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Atacante de Bento fala sobre a nova rotina diante da pandemia em Portugal

Confinamento rigoroso e colaboração da população tornaram o país uma exceção em meio a uma explosão de casos na Europa. Fabrício Dutra, atleta do Valadares Maia, comenta sobre as mudanças de sua rotina em meio à pandemia do novo coronavírus.

09/04/2020 às 01h31 Atualizada em 27/04/2020 às 12h11
Por: Marcelo Dargelio Fonte: NB Notícias
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Ao contrário de países próximos como Espanha, Alemanha, Itália e França, Portugal se tornou uma exceção diante da pandemia do novo coronavírus na Europa. Apesar da curva do número de casos e mortos permanecer subindo, os números registrados no país são consideravelmente baixos em relação aos países citados. O atacante bento-gonçalvense, Fabrício Dutra, de 21 anos, que está há sete meses atuando em Portugal pelo Valadares Gaia, da terceira divisão, enfatizou a rigorosidade do confinamento e a disciplina do povo português, que cumpre a rigor as recomendações impostas pelo governo. 

Situação da pandemia no país

Nesta terça-feira, dia 08, Portugal registrou o segundo dia com maior número de mortes por coronavírus. Ao todo, o país possui 13.141 casos confirmados, 380 óbitos e 196 pessoas curadas, segundo números da Direção-Geral da Saúde de Portugal. Nas últimas 24 horas, foram registradas 35 mortes. A faixa etária mais atingida no país é a de 40 a 49 anos.

A título de comparação, na Espanha, que faz fronteira com Portugal, o número de casos ultrapassa os 148 mil e já foram registradas mais de 14 mil mortes, 747 apenas nas últimas 24 horas, número que ultrapassa o total de óbitos em Portugal. Apesar da diferença populacional dos países, Portugal possui 37 mortes a cada 1 milhão de habitantes, enquanto que a Espanha conta com 316 mortes nesta mesma proporção. 

Confinamento rigoroso e disciplina 

O governo português está em estado de emergência desde o dia 19 de março, implantando de forma ágil o confinamento da população. Nesta semana, com vistas à comemoração da Páscoa, houve um endurecimento quanto às medidas de confinamento, com a prorrogação do estado de emergência por mais 15 dias, o fechamento de aeroportos até o dia 13 de abril, e a proibição de deslocamentos entre “concelhos” (cidades). 

Neste cenário, Portugal adotou a estratégia de realizar testes em massa à população. Já foram mais de 130 mil testes efetuados desde o dia 1º de março.  Além disso, o governo promoveu duas linhas de apoio, no valor total de 55 milhões de euros, destinadas para empresas que desejam converter a produção para materiais necessários no combate à pandemia ou que já o fazem. No total, o país já anunciou mais de 9 bilhões de euros em prol do combate ao novo coronavírus. 

O atacante de Bento Gonçalves, Fabrício Dutra, que iniciou sua trajetória na base Esportivo, está em sua primeira temporada atuando na Europa. O atleta atua no Valadares Gaia, da pequena cidade de Valadares, antiga freguesia (distrito) de Vila Nova de Gaia, da região do Porto, no norte do país. A região é uma das mais afetadas pela pandemia, com 551 casos confirmados em Vila Nova de Gaia, enquanto que no Porto, cidade próxima de Valadares, já conta com 730 casos. 


Diante da rigorosidade do confinamento, Fabrício afirma que o povo português se mostrou bastante disciplinado para cumprir as determinações do governo. “Todo mundo está em suas casas. O povo aqui está bem centrado nisso, respeitando muito bem, até porque se você não tem uma boa justificativa para estar na rua, a polícia vem e te aplica uma multa, então estão todos em casa e respeitando muito bem essa questão. Todos estão em alerta, principalmente aqui na região, que é uma das mais afetadas em Portugal. Estamos nos cuidando bastante aqui”, explica. 

A disciplina descrita pelo atacante é salientada, inclusive, pela fala do primeiro-ministro português, António Costa: "O comportamento dos portugueses, com raríssimas exceções, têm sido exemplar na autocontenção, na autodisciplina, quer das normas de afastamento social, quer de isolamento domiciliário»", comentou. em seu discurso na última sexta-feira. 

Mudanças na rotina de treinamentos:

Devido ao confinamento, Fabrício, que mora junto com outros três atletas em uma casa fornecida pelo clube, teve a sua rotina de treinos interrompida. “Mudou bastante, pois antes tínhamos uma rotina intensa e agora estamos só em casa. Estamos acatando o que o clube e a comissão técnica estão nos dizendo, então ficamos em casa e evitamos sair, no máximo ir ao mercado comprar o que é necessário, e nada de passeios”, comenta. 

Segundo o atleta, o clube está repassando aos atletas trabalhos para serem realizados em casa para manter o condicionamento físico. “Desde quando paramos o clube mandou uma planilha de treinos, de segunda a sábado, para a gente manter. Estamos seguindo essa rotina e estamos mantendo a nossa forma em casa do jeito que podemos. O clube nos passou diversas recomendações”, ressalta. 

Experiência no futebol português

O Valadares Gaia é um clube que possui menos de oito anos de existência, e que atua no Campeonato de Portugal, equivalente à terceira divisão do futebol português. Segundo Fabrício, nos primeiros meses a adaptação foi complicada, mas com a ajuda dos demais brasileiros no elenco, o atacante se firmou na equipe. “Estou há sete meses aqui e está sendo uma experiência muito boa. A questão do campeonato aqui é muito forte, muito agressivo, é um futebol mais intenso do que o nosso, então isso para mim, no início, foi um pouco difícil, mas já estou adaptado a forma de jogo. Encontrei muitos brasileiros aqui na equipe que me ajudaram bastante, e isso facilitou”, comenta. 

Antes de rumar para o futebol português, Fabrício havia atuado por clubes como Grêmio Sub-20, Metropolitano e Inter de Santa Maria, além do Esportivo, clube o qual o lançou ao futebol profissional em 2018. 

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