Um dos países mais visados por ataques cibernéticos, o Brasil poderá criar uma estrutura de governança e compartilhamento de informações contra essas ameaças. A ideia tem ganhado força nos debates da Subcomissão Permanente de Defesa Cibernética. Na quarta-feira (30), o colegiado ouviu o comandante de Defesa Cibernética do Exército, o general de Divisão do Exército Alan Denilson Lima Costa. O militar defendeu mais investimento e modernização da infraestrutura nacional no setor e citou exemplos de outros países que estão implantando órgãos de governança para enfrentar esse novo desafio trazido pelo avanço das tecnologias.
A subcomissão poderá sugerir, até o final do ano, a criação de um órgão de governança para o setor. O presidente do colegiado, senador Esperidião Amin (PP-SC), ressaltou a crescente necessidade dessa agência.
— Nós temos que apresentar uma sugestão de posicionamento a respeito da necessidade, ou não, de criarmos uma agência de defesa cibernética. Eu acho que está se consolidando a constatação da absoluta necessidade desta criação — disse o presidente da subcomissão, senador Esperidião Amin (PP-SC).
Durante o debate, o general Costa destacou que as capacidades militares estão disponíveis para operações cibernéticas em todo o país e mencionou colaborações com o setor privado e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR).
— Não faz sentido termos uma capacidade tão qualificada e só empregarmos nas operações militares. Ela está pronta para ser empregada sempre que estivermos necessitando ou surgir uma situação de crise. E, também, como instrumento da nossa política externa, contribuindo para a estabilidade regional e também para a segurança e a paz mundial.
Em resposta ao senador Fernando Dueire (MDB-PE), que questionou sobre a necessidade de recursos e a criação de uma agência, o general afirmou que, apesar dos avanços, a área de segurança cibernética carece de investimentos, especialmente diante dos desafios trazidos pela inteligência artificial (IA) e novas tecnologias. O militar ressaltou a urgência de modernizar a infraestrutura nacional; caso contrário, os esforços serão apenas paliativos, disse.
— Outros países estão avançando nessa direção de criar uma estrutura de governança que permita enfrentar esse desafio: um centro, um órgão, uma agência que tenha a capacidade de conduzir essa governança. Temos que investir na modernização da nossa infraestrutura. Talvez seja o grande investimento a ser feito. Senão estaremos sempre tratando de controlar danos.
De acordo com o levantamento Panorama de Ameaças para a América Latina 2024, o Brasil é o segundo país com mais ataques cibernéticos no mundo. Com mais de 700 milhões de tentativas registradas em 12 meses (o equivalente a 1.379 por minuto), o país fica atrás apenas dos Estados Unidos.
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