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Prefeito Diogo volta à carga para tirar poder deliberativo do Compahc
Projeto foi enviado para a Câmara de Vereadores, e vai tirar poder de decisão do conselho em obras ligadas ao patrimônio histórico do município.
08/01/2025 11h51 Atualizada há 1 dia
Por: Marcelo Dargelio
Projeto, que deve ser aprovado na Câmara, colocará em risco o patrimônio histórico da cidade - Foto: Reprodução/Especial

O prefeito Diogo Siqueira está se demonstrando determinado a fazer mudanças radicais para facilitar a liberação de obras e construções em Bento Gonçalves. O chefe do Executivo traz à tona novamente a medida para tirar o poder de deliberação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc). O projeto foi enviado para aprovação na Câmara de Vereadores

A proposta transforma o órgão de consultivo e deliberativo para exclusivamente consultivo, com o objetivo de facilitar a aprovação de obras em áreas com prédios históricos. A mudança está gerando debate entre especialistas e representantes da sociedade civil. Em 2022, a mesma manobra tinha sido articulada através do vereador suplente Anderson Zanella (Progressistas), hoje presidente da Câmara de Vereadores. Na época, o parlamentar apresentou o projeto, que foi aprovado pelos vereadores e sancionado pelo prefeito Diogo Siqueira. Posteriormente, o Tribunal de Justiça do Estado (TJRS) declarou inconstitucional a lei municipal aprovada na Câmara, através de projeto do vereador Anderson Zanella, e posteriormente sancionada pelo prefeito Diogo Siqueira. A decisão foi unânime por parte dos embargadores, acatando a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) impetrada pela Procuradoria-Geral do Estado. Por isso, agora, o próprio prefeito está enviando o projeto, a fim de garantir que a mudança seja aprovada, mesmo que haja desgaste de sua imagem perante a comunidade.

O que é o Compahc e o que muda com a proposta?

O Compahc, criado pela Lei Municipal nº 4.445/2008, tem como função proteger o patrimônio histórico e cultural do município. Atualmente, o conselho pode deliberar sobre temas como o tombamento de bens e intervenções em áreas protegidas. Com a nova proposta, suas decisões terão apenas caráter opinativo, cabendo ao Executivo Municipal a palavra final.

As principais mudanças incluem a alteração do artigo 2º da lei original, que define o caráter do conselho. Os incisos II, IV e IX do artigo 3º também serão modificados, restringindo o papel do Compahc à emissão de pareceres e sugestões.

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Por que o projeto foi apresentado?

De acordo com a justificativa enviada pelo prefeito, a alteração é necessária para reduzir subjetividades nas decisões do conselho, que teriam gerado entraves em projetos de desenvolvimento urbano. O texto destaca que o modelo proposto segue a mesma diretriz do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que também atua de forma consultiva, conforme o Decreto 11.670/2023.

Outro ponto ressaltado pela Prefeitura é que os imóveis já tombados ou listados como de interesse histórico no Plano Diretor continuarão protegidos, assegurando que não haja prejuízo ao patrimônio cultural.

Impacto no patrimônio histórico

Críticos da proposta alertam que a mudança pode enfraquecer a preservação do patrimônio histórico, já que a retirada do caráter deliberativo do conselho limita o poder de decisão da sociedade civil. Setores culturais argumentam que o Compahc é uma ferramenta essencial para barrar projetos que possam comprometer o legado arquitetônico e histórico de Bento Gonçalves.

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Por outro lado, representantes do setor empresarial avaliam que a medida trará maior agilidade para aprovar obras e fomentar o desenvolvimento urbano, especialmente em regiões estratégicas.

O que acontece agora?

O projeto será debatido pela Câmara Municipal nas próximas semanas. Vereadores da oposição indicaram que podem propor emendas para fortalecer a proteção ao patrimônio histórico, enquanto a base governista defende a necessidade de modernização nas regras de deliberação.

Caso aprovado, a mudança exigirá ajustes no regimento interno do Compahc. A Prefeitura reafirma que o conselho continuará sendo uma peça importante no assessoramento de políticas públicas relacionadas ao patrimônio cultural.