O setor produtivo brasileiro está apreensivo. A situação de confinamento social para arrefecer o ímpeto da contaminação pelo covid-19 fechou parte das indústrias e do comércio e desacelerou o consumo. Enquanto isso, financiamentos, folha de pagamento e contas a pagar deixam temorosos empreendedores de todos os portes quanto à saúde de seus negócios.
Não é preciso, no entanto, esperar o fim da pandemia para agir, pois a retomada será gradual, adverte o consultor Adelgides Stefenon, também integrante da diretoria do CIC-BG. “As empresas estão preparadas para reiniciar. Não estavam para parar. Portanto, não dá para esperar para quando reiniciar. Já devem estar cuidando dos clientes, dos colaboradores, dos fornecedores, da sociedade e do fluxo de caixa agora!”, orienta.
O mundo pós-coronavírus será outro. O Brasil anunciou a previsão de um PIB de 0,02%, ou seja, apenas estável, sem crescimento. O PIB global também vem sofrendo reestudos, e um dos mais recentes, de 23 de março, apontou recuou de 1,5%. “Os verdadeiros líderes nas nações terão que propor medidas econômicas de grande impacto social e empresarial. Essa situação vai gerar momentos tensos em que lideranças empresariais, sociais e políticas terão que se unir e seguir um verdadeiro pacto pelo Brasil”, diz Stefenon.
Ainda que as empresas estejam preparadas para a retomada, há uma outra preocupação: “quando os clientes voltarão a comprar?”, questiona. “Acredito que o mundo demorará de dois a três anos para recuperar essa que pode ser a maior crise do mundo moderno depois de 1929”.
O que as empresas podem fazer
Antes de qualquer coisa, é preciso agir com calma. A ansiedade pode ser a pior conselheira
1) estabelecer um canal de comunicação direto com os clientes e administrar, uma a uma, as insolvências que existirão, propondo ações de parceria para solução;
2) garantir aos colaboradores o pagamento do salário de março e que tudo será feito para garantir o emprego para gerar estabilidade e engajamento;
3) controlar todos os custos fixos e segurar os investimentos futuros até a situação estar mais clara;
4) analisar o fluxo de caixa atual e futuro para, se necessário, negociar com fornecedores prazos mais longos de pagamento. Mas somente se necessário. Sair correndo já pedindo extensão de prazo não ajuda agora;
5) ter já um plano de contingência traçado onde se possa incluir possíveis financiamentos incentivados (governo federal, por exemplo, via BNDES com carência de 2 anos), fortalecendo ao máximo o caixa, se possível;
6) decisões dia a dia pois as coisas estão mudando muito rapidamente.
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