Três entre os carros mais lendários nas décadas de 80 e 90 são VW Gol, Chevrolet Kadett e, obviamente, o Ford Escort. O modelo foi um verdadeiro sucesso de vendas, tanto no Brasil e na Europa quanto nos Estados Unidos - onde era um carro completamente diferente. Em suas três gerações, encantou os brasileiros por sua pegada mais esportiva na comparação com os rivais; além do desejado modelo XR-3, sonho de consumo dos playboys dos anos 80.
Em mais uma matéria sobre as relíquias da indústria brasileira, a reportagem do iG Carros apresenta a história do Escort , passando por todos os detalhes e curiosidades de seus 21 anos de trajetória por aqui.
Nasce a lenda
No início dos anos 80, o Corcel II já estava um tanto quanto defasado na comparação com os modelos mais modernos que vinham surgindo. O lançamento do Escort no Brasil aconteceu de forma praticamente simultânea com o modelo europeu, apresentando um desenho muito mais moderno e dinâmico.
Em 1983, ele chegou às lojas nas versões L, GL (ambas com motor 1.3 CHT de 63 cv de potência) e Ghia (1.6 CHT de 73 cv, movido a etanol). No ano seguinte, chegou o lendário esportivo XR-3 , com o mesmo motor da versão Ghia. Por fim, em 1985, a Ford apresentou o modelo Cabriolet , sendo o primeiro conversível com aval de fábrica lançado no Brasil.
Aliança com a Volkswagen
Em 1987, Ford e Volkswagen criaram a holding Autolatina para redução de custos e compartilhamento de novas tecnologias. Ao contrário do que muitos pensam até os dias de hoje, não se tratava de uma fusão das montadoras, mas sim uma aliança temporária. Foi neste mesmo ano que o Escort recebeu sua primeira reestilização no Brasil, ganhando linhas mais arredondadas e novos parachoques.
Neste período, o XR-3 perdeu os faróis de milha inferiores (restando apenas os que ficavam acima do parachoque), mas ganhou vidros elétricos. Na metade de 1989, o Escort XR-3 passou a integrar o motor 1.8 AP da Volkswagen de 90 cv, bem mais potente que o antigo 1.6 CHT de apenas 76 cv. Os fãs consideram que este foi o melhor período na história do Escort no Brasil.
Entre as versões especiais do Escort da primeira geração, uma das mais lembradas é a XR-3 Laser de 1984. Limitada a 1 mil unidades, prestava tributo para equipe olímpica de vela. Além dela, havia a versão Guarujá quatro portas, de 1991, fruto da aliança Autolatina.
A segunda geração
O Escort MKII estreou em 1992, mas não eliminou a geração anterior do catálogo da Ford. Ela foi rebaixada para carro de entrada da marca, com motor 1.0, e serviu de “quebra-galho” até a chegada do