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Esportivo comemora um ano do retorno à elite do Gauchão

Após amargar cinco anos na Divisão de Acesso, o Esportivo concretizou o seu retorno à elite em 2019, no ano do seu centenário, após passar pelo Guarani, de Venâncio Aires, na semifinal. Relembre:

12/05/2020 às 21h12 Atualizada em 26/05/2020 às 00h46
Por: Marcelo Dargelio Fonte: NB Notícias
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Kévin Sganzerla
Kévin Sganzerla

No dia 12 de maio de 2019, cerca de seis mil torcedores compareceram ao Estádio Montanha dos Vinhedos para empurrar o Esportivo na decisão valendo o acesso à primeira divisão. A equipe alviazul contava com a vantagem obtida no jogo de ida, após a vitória contra o Guarani, de Venâncio Aires, por 2 a 1. Com praticamente um pé na elite desde o início do jogo por conta da vantagem, Nunes, aos 24 minutos do segundo tempo, tratou de colocar o outro. O gol dos visitantes nos acréscimos não foi o suficiente para que o torcedor tirasse o grito que estava entalado na garganta: “o tivo voltou”. 

Com um elenco experiente, o Esportivo alcançou o acesso à elite no ano do seu centenário de forma impecável. Na primeira fase, a equipe comandada por Carlos Moraes terminou na liderança do grupo com 25 pontos e com a melhor campanha da Divisão de Acesso. Nas quartas de final, diante do Lajeadense, o Esportivo venceu fora de casa por 2 a 1 e, no jogo de volta, após estar perdendo por 2 a 1 até os 43 minutos da etapa final, Nena, de cabeça, colocou a equipe alviazul na semifinal. 

No confronto diante do Guarani, em Venâncio Aires, um verdadeiro dilúvio caiu sobre o Estádio Edmundo Feix. Em um gramado muito encharcado, a bola pouco rolava no gramado. Os donos da casa abriram o placar, mas, com gols de Athos e Jonas, o Esportivo conseguiu reverter a situação e voltou para casa com a vantagem na bagagem. 

No jogo de volta, com a presença de um dos maiores públicos do Estádio Montanha dos Vinhedos na década, o Esportivo ficou na igualdade em 1 a 1 com o Guarani-VA, o que decretou o retorno do clube à elite do futebol gaúcho após cinco anos na Divisão de Acesso, maior período desde que o alviazul havia subido pela primeira vez na década de 1960. 


O Esportivo finalizou a campanha na Divisão de Acesso com nove vitórias, seis empates e cinco derrotas, ficando com o vice-campeonato após ser derrotado na final para o Ypiranga de Erechim. O centroavante Zulu foi o artilheiro da equipe com seis gols anotados. 

O goleiro Jonatas, de 40 anos, o zagueiro Cleiton, de 37, o meia Athos, de 39, e o centroavante Zulu, de 35 anos, além de serem peças fundamentais dentro de campo, demonstraram sua importância também por meio da liderança. E foram nos momentos decisivos que se provou que a experiência do elenco fez significativa diferença para que o clube alcançasse o tão almejado acesso à elite do futebol gaúcho. 

“Tínhamos a convicção que havíamos sido contratados para aquele momento”, explica Jonatas, sobre o jogo de volta das quartas de final

Em um dos momentos emblemáticos do acesso, o jogo de volta das quartas de final diante do Lajeadense ficou marcado pela tensão que se criou. No jogo de ida, o Esportivo havia conquistado uma vitória por 2 a 1. No confronto em Bento Gonçalves, o Lajeadense foi para o vestiário no intervalo do jogo com a vantagem por 2 a 1 no placar. 

Neste momento de tensão, o goleiro Jonatas Cunegatto afirma que a experiência e a unificação se mostraram fundamentais. “O Cleiton nos reuniu dentro de campo e falou que é para aquele momento que tínhamos sido contratados. Era um momento de adversidade, quando a equipe do Lajeadense estava jogando bem, estava ganhando o jogo dentro da nossa casa, em um jogo decisivo. Mas sabíamos que tínhamos convicção que nós tínhamos sido contratados para aquele momento, quando o emocional valeria muito nas tomadas de decisões. Aquilo fez com que percebêssemos que a experiência fez a diferença. Com certeza a unificação do grupo foi fundamental para o acesso”, relata. 


