Nesta quarta-feira, 20 de novembro, é comemorado o Dia da Consciência Negra. A data, a partir deste ano, passou a ser considerada feriado nacional. Os representantes do Movimento Negro Raízes, Marcus Flávio Ribeiro e Solana Corrêa, escreveram um artigo falando sobre a passagem da data. Confira abaixo.
Chegamos a mais um 20 de novembro ‘Dia da Consciência Negra’, e neste ano de 2024 em especial, sendo o primeiro feriado nacional, em referência e reverência a Zumbi dos Palmares, símbolo maior de resistência e da luta dos negros contra a escravidão. Muito mais do que mais um feriado, continua sendo um momento de reflexão, na relação com o povo negro, na busca da dita ‘igualdade ou equidade’ étnica social, tão discutida e em alguns momentos mais duvidosa do que efetiva.
O Dia da Consciência Negra deve ser celebrado como todas as culturas e tradições, para que de fato seja reconhecida a rica contribuição do povo negro para a sociedade como um todo. Esta construção étnica ainda passa pela retirada do ‘invisível’ de negros e negras. Infelizmente ainda é comum a ausência de pessoas pretas em determinados espaços ou eventos.
Ainda é comum não termos negros e negras em postos de destaque, tanto no setor público, bem como setor no privado, considerando raras
exceções, sendo que há pretos e pretas com a mesma capacidade equiparada a pessoas brancas. Ainda é comum termos episódios de racismo e
preconceito, serem ‘banalizados’, e muitas vezes travestidos por ‘piadas e brincadeiras’, que há muito já não tem graça nenhuma, e quando o racista é flagrado em situações preconceituosas, a primeira frase universal que este usa é: “eu tenho até amigos negros, tenho parentes
negros...”.
O racista não tem vergonha de ser racista, mas sim de ser flagrado em ato racista. É chegado o tempo de pessoas pretas, deixarem de ser lembradas ou exaltadas somente em novembro, e mesmo quando o Dia da Consciência é referenciado, este recebe críticas questionando a
necessidade desta data. A consciência negra, sempre será necessária enquanto a consciência humana for racista, preconceituosa e intolerante.
É chegado o tempo do branco ao negro se darem as mãos e se unirem em uma só voz, e caminharem juntos em uma única direção tendo no horizonte uma sociedade de fato justa, igualitária e livre de qualquer preconceito.
Sou negro, sou índio, e branco também. Sou força e vida na Luz que me vem.
Sou ave e canto, suave e febril. Sou riso e pranto no chão do Brasil.
Que jamais os nossos filhos e filhas, negros e negras, sejam impedidos de seus sonhos por conta da sua cor de pele.
Movimento Negro Raízes
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