Em meio a um exponencial crescimento no número de casos do novo coronavírus na França e na Alemanha, a Bélgica, que faz divisa com esses dois países, também foi afetada pela pandemia que assola o velho continente. O atleta bento-gonçalvense, Andrei Camargo, do KSV Roeselare, clube que se situa a cerca de 120 quilômetros da capital Bruxelas, vive no país belga desde 2010, e teve sua rotina totalmente modificada nos últimos dias, assim como praticamente toda a população da Europa, que segue em estado de alerta devido à pandemia.
Em 2020, o meia Andrei Camargo completa 10 anos atuando no futebol belga, possuindo passagens por clubes como Tubize, Mons, Lierse e Roeselare, no qual já soma duas temporadas defendendo a equipe da região dos Flanders. Na atual temporada, o atleta de Bento anotou quatro gols pela 2ª divisão do futebol belga. No entanto, a sua rotina de treinamentos foi completamente interrompida pelas medidas impostas pelo governo em prol da luta contra a pandemia que atingiu a Europa.
De acordo com o último boletim divulgado pelas autoridades, a Bélgica possui 4.269 casos confirmados e 122 mortes, sendo 34 só nas últimas 24 horas. Com o aumento significativo no número de vítimas, o país ultrapassou a Alemanha na proporção do total de mortes a cada um milhão de habitantes, porém segue em situação melhor que os vizinhos Luxemburgo, Holanda e França neste quesito, segundo dados da Wordometer.
De acordo com Andrei, o país decretou confinamento há mais de uma semana, com diversas restrições e medidas pesadas para possíveis infratores. “Quinta-feira da semana passada tivemos uma primeira conferência de imprensa com a primeira-ministra, a qual ela havia fechado alguns estabelecimentos, bares, restaurantes, com a intuição de segurar o máximo de pessoas em casa. Alguns dias depois ela fechou praticamente tudo e deixou só os supermercados, farmácias abertas e outros serviços abertos”, explica.
No entanto, uma das recomendações diferenciais impostas é que o próprio governo incentiva a população a praticar atividades físicas ao ar livre, desde que seja mantido o distanciamento entre as pessoas e evite aglomerações. “As pessoas estão em casa. Eu e minha esposa estamos em casa. Podemos sair em, no máximo, duas pessoas, para fazer esportes, correr, caminhar, ou comprar alguma coisa, mas a partir do momento que são mais de duas pessoas a polícia intervém e há multas. Estão todos em casa tentando diminuir esse risco de contaminação”, comenta o bento-gonçalvense.
Assim como relatou o zagueiro bento-gonçalvense Andrei Girotto, atleta do Nantes, da França, na Bélgica também é necessário um comprovante que possibilite as pessoas saírem de suas residências para trabalhar nos serviços essenciais. Nos supermercados e nas farmácias, por exemplo, há uma expressiva rigorosidade no controle de pessoas que entram nos estabelecimentos. “Estão recomendando sair de casa só para coisas necessárias. Na última sexta-feira fui à fruteira e estava vazia. Tinha duas ou três pessoas dentro. Tive que esperar uma sair para poder então entrar. Eles estão limitando ao máximo o número de pessoas por metro quadrado, e agora o povo está começando a entender a gravidade da situação”, ressalta Andrei.
O atleta de Bento, de 32 anos, começou sua carreira em 2005, no Clube Esportivo. Logo no início de sua trajetória Andrei foi atuar na Itália, porém logo rumou para a República Tcheca, onde obteve nacionalidade tcheca. O jogador possui cerca de 15 temporadas atuando no futebol europeu.
Assim como no restante do mundo, as competições esportivas estão paralisadas. Apesar disso, o bento-gonçalvense segue treinando em casa para manter a forma. Tanto o futebol profissional como o amador, que também é gerido pela Federação Belga de Futebol, tiveram suas partidas suspensas. “Recebemos um plano, um programa de treinamento, que é feito em casa. Trabalhos aeróbicos, de fortalecimento, todo dia tem um programa para fazer. Nós vamos mantendo a forma deste jeito”, comenta.
Ao observar a situação em países como Itália e Espanha, Andrei salienta que as preocupações pelos danos causados pela pandemia na economia ou em outras questões devem ser deixadas de lado, uma vez que o combate ao novo coronavírus deve ser prioridade. “Na semana passada liguei para amigos e familiares para adiantar a situação. Ninguém pensou que ia chegar aqui, mas quando chegou, veio muito forte. É preocupante a situação e espero que todos estejam com a consciência que tem que ficar em casa e se cuidar para diminuir o risco de contágio. A condição da saúde aqui é muito boa, mas os hospitais estão com medo do futuro como vai ser, pois cada dia o número de casos aumenta e o número de espaços nos hospitais diminui. Tem que levar essa situação a sério”, ressalta o bento-gonçalvense.
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