Está difícil contratar e reter funcionários. É o que relatam mais de 57% das empresas de comércio, serviços, indústria e construção consultadas por uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), vinculado à Faculdade Getúlio Vargas (FGV). A maior barreira para fechar uma contratação é não encontrar mão de obra qualificada, alegam cerca de 64,9% dos negócios ouvidos. Além disso, 9,4% dos respondentes indicam que o maior problema é pagar os salários demandados pelo mercado.
Em relação ao impacto desse cenário na entrega dos produtos ou serviços, 17,5% das empresas registraram atraso e 21,5% notaram um aumento nas horas trabalhadas, visando conseguir atender toda a demanda.
Liane Sanerip, CEO da Enterpriserh (empresa especializada em capital humano), avalia que a dificuldade apresentada pela pesquisa do IBRE é resultado de uma série de fatores. “Destaco a tendência de um pensamento muito difundido especialmente entre as gerações Z e Alpha: a de que existe um ‘emprego dos sonhos’ pronto, que precisa ser encontrado", afirma, fazendo referência à rotatividade de funcionários. “Mas o que muitos não se dão conta é que o emprego dos sonhos não é encontrado e, sim, construído”, acrescenta.
“Ao contrário do que se pensa, gestores valorizam opiniões de colaboradores sérios e comprometidos, o que faz com que contribuam para o seu próprio bem na empresa, construindo assim um ambiente colaborativo e desejado. Isso tudo é construído, não se encontra "pronto". Com a estabilidade, se adquire autoridade”, complementa Sanerip.
Ainda de acordo com a pesquisa do IBRE, quando questionadas sobre as estratégias que estão sendo adotadas para enfrentar a dificuldade de retenção e contratação de funcionários, 44% das empresas afirmaram investir em capacitação interna, 32% ampliaram beneficios, 14% aumentaram os salários e 10,5% terceirizaram o recrutamento.
Nesse contexto, como CEO de uma empresa que presta serviços de recrutamento e seleção a outros negócios, Sanerip afirma que os dados apontados pela pesquisa são sentidos na prática. Segundo ela, muitas companhias procuram auxílio diante dessa forte preocupação. “Em conversas com gestores e CEOs essa dificuldade é apresentada em todos os setores”, afirma.
“Isso nos motivou a desenvolver um material a fim de auxiliar os ingressantes, que são os estagiários e aprendizes da geração alfa, com dicas de boas práticas corporativas. Assim que são aprovados no processo seletivo, recebem um a um, diretamente do selecionador, um material de orientação sobre perfil comportamental, pontualidade, correto uso do tempo, correto uso dos equipamentos, construção de carreira e construção de um bom clima organizacional, para que possam ter acesso a essas informações, que farão a diferença se aplicados desde cedo em sua carreira”, detalha.
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que, do total de pedidos de demissões feitos em 2024, 30% vieram de jovens na faixa etária de 18 a 24 anos, registrando um aumento de 15% na comparação com 2023. Tal dado reflete a mudança de comportamento das gerações mais novas.
Para Liane, isso pode ser revertido através de capacitações internas, relações saudáveis, éticas e honestas dentro do ambiente de trabalho. “Contar com bons gestores e colaboradores é essencial e, além de características pessoais, investir em treinamentos para aprimorar técnicas e aprender a lidar com desafios se torna um diferencial”, explica. “Através do esforço e interesse mútuo para que a relação dê certo, é possível superar os desafios para contratação e retenção”, finaliza.
Para saber mais, basta acessar: https://enterpriserh.com.br/