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Debate aponta importância de atendimento para parentes de desaparecidos
O apoio às famílias de desaparecidos no âmbito da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas foi tema do debate promovido pela Comissão de...
31/10/2024 18h13
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Senado

O apoio às famílias de desaparecidos no âmbito da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas foi tema do debate promovido pela Comissão de Segurança Pública (CSP) nesta quinta-feira (31). As debatedoras ouvidas pelo colegiado salientaram as dificuldades enfrentadas pelos familiares de desaparecidos e a necessidade de que essas pessoas atendimento psicossocial.

Essa audiência foi a quarta do ciclo de debates que atende a requerimento ( REQ 21/2024-CSP ) da senadora Damares Alves (Republicanos-DF). O objetivo é subsidiar a avaliação da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas ( Lei 13.812, de 2019 ).

Damares Alves presidiu a reunião desta quinta-feira.

Atendimento psicossocial

Sandra Peu, representante da Associação Brasileira de Psiquiatria, chamou atenção para a quantidade de fatores que levam ao desaparecimento de pessoas e cobrou esforço pela prevenção dessas ocorrências. Ela lamentou a escassez de dados estatísticos sobre desaparecimentos e destacou o forte impacto, em vários aspectos, nas famílias dos desaparecidos.

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— Vamos pensar no tratamento dessas pessoas não simplesmente no cuidado de saúde mental e física, mas também em relação aos recursos de subsistência necessários durante o período de busca. Essas estratégias devem ser levantadas a curto, médio e longo prazos.

Sandra Peu apontou que nos anos recentes houve uma redução no número de estabelecimentos de saúde para tratamento psicossocial e, ao mesmo tempo, verifica-se o aumento do número de famílias com parentes desaparecidos que apresentam estresse pós-traumático, transtornos de humor e ansiedade.

— Muitas vezes uma pessoa desaparecida é dada como morta mais adiante. Você tem o documento, mas o documento não adianta para aquela mãe, não adianta para aquele filho que não consegue velar o corpo, não consegue enterrar, não consegue uma resolução emocional para aquela perda.

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Polícia científica

Andressa Boer Fronza, representante do Conselho Nacional dos Dirigentes de Polícia Científica, avalia que os profissionais da segurança pública têm um compromisso de prover dignidade e respeito às famílias das vítimas. Ela destacou as ações promovidas pelo Comitê Gestor da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, como a coleta de DNA de parentes de desaparecidos e o registro de dados biométricos e genéticos de pessoas de identidade desconhecida que estão em instituições de longa permanência.

— Já são atividades realizadas de forma rotineira pelas polícias científicas, mas na campanha temos esseplusde conseguir trazer mais agilidade e mais servidores para que a gente traga mais respostas.

A senadora Damares Alves manifestou apoio à autonomia constitucional da polícia científica e cobrou mais recursos para a atividade.

Comitê Gestor

Bruna Martins Costa, coordenadora do Comitê Gestor da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, sublinhou o avanço da interação entre os ministérios da Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social nesse comitê. Segundo ela, o resultado desse esforço desfaz a visão geral do desaparecimento como uma questão exclusiva de segurança pública.

— A política nacional mostra justamente o contrário: há uma série de outros fatores envolvendo atendimento em saúde e assistência social que garantam que os familiares tenham acompanhamento digno nesse processo de tanta dor.

Bruna Martins Costa também citou as demandas levadas à Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre desaparecimentos forçados e apontou a inação do Estado brasileiro em apurar esses casos. Ela destacou que há casos muito antigos, e afirmou que, quanto mais o Brasil demorar a apresentar respostas, mais aumentará o desgaste internacional do país.

Falta de consideração

No início da audiência, Damares Alves alertou para a ausência de muitos convidados, situação que ela atribuiu à falta de consideração de alguns órgãos por essa política pública. A senadora lembrou que a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas está em vigor desde 2019 e prevê o atendimento psicossocial às famílias. Ela relatou, no entanto, que os órgãos públicos de saúde que não levaram representantes à audiência justificaram a ausência afirmando que o tema ainda não foi pautado nos grupos de trabalho correlatos.

— O desaparecimento de uma pessoa causa inúmeros problemas para a família. O que nós temos: mães em profunda depressão (...), pais em desespero, temos ocorrência de suicídio, temos filhos em desespero — ressaltou ela.

Diligências

Damares anunciou a realização de diligência externa da Comissão de Segurança Pública no Pará, em 6 e 7 de novembro, para acompanhar as ações implementadas pelo governo desse estado para a busca e a localização de pessoas desaparecidas. Ela avalia que as diligências são importantes para se entender as dificuldades que os estados enfrentam para a aplicação das políticas públicas correlatas.

Outras diligências estão previstas para Santa Catarina e Distrito Federal — e mais diligências poderão ser agendadas conforme o entendimento da comissão colegiado.