Economia Negócios
Giuliana Morrone aponta desafio crucial do cooperativismo
Cooperativas brasileiras movimentam R$ 692 bilhões e geram mais de 550 mil empregos, mas ainda enfrentam barreiras para ampliar sua influência: par...
27/02/2025 17h29
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Dino

O Ano Internacional das Cooperativas, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), coloca em evidência a relevância do cooperativismo no desenvolvimento sustentável. No Brasil, segundo a edição mais recente do Anuário do Cooperativismo, o setor reúne 23 milhões de cooperados e emprega mais de 550 mil pessoas, movimentando R$ 692 bilhões em um ano.

Mesmo com um impacto econômico bilionário, o cooperativismo ainda enfrenta desafios para consolidar sua imagem no mercado e na sociedade, avalia Giuliana Morrone. Com mais de 30 anos de experiência como âncora e comentarista, a jornalista redirecionou sua carreira e hoje é especialista no estudo das práticas ambientais, sociais e de governança (ESG). Autora do livro Mitos e Verdades sobre o ESG (Editora Planeta), ela aponta que a comunicação das cooperativas precisa evoluir para que o setor amplie seu protagonismo.

"O cooperativismo já lidera muitas práticas sustentáveis, mas ainda precisa fortalecer sua narrativa. O setor tem todas as credenciais para ser um modelo de economia regenerativa, mas não pode deixar de comunicar isso com clareza", ressalta Morrone.

ESG já é parte do cooperativismo, mas precisa ser melhor comunicado

A relação entre cooperativismo e ESG não é recente. Na visão da especialista, os princípios do setor já garantem a integração entre sustentabilidade, inclusão e desempenho financeiro, sem que esses conceitos precisem ser introduzidos como um diferencial de mercado.

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"Quando falamos em sustentabilidade, diversidade e inclusão, um grande equívoco é não atrelar essas questões à performance financeira. No cooperativismo, isso não acontece, porque seus princípios já incluem o interesse pela comunidade, a gestão democrática, a educação e a participação econômica", explica Morrone.

Agronegócio cooperativista avança em sustentabilidade

O Anuário do Cooperativismo, publicado em 2024, aponta que o cooperativismo agropecuário desempenha um papel estratégico na economia nacional, reunindo 1.179 cooperativas e mais de 1 milhão de produtores cooperados, responsáveis pela geração de 257 mil empregos diretos. A publicação também destaca a relevância econômica do setor, que movimenta R$ 274 bilhões em ativos e registra ingressos superiores a R$ 423 bilhões, consolidando-se como um dos motores do agronegócio brasileiro.

Para Giuliana Morrone, além da força econômica, as cooperativas agropecuárias também estão na vanguarda da inovação sustentável. Segundo ela, o setor já lidera iniciativas importantes, mas precisa comunicar seus avanços de forma mais eficaz para ampliar sua influência.

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"As cooperativas já lideram esse movimento. São inúmeros os exemplos de iniciativas voltadas para energias renováveis, eficiência no uso de insumos e reaproveitamento de resíduos. Mas, para que esse modelo seja amplamente reconhecido, é fundamental comunicar esses avanços com mais clareza", argumenta Morrone.

Reconhecimento e futuro do cooperativismo

Com o reconhecimento internacional do cooperativismo em 2025, a expectativa é que o setor amplie sua influência nas discussões globais sobre desenvolvimento sustentável. Para Morrone, este é um momento estratégico para consolidar a imagem do cooperativismo não apenas como uma alternativa viável, mas como um modelo essencial para o futuro da economia.

"O cooperativismo não precisa provar que é sustentável. O desafio agora é garantir que essa mensagem alcance toda a economia e influencie decisões estratégicas além do setor cooperativista”, conclui.