O Esportivo foi um dos poucos clubes do interior gaúcho que tiveram a oportunidade de pisar no templo do futebol. Na única vez em que disputou a Copa do Brasil, a equipe alviazul teve a chance de entrar em campo no Estádio Maracanã, onde lendas do futebol brasileiro desfilaram nas quatro linhas ao longo da história. Nos 70 anos do Estádio Jornalista Mário Filho, o autêntico “Maraca”, completados nesta terça-feira, dia 16, o NB relembra o momento em que o Esportivo disputou uma partida no lendário templo, diante do Fluminense, pela Copa do Brasil de 2005.
Um ano após a inauguração do Estádio Montanha dos Vinhedos, o Esportivo enfrentou a forte equipe do Fluminense pela competição nacional, sua única participação no torneio em 100 anos de história. O alviazul, comandando pelo técnico Paulo Porto, na ocasião, protagonizou dois confrontos parelhos diante do Tricolor das Laranjeiras, que se tornaria posteriormente vice-campeão da Copa do Brasil naquele ano.
O caminho até o confronto no Maracanã:
Com a conquista da Copa RS em 2004, o Esportivo obteve, pela primeira e única vez em 100 anos, a oportunidade de disputar a Copa do Brasil. Na primeira fase, o clube gaúcho passou pelo Londrina. No jogo de ida, o Esportivo goleou os paranaenses pelo placar de 4 a 1, com direito a Hat-Trick do atacante Julinho e com gol de Fernando Rech.
Apesar da considerável vantagem, o jogo de volta foi emocionante e nada tranquilo, como descreve o ex-volante do Esportivo, Sandro Palharini: “Levamos um sufoco lá em Londrina. O Wolnei Caio me é expulso ainda no primeiro tempo. Mas aguentamos a pressão lá no estádio pequeno do Londrina e passamos de fase”, descreve.
Na etapa inicial, o Londrina construiu a vantagem de 2 a 0 no placar. Bastava mais um gol para que o clube do Paraná eliminasse o Esportivo. Na etapa final, mesmo sem o Wolnei Caio no meio de campo, que foi expulso junto com um jogador do time adversário, o alviazul segurou a pressão dos donos da casa e avançou à segunda fase da Copa do Brasil.
Na fase seguinte, o Esportivo se deparou com um adversário complicado pela frente: o Fluminense, comandado pelo treinador Abel Braga, que foi campeão carioca e finalista da Copa do Brasil naquele ano.
No jogo de ida, ocorrido no dia 09 de março e televisionado para todo o Brasil, o Estádio Montanha dos Vinhedos contou com um dos maiores públicos da história do Esportivo. “A Montanha nunca vi tanta gente. Tinha 12 mil pessoas 'brincando'. Saímos perdendo, mas fizemos um jogo bom, e nosso time era muito bom. Tínhamos um 3-5-2 espetacular, bem treinado”, comenta Sandro, que entrou na partida no segundo tempo.
O Fluminense saiu na frente do placar com gol de pênalti de Gabriel, aos 22 minutos. O Esportivo reagiu e, aos 41 minutos, em cobrança de falta de Marco Antônio, a bola passou por toda extensão da área e morreu no fundo das redes, 1 a 1. Na etapa derradeira, Gabriel colocou novamente o time carioca na frente do placar, aos 19 minutos.
No último lance do jogo, Evilásio teve a chance de empatar a partida e deixar o jogo em aberto para o confronto de volta, mas desperdiçou a oportunidade. Evilásio, que havia entrado no segundo tempo, recebeu livre, conseguiu driblar o goleiro na entrada da grande área, mas, ao finalizar, bateu desequilibrado, chutando a bola na trave.
O jogo no templo do futebol
No jogo de volta, que ocorreu no dia 17 de março, o Esportivo necessitava vencer por 2 a 0 para eliminar o Tricolor das Laranjeiras. “Todo mundo estava animado, com a expectativa de poder pisar no Maracanã. Claro que alguns já haviam jogado lá, mas para alguns jogadores era a primeira vez, então imagine o frio na barriga de poder jogar no templo do futebol. Precisávamos vencer por 2 a 0, sabíamos que ia ser muito complicado conseguir esse marcador”, ressalta o ex-meio-campista do Esportivo Wolnei Caio, que já havia atuado por diversas vezes no Maracanã quando atuava pelo Botafogo.
O volante Sandro Palharini, que também já pisara no Maracanã quando era jogador do Fluminense, afirma que o técnico Paulo Porto modificou o estilo de jogo do Esportivo para enfrentar a forte equipe carioca. “Nosso time era bem ofensivo, só que no campo do Maracanã as dimensões eram grandes. O que o Paulo Porto combinou conosco era posicionamento e jogar no erro deles, pois tínhamos qualidade. Não jogávamos assim, era uma recomendação diferente: o Caio, o Fernando e o Julinho rodar na frente, e o resto do pessoal marcar para ter um jogo parelho e daqui a pouco surpreender”, explica.
Para o confronto, Paulo Porto colocou em campo Gottardi; Ronaldo Bagé, Jal e Filipe; Tito, Sandro Palharini, Ivanildo, Wolnei Caio (Maicon) e Edinho (Marcos Santos); Julinho (Marco Antônio) e Fernando Rech. O Fluminense, do técnico Abel Braga, enfrentou o alviazul com Kléber; Fabiano Eller, Antônio Carlos, Gabriel, Arouca e Juan; Maicon (Alan), Juninho Arcanjo, Marcão (Rodolfo Soares) e Alex Terra (Marquinho); Leandro.
A qualidade da equipe carioca se mostrou notável durante o confronto, no entanto o Esportivo conseguiu frear o poderio ofensivo adversário e também criar oportunidades através da bola parada. “O primeiro tempo deu 0 a 0, bem disputado, um pouco de sufoco para nós, mas conseguimos umas faltas na frente da área e tivemos algumas chances. Jogamos bem fechados, e chegando nos contra-ataques”, relata Sandro.
Na etapa final, o Esportivo voltou com uma postura mais agressiva. No entanto, o Fluminense dfez valer a sua superioridade e abriu o placar com gol de Marquinho, aos 29 minutos. “Perdemos de 1 a 0, mas ficou uma impressão muito boa, de um time super organizado”, ressalta o ex-volante alviazul.
Apesar de inúmeras vezes ter pisado no Maracanã, Wolnei Caio ressalta que o confronto vestindo as cores alviazuis foi especial na sua carreira, sobretudo por ter participado de um feito histórico para o Clube Esportivo. “Foi um feito inédito. O Esportivo nunca tinha jogado no Maracanã. Fomos para o segundo jogo sabendo que seria difícil passar, mas acho que marcou na história o Esportivo jogar no templo, que é o sonho de todo mundo jogar no Maracanã, que tem uma grande história e é onde muitos jogadores pisaram lá como lendas do nosso futebol”, ressalta.
Dias antes do jogo diante do Esportivo, o Fluminense havia goleado o Botafogo por 4 a 0, pelo Campeonato Carioca. Depois de passar pelo clube de Bento Gonçalves, o time carioca eliminou o Grêmio, nas oitavas de final, sem grandes dificuldades, com duas vitórias contundentes sobre o tricolor porto-alegrense. Após passar pelo Treze e pelo Ceará, o Fluminense foi superado pelo Paulista-SP na decisão da Copa do Brasil, ficando com o vice do torneio.
Apesar das derrotas em ambos os confrontos diante do Fluminense, Wolnei Caio salienta que o Esportivo conseguiu deixar uma boa imagem do clube alviazul após a eliminação. “Perdemos de 1 a 0, mas não fizemos feio em nenhum dos dois jogos. Pela estrutura do Fluminense, o nome que tem o clube, e o Esportivo pela primeira vez pisando no Maracanã, acho que não fizemos feio, jogamos de igual para igual”, pondera o ex-atleta do Esportivo.
Ficha técnica das partidas:
ESPORTIVO 1 x 2 FLUMINENSE - Copa do Brasil 2005
Data: Quarta-feira, 09/03/2005
Local: Estádio Montanha dos Vinhedos
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Gols: Gabriel (21 min 1T), Marco Antônio (41 min 1T), Gabriel (19 min 2T).
ESPORTIVO: Bosco; Felipe Machado, Tito, Paulo Cesar (Sandro Palharini), Ronaldo Bagé; Ivanildo, Edinho (Evilásio), Marco Antônio (Macos Santos); Jal, Fernando Rech, Julinho. Técnico: Paulo Porto.
FLUMINENSE: Kléber; Fabiano Eller, Antônio Carlos, Gabriel, Marcão, Juan; Diego Souza, Juninho Arcanjo (Maicon), Arouca, Rodrigo Tiuí (Alex Terra), Leandro (Marquinho). Técnico: Abel Braga.
FLUMINENSE 1 x 0 ESPORTIVO - Copa do Brasil 2005
Data: Quinta-feira, 17/03/2005
Local: Estádio Maracanã-RJ
Árbitro: Elvécio Zequetto
Gol: Marquinho (29 min 2T).
FLUMINENSE: Kléber; Fabiano Eller, Antônio Carlos, Gabriel, Arouca, Juan; Maicon (Alan), Juninho Arcanjo, Marcão (Rodolfo Soares), Alex Terra (Marquinho), Leandro. Técnico: Abel Braga.
ESPORTIVO: campo Gottardi; Ronaldo Bagé, Jal e Filipe; Tito, Sandro Palharini, Ivanildo, Wolnei Caio (Maicon) e Edinho (Marcos Santos); Julinho (Marco Antônio) e Fernando Rech. Técnico: Paulo Porto.
Mín. 17° Máx. 27°