEO da EDC, os dados indicam que, mesmo em níveis mínimos, a tecnologia já está contribuindo para melhora da produtividade de muitos profissionais.

“Além disso, quase metade dos respondentes reconhece o potencial da IA para aumentar a eficiência e a qualidade do trabalho”, afirma. “Isso evidencia que, apesar das preocupações, a tecnologia está sendo vista como uma ferramenta poderosa, capaz de transformar rotinas e agregar valor às atividades diárias”.

Entretanto, ainda sobre o nível de otimização na produtividade, a maior parcela dos respondentes afirmou que a melhoria foi relativamente baixa, entre 26% e 50% (29%), e entre 1% e 25% (26%). Enquanto isso, somente 14% disseram que o aprimoramento foi entre 76% e 100%.

“Os resultados reforçam a ideia de que a 'super produtividade' prometida pela IA Generativa ainda não se concretizou para a maioria das pessoas. Isso é natural em estágios iniciais de adoção de novas tecnologias, nos quais as expectativas muitas vezes superam os resultados imediatos. Ainda estamos em um processo de adaptação e é preciso tempo para que as ferramentas sejam plenamente integradas e as equipes desenvolvam as habilidades necessárias para maximizar seu potencial”, explica o CEO.

Um processo inevitável, mas não necessariamente prejudicial

Apesar do grande avanço na utilização da IA, a ferramenta ainda carece de certas características que somente os seres humanos possuem, sendo esse o seu principal desafio.

“Por mais que a ferramenta seja capaz de transformar o mercado de trabalho, ainda existem limites para sua atuação em tarefas que exigem certas características e competências, como empatia, capacidade de trabalhar em grupo e intuição. Ou seja, quem possui as competências que nos diferenciam das máquinas estão mais bem posicionados no mercado de trabalho”, explica o especialista.

Além disso, segundo o CEO, embora muitas pessoas temam ser substituídas, é importante lembrar que a adoção de novas tecnologias historicamente trouxe novas oportunidades, criando funções e o desenvolvimento de qualidades que apenas os humanos podem oferecer.

“O desenvolvimento e implementação de inovações, como a IA Generativa, pode causar apreensão, mas, historicamente, esses avanços têm gerado mais oportunidades do que prejuízos. O desafio é nos adaptarmos, desenvolvendo habilidades complementares que tornem a tecnologia uma aliada e não uma ameaça”, conclui Daniel.