A Escola Maria Borges Frota, conhecida popularmente como CAIC, no bairro Zatt em Bento Gonçalves, está no centro de uma polêmica após denúncias de pais e funcionários sobre maus-tratos e exclusão de alunos, especialmente crianças autistas. O caso veio à tona após a exclusão de alguns alunos de um passeio ao cinema da cidade, gerando revolta entre os responsáveis. As crianças excluídas teriam sido selecionadas sob o critério de "não incomodar" a direção. A Prefeitura Municipal respondeu apenas que a Secretaria Municipal de Educação (SMED) está verificando os fatos.
Conforme mensagens trocadas entre a escola e uma das mães, a justificativa para a exclusão foi o "barulho alto" do cinema, o que levou a direção a optar por não levar crianças autistas. No entanto, alguns pais, como o da menina Lavínia, afirmaram que suas filhas não têm problemas com o volume alto. A escola então ofereceu uma "sessão de cinema na escola", o que aumentou a indignação. Além disso, os pais denunciam que crianças de orgiem haitiana e outras crianças que não têm deficiência também foram excluídas do passeio. Em virtude da repercussão negativa, que explodiu nesta quinta-feira, 17 de outubro, a escola cancelou o passeio.
Maus-tratos e Negligência
A situação se agravou quando outras denúncias surgiram. Segundo relatos de um pai, sua filha de 6 anos teve o cabelo cortado e o braço perfurado dentro da sala de aula. Tudo teria sido assistido pela professora e nenhuma providência foi tomada. "Minha esposa enviou comunicado para a escola via Whatsapp. Eles visualizaram e nem responderam. É um descaso total", comenta ele.
O homem revela que seu filho de 11 anos, que também estuda na escola, passou mal nesta quarta-feira, 16, e foi mandado embora pela direção sem que nenhum responsável fosse avisado. "Ele chegou chorando em casa, reclamando de dores na nuca. Não ficamos sabendo de nada do que tinha acontecido", destacou o pai.
Outras mães denunciam descasos, mas têm medo de se identificar, por medo de represálias a seus filhos. Elas apontam que professoras e monitoras estariam mais preocupadas com seus celulares do que com o cuidado das crianças, permitindo agressões entre os alunos. Elas informam que as crianças que estão no Jardim e são mais agitadas, são colocadas sozinhas em uma sala, em uma espécie de castigo.
Funcionárias intimidadas
Além dos pais, a revolta também atinge funcionárias da escola. Segundo elas, as colegas que tentaram denunciar as situações enfrentam represálias. As servidoras relatam que quem se manifesta sobre o tratamento inadequado das crianças é ameaçado com remanejamento ou até mesmo colocado à disposição da Smed.
A reportagem do NB Notícias* entrou em contato com a Prefeitura de Bento Gonçalves, que informou apenas que a Smed está verificando os fatos. Até o momento, não houve nenhum posicionamento oficial detalhado sobre as medidas que serão tomadas.
A situação da Escola CAIC ilustra uma grave falha no cuidado e acompanhamento das crianças, além de expor a vulnerabilidade dos alunos que, em muitos casos, são vítimas de exclusão e negligência dentro do ambiente escolar.