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Polícia prende sócio de laboratório responsável por infecções por HIV em pacientes
Agentes cumprem quatro mandados de prisão na manhã desta segunda-feira, 14, atrás dos responsáveis.
14/10/2024 09h05 Atualizada há 1 mês
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Brasil
Walter Vieira foi preso na operação nesta segunda-feira, 14 - Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Policiais civis do Rio de Janeiro fazem, nesta segunda-feira, 14 de outubro, uma operação para apurar a suspeita da emissão de laudos falsos feitos pelo laboratório PCS Saleme. Ele é investigado pela responsabilidade no transplante de órgãos infectados por HIV em seis pessoas. Agentes do Departamento Geral de Polícia Especializada cumprem hoje 11 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão no Rio de Janeiro e Nova Iguaçu, onde o laboratório está sediado.

A ação da Delegacia do Consumidorr (Decon), batizada de Verum, visa a cumprir, ao todo, quatro mandados de prisão e 11 de busca e apreensão em Nova Iguaçu e na capital. De acordo com o governo do estado, um dos sócios do laboratório, Walter Vieira, foi preso na ação desta segunda-feira. As investigações indicam que os laudos foram falsificados por um grupo criminoso e usados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro. Isso levou os pacientes a serem contaminados. Um deles morreu — as causas do óbito ainda estão sendo apuradas.

Também foi preso Ivanildo Fernandes dos Santos. Ivanildo, segundo as investigações, seria um dos responsáveis técnicos pelos laudos. Ele, que foi preso usando uma roupa de enfermagem, presta depoimento na Decon. Ao chegar no local, Ivanildo não quis falar com a imprensa e riu ao ser questionado sobre os crimes. Já Cleber de Oliveira Santos, outro alvo de mandado de prisão, estaria atuando no protocolo dos exames junto com Ivanildo. O filho de Walter, Matheus Vieira, que é sócio do laboratório, não está entre os presos, mas foi conduzido pela polícia e também presta depoimento.

O laboratório tinha contrato assinado com a Fundação Saúde, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde, para realizar exames de análises clínicas e de anatomia patológica em todas as unidades da rede. O contrato foi assinado em dezembro de 2023, mas foi suspenso pela secretaria após a divulgação de informações sobre a contaminação de pacientes transplantados. O valor do contrato era de R$ 11 milhões

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Falsificação

A Delegacia do Consumidor também investiga se o laboratório falsificou laudos em outros casos. “Determinei imediatamente a instauração de inquérito, atendendo determinação do governador para que os fatos fossem investigados com maior rigor e rapidez. Conseguimos elementos para representar pelas cautelares junto à Justiça em tempo recorde, para que os culpados sejam punidos com a maior celeridade”, afirmou o secretário estadual de Polícia Civil, Felipe Curi, por meio de nota.

Em nota divulgada na última sexta-feira (11), o laboratório informou que abriu sindicância interna para apurar as responsabilidades do caso envolvendo diagnósticos de HIV em pacientes transplantados ocorridos no Estado do Rio. "Trata-se de um episódio sem precedentes na história da empresa, que atua no mercado desde 1969", informa nota.