“Tivemos que nos superar tecnicamente”, ressalta Zulu, sobre o jogo de ida da semifinal

A chuva havia alagado o gramado do Estádio Edmundo Feix. A bola pouco rolava e o barro tomava conta do campo, principalmente próximo às grandes áreas. As circunstâncias tornaram aquele jogo especial para os atletas do Esportivo, que provaram naquela ocasião que a experiência mais uma vez entrou em campo para ajudar. 

“Estavam dizendo que nosso time era de velho, que não íamos aguentar. Deu uma baita chuva, o campo ficou todo barrado, mas com a experiência e a maturidade do nosso elenco conseguimos adaptar o jogo rapidamente e conseguimos a virada, fazendo uma grande partida e jogando os 90 minutos intensamente”, explica Athos. 

As dificuldades impostas pelas condições climáticas no jogo obrigaram uma maior entrega dos atletas alviazuis que, mesmo saindo atrás do marcador, conseguiram virar o jogo e voltar para Bento Gonçalves com a vantagem. “Nossa equipe era muito técnica, tivemos que nos superar tecnicamente, entender o jogo para poder sair com um bom resultado. A experiência de vários atletas, por terem passado por jogos daquele tipo ajudou muito. No final deu tudo certo e conseguimos uma vitória que nos deu a vantagem para o jogo da volta”, salienta Zulu. 


O jogo de volta coroou a campanha quase que impecável do Esportivo na Divisão de Acesso, comemorando o retorno ao lado de cerca de seis mil pessoas nas arquibancadas. “Quando entramos em campo para saldar o torcedor, vimos aquela multidão de gente dentro da Montanha dos Vinhedos, foi um momento marcante”, salienta Jonatas. 

“O que se mostrou fundamental foi a ligação que se criou entre diretoria, jogadores e torcedores”, comenta o meia Athos. 

Não foi apenas a experiência que fundamentou os motivos que auxiliaram em colocar o Esportivo de volta à elite do futebol gaúcho. Para o meia Athos, o engajamento do torcedor e o apoio da direção também fortaleceram o grupo e, sobretudo, o desejo de alcançar o tão sonhado acesso no ano do centenário do clube. 

Para Athos, a sintonia que se criou ao longo da campanha e o comprometimento de todos foram aspectos fundamentais para que esse capítulo da história do Esportivo terminasse com um final feliz. “O que se mostrou fundamental foi a ligação que se criou entre diretoria, jogadores e torcedores. Foi uma sintonia maravilhosa, perfeita. A diretoria escolheu a dedo cada jogador, com a sua importância, a sua característica, escolheu a dedo os líderes do grupo, atletas comprometidos, primeiramente consigo mesmos, com a profissão, e com o clube”, comenta. 


O zagueiro Cleiton, atual capitão da equipe, da mesma forma afirma que o comprometimento com a causa do clube se sobressaiu como um aspecto decisivo. “Foi o comprometimento de todos com a causa, diretoria, torcedores, jogadores, comissão técnica, funcionários do clube, imprensa, todos foram comprometidos. Tínhamos uma equipe muito experiente, mas jogadores comprometidos realmente com a profissão, com o clube”, complementa. 

“Subir o Esportivo no ano do centenário é o especial do especial”, explica Jonatas

Para todos esses líderes que o Esportivo contou em 2019, o acesso com o Esportivo foi tido como um momento único, mas que se tornou ainda mais especial por ter sido no ano em que o clube completou cem anos de existência. Os atletas que foram convocados para essa missão não só colocaram o clube de volta à elite, como também marcaram seus nomes em uma página especial na história do Esportivo. 

Segundo o goleiro alviazul, o alto investimento e a pressão pelo acesso após cinco anos amargando o segundo escalão estadual não foram tratados como um peso, mas sim como uma motivação. “Subir o Esportivo em qualquer situação teria muito significado, por tudo que representa a nível estadual, toda a tradição que o Esportivo tem. Agora subir o Esportivo no ano do Centenário é o especial do especial”, ressalta. 

Para o centroavante Zulu, que já possuía uma história expressiva no clube, principalmente pela sua passagem marcante em 2007, o acesso com o Esportivo só fortaleceu mais ainda o seu vínculo com o alviazul de Bento. “Tive três passagens pelo ‘tivo’, vendo hoje mais friamente, uma melhor que a outra. Você passar pelo clube e as pessoas lembrarem de você por um título ou acesso não tem preço. Já não é fácil conseguir o tão sonhado objetivo, agora você imagina no centenário do clube. Realizações, sonhos que foram concretizados que valeram a pena todo aquele sacrifício, eu faria tudo de novo”, explica Zulu.

O zagueiro Cleiton, por sua vez, ressalta que o acesso significou longevidade. “Uma conquista sempre traz novos horizontes, novas perspectivas e expectativas, e para mim isso significa longevidade na carreira. Poder participar deste clube que é centenário, haja visto que conseguimos o acesso no ano do centenário, foi mais uma marca importante. O clube tem tudo, pelas pessoas que o administra e conduz o clube, de realizar grandes conquistas”, comenta. 


O acesso também provocou modificações na vida de alguns atletas, não só na carreira, mas também na vida pessoal. Jonatas e Cleiton, que seguem atuando no Esportivo, e Athos, que está no Veranópolis, hoje são moradores de Bento Gonçalves e criaram um vínculo significativo com o município. 

O meia Athos conta com uma história ainda mais profunda com a cidade, pelo fato de sua família ter nascido e fixado residência no município. Agora, também morador de Bento, o meio-campista está com um projeto social encaminhado, o qual deverá auxiliar crianças carentes do município através do esporte. “Significou muita coisa para mim. Primeiro por voltar a Bento Gonçalves, terra da minha vó, dos meus tios, da minha mãe, nunca imaginaria jogar em Bento. Lembro quando o Zanella (presidente) me ligou, surgiu algo no meu coração de marcar uma história ali pela história que a minha família já tinha na cidade e tem até hoje”, comenta. 

Assim como Athos, o goleiro Jonatas também criou raízes na cidade e, mais que isso, deixou sua marca através de um ato de empatia ao auxiliar na construção dos leitos para pacientes com coronavírus em Bento. “Conseguimos criar uma identidade com Bento Gonçalves, com o clube, pelo qual tenho muito carinho, gosto de estar dentro do clube, me sinto muito bem aqui, tenho muita consideração aos que organizam e organizaram o clube naquela época. Tudo isso se somou para dar a devida importância que foi esse acesso. Daqui trinta ou quarenta anos, quando estiver brincando com meus netos, vou lembrar desse momento que foi marcante 2019 com o acesso no ano do centenário do Esportivo”, salienta Jonatas.

O grupo de atletas e comissão técnica:

Primeira fileira, de cima para baixo: Gullithi, Zulu, Bruno Ordovás, Bovi, Filipi, Jonathan, Jonatas, Bruno Quadros, Tiago Cortes, Douglão, Rodolfo, Jonas e Douglas Kemmer;

Fileira do meio: Vinícius Martins, Diogo, Adriano Chuva, Renan Moreira (Supervisor), Emerson Böhm (Preparador de Goleiros), Fernando Cardozo (Diretor de Futebol), Carlos Moraes (Técnico), Gustavo Corrêa (Preparador Físico), Márcio Ebert (Auxiliar Técnico), Douglas Tedesco (Fisioterapeuta), Nena, Tony Júnior e Diego Torres;

Sentados: Adrian, Alisson, Renan Silva, Eduardinho, Nunes, Xaro, Athos, Robert, Jackson, Ismael, Vini Santos, Cleiton e Laerte (Massagista)

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