Uma operação da Polícia Federal, realizada na madrugada do domingo, 2 de fevereiro, resultou no resgate de nove trabalhadores em Flores da Cunha, na Serra Gaúcha. O grupo, formado por oito argentinos e um brasileiro, foi encontrado em uma propriedade rural em condições análogas à escravidão, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego. O dono da propriedade, que é produtor rural, foi preso em flagrante.
O resgate foi articulado após denúncias feitas à Brigada Militar (BM), que identificou a exploração dos trabalhadores na colheita da uva. O empregador, que também atuava como intermediador de mão de obra, foi preso em flagrante e encaminhado à Delegacia de Polícia Federal de Caxias do Sul.
Os homens, com idades entre 19 e 29 anos, foram atraídos com a promessa de pagamentos semanais, alimentação e alojamento. No entanto, ao iniciarem o trabalho, perceberam que o valor pago por quilo de uva colhida era inferior ao combinado. Além disso, o pagamento semanal, que deveria ser realizado aos sábados, não foi efetuado por duas semanas consecutivas. O alojamento oferecido estava em condições precárias, e a alimentação só era disponibilizada se cumprissem integralmente a jornada de trabalho.
O empregador, agora sob custódia da Polícia Federal, terá que quitar os salários e as multas rescisórias dos trabalhadores nesta terça-feira, 4 de fevereiro. Já os resgatados receberam suporte da assistência social de Flores da Cunha, que providenciou alojamento e auxílio até que possam retornar para seus países de origem ou regularizar sua situação de trabalho.
Esse é o segundo caso de resgate de trabalhadores na safra da uva em menos de uma semana na Serra Gaúcha. No último dia 28 de janeiro, outros quatro argentinos foram resgatados em situação semelhante no município de São Marcos.
A exploração de mão de obra na colheita da uva tem sido alvo de investigações das autoridades, que intensificam as ações para coibir o trabalho análogo à escravidão na região. Denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Disque 100, canal do Ministério dos Direitos Humanos, ou diretamente à Polícia Federal e ao Ministério do Trabalho.