Neste domingo, dia 2 de fevereiro, as águas do Rio Grande do Sul se enchem de devoção e tradição. Em uma celebração que une as raízes afro-brasileiras e a fé católica, Iemanjá e sua representação na Igreja Católica, Nossa Senhora dos Navegantes, são homenageadas com grande entusiasmo e respeito, cada uma em seu estilo e tradição.
Para os devotos das tradições afro-brasileiras, Iemanjá é a poderosa deusa do mar, venerada como protetora, mãe e fonte de fertilidade. Nas margens de rios e em praias, os fiéis realizam procissões, oferendas e rituais que remontam às origens africanas, carregando a essência de uma fé que celebra a força da natureza e a ancestralidade. No Rio Grande do Sul, mesmo longe da costa, a devoção a Iemanjá ganha força em comunidades que adaptam os rituais, utilizando cursos d’água locais para suas celebrações, com cânticos, danças e uma atmosfera de comunhão e respeito pela natureza.
A maior força do sincretismo religioso à Iemanjá está construído no município de Cidreira, no Litoral Norte Gaucha, onde o santuário recebe milhares de pessoas. Inaugurada em 2016, a imagem de 8m30cm, foi esculpida em cimento a 600 metros da orla. A construção da estátua de Iemanjá foi uma tentativa da prefeitura de resgatar o turismo religioso que, em décadas anteriores, destacou o balneário no calendário do Estado. Também era uma solicitação antiga dos umbandistas, que anualmente vão a Cidreira fazer as oferendas à Rainha do Mar, em 2 de fevereiro.
Na tradição católica, a figura de Nossa Senhora dos Navegantes é vista como a representação de Iemanjá. Especialmente em Porto Alegre, as procissões que percorrem o Rio Guaíba reúnem fiéis que acendem velas e entoam orações, em busca de proteção e orientação para os navegantes e todos que dependem das águas. Essas celebrações mesclam elementos da devoção mariana com a simbologia do mar, destacando a importância da fé para a proteção e a salvação daqueles que se aventuram pelos caminhos aquáticos.
A coincidência das celebrações neste dia evidencia o sincretismo religioso que é uma marca registrada do Brasil. Embora os rituais de Iemanjá e Nossa Senhora dos Navegantes tenham origens e manifestações distintas, ambos simbolizam a força protetora das águas e a importância da conexão entre o divino e a natureza. No Rio Grande do Sul, essa convivência se manifesta em eventos que promovem o diálogo entre diferentes tradições, enriquecendo o cenário cultural e espiritual da região.
Em Porto Alegre e em outras cidades gaúchas, as homenagens se destacam pela criatividade e fervor:
A homenagem a Iemanjá e a celebração de Nossa Senhora dos Navegantes no dia 2 de fevereiro refletem a riqueza do patrimônio cultural e religioso no Rio Grande do Sul. Ao unir as tradições afro-brasileiras e católicas, a data reafirma o valor do sincretismo e da convivência pacífica entre diferentes formas de fé. Seja por meio das vibrantes procissões rituais ou das emocionantes celebrações aquáticas, a devoção às divindades que protegem as águas continua a inspirar e a fortalecer os laços entre comunidade, cultura e espiritualidade.
Essa data é um convite para que todos reflitam sobre a importância da fé e do respeito mútuo, celebrando a diversidade que torna a nossa cultura tão singular e vibrante.