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Com Europa em alerta, atleta de Bento descreve situação da pandemia na Bélgica

Andrei Camargo, jogador do KSV Roeselare, comenta sobre rotina no país que registrou, nas últimas 24 horas, 34 mortes, totalizando 122 vítimas e 4.269 casos confirmados do novo coronavírus.

24/03/2020 às 23h07 Atualizada em 03/04/2020 às 22h21
Por: Marcelo Dargelio Fonte: NB Notícias
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BELGA PHOTO KURT DESPLENTER
BELGA PHOTO KURT DESPLENTER

Em meio a um exponencial crescimento no número de casos do novo coronavírus na França e na Alemanha, a Bélgica, que faz divisa com esses dois países, também foi afetada pela pandemia que assola o velho continente. O atleta bento-gonçalvense, Andrei Camargo, do KSV Roeselare, clube que se situa a cerca de 120 quilômetros da capital Bruxelas, vive no país belga desde 2010, e teve sua rotina totalmente modificada nos últimos dias, assim como praticamente toda a população da Europa, que segue em estado de alerta devido à pandemia. 

Em 2020, o meia Andrei Camargo completa 10 anos atuando no futebol belga, possuindo passagens por clubes como Tubize, Mons, Lierse e Roeselare, no qual já soma duas temporadas defendendo a equipe da região dos Flanders. Na atual temporada, o atleta de Bento anotou quatro gols pela 2ª divisão do futebol belga. No entanto, a sua rotina de treinamentos foi completamente interrompida pelas medidas impostas pelo governo em prol da luta contra a pandemia que atingiu a Europa. 

De acordo com o último boletim divulgado pelas autoridades, a Bélgica possui 4.269 casos confirmados e 122 mortes, sendo 34 só nas últimas 24 horas. Com o aumento significativo no número de vítimas, o país ultrapassou a Alemanha na proporção do total de mortes a cada um milhão de habitantes, porém segue em situação melhor que os vizinhos Luxemburgo, Holanda e França neste quesito, segundo dados da Wordometer. 

De acordo com Andrei, o país decretou confinamento há mais de uma semana, com diversas restrições e medidas pesadas para possíveis infratores. “Quinta-feira da semana passada tivemos uma primeira conferência de imprensa com a primeira-ministra, a qual ela havia fechado alguns estabelecimentos, bares, restaurantes, com a intuição de segurar o máximo de pessoas em casa. Alguns dias depois ela fechou praticamente tudo e deixou só os supermercados, farmácias abertas e outros serviços abertos”, explica. 

No entanto, uma das recomendações diferenciais impostas é que o próprio governo incentiva a população a praticar atividades físicas ao ar livre, desde que seja mantido o distanciamento entre as pessoas e evite aglomerações. “As pessoas estão em casa. Eu e minha esposa estamos em casa. Podemos sair em, no máximo, duas pessoas, para fazer esportes, correr, caminhar, ou comprar alguma coisa, mas a partir do momento que são mais de duas pessoas a polícia intervém e há multas. Estão todos em casa tentando diminuir esse risco de contaminação”, comenta o bento-gonçalvense. 

Assim como relatou o zagueiro bento-gonçalvense Andrei Girotto, atleta do Nantes, da França, na Bélgica também é necessário um comprovante que possibilite as pessoas saírem de suas residências para trabalhar nos serviços essenciais. Nos supermercados e nas farmácias, por exemplo, há uma expressiva rigorosidade no controle de pessoas que entram nos estabelecimentos. “Estão recomendando sair de casa só para coisas necessárias. Na última sexta-feira fui à fruteira e estava vazia. Tinha duas ou três pessoas dentro. Tive que esperar uma sair para poder então entrar. Eles estão limitando ao máximo o número de pessoas por metro quadrado, e agora o povo está começando a entender a gravidade da situação”, ressalta Andrei. 


O atleta de Bento, de 32 anos, começou sua carreira em 2005, no Clube Esportivo. Logo no início de sua trajetória Andrei foi atuar na Itália, porém logo rumou para a República Tcheca, onde obteve nacionalidade tcheca. O jogador possui cerca de 15 temporadas atuando no futebol europeu.

Assim como no restante do mundo, as competições esportivas estão paralisadas. Apesar disso, o bento-gonçalvense segue treinando em casa para manter a forma. Tanto o futebol profissional como o amador, que também é gerido pela Federação Belga de Futebol, tiveram suas partidas suspensas. “Recebemos um plano, um programa de treinamento, que é feito em casa. Trabalhos aeróbicos, de fortalecimento, todo dia tem um programa para fazer. Nós vamos mantendo a forma deste jeito”, comenta. 

Ao observar a situação em países como Itália e Espanha, Andrei salienta que as preocupações pelos danos causados pela pandemia na economia ou em outras questões devem ser deixadas de lado, uma vez que o combate ao novo coronavírus deve ser prioridade. “Na semana passada liguei para amigos e familiares para adiantar a situação. Ninguém pensou que ia chegar aqui, mas quando chegou, veio muito forte. É preocupante a situação e espero que todos estejam com a consciência que tem que ficar em casa e se cuidar para diminuir o risco de contágio. A condição da saúde aqui é muito boa, mas os hospitais estão com medo do futuro como vai ser, pois cada dia o número de casos aumenta e o número de espaços nos hospitais diminui. Tem que levar essa situação a sério”, ressalta o bento-gonçalvense. 

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