A rede municipal de ensino de Bento Gonçalves enfrenta uma crise significativa devido à falta de professores, monitores e auxiliares de Educação Infantil, situação que tem gerado preocupação entre pais, alunos e profissionais da educação. A escassez de pessoal não apenas compromete a qualidade do ensino, mas também sobrecarrega os funcionários remanescentes e provoca tensões nas comunidades escolares.
A insuficiência de profissionais tem levado a um aumento significativo do estresse entre os funcionários que permanecem em atividade, sobrecarregados com a demanda excessiva. Além disso, diretoras das escolas relatam ser alvo de reclamações e até agressões verbais por parte de pais frustrados com a situação. A qualidade da educação oferecida às crianças também está em risco, com interrupções nas atividades pedagógicas e falta de continuidade no aprendizado.
Diversas famílias e também servidores têm relatado dificuldades operacionais em função da carência de profissionais. Exemplos incluem:
Escola Primeiros Passos: Com quatro turmas de Jardim, a escola dispõe de apenas duas professoras. O ideal seria contar com dez profissionais, mas apenas quatro estão previstas para atuar este ano. Como resultado, as crianças frequentam as aulas em dias alternados.
Escola Toque de Carinho: A sala destinada ao berçário permanece fechada devido à ausência de profissionais qualificados.
Escola Santa Fé: Os alunos estão sendo liberados ao meio-dia, obrigando os pais a buscá-los mais cedo, pois não há pessoal suficiente para o atendimento no turno da tarde.
Posicionamento do Sindiserp
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindiserp) denuncia que, dos 162 candidatos aprovados no último concurso público, apenas 23 foram convocados até o momento. A presidente do Sindiserp, Neilene Lunelli, destaca que a reposição de servidores concursados é uma demanda constante do sindicato. Ela alerta que projetos da prefeitura que propõem a retirada de benefícios dos servidores podem agravar ainda mais a situação, dificultando a atração e retenção de profissionais qualificados. Documentos contrários às mudanças são encaminhados para diferentes instâncias, como a Câmara de Vereadores, o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Neilene destaca ainda a falta de diálogo do prefeito Diogo Siqueira. "Desde o mês de janeiro estamos tentando uma audiência com o prefeito e ele não nos recebe", destaca a presidente.
Resposta da Prefeitura
Em resposta às críticas, a Secretaria Municipal de Educação (SMED) informa que está ciente da alta demanda por vagas, atribuída ao crescimento populacional e à procura contínua por matrículas ao longo do ano. Para atender a essa necessidade, foram abertas 15 novas turmas em relação ao ano anterior. A secretária de Educação, Andreza Peruzzo, afirma que processos seletivos estão em andamento para a contratação de novos profissionais, incluindo um concurso público realizado em fevereiro para professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental e auxiliares educacionais. A homologação dos aprovados está pendente, e a expectativa é de que 199 auxiliares iniciem suas atividades a partir de 20 de fevereiro. A administração municipal reconhece a elevada rotatividade nas funções de monitoria e assistência infantil e espera que, com os novos contratos e concursos, essa demanda seja suprida com maior brevidade.
A situação exige soluções urgentes e eficazes para garantir o pleno funcionamento das escolas municipais e assegurar uma educação de qualidade para todas as crianças de Bento Gonçalves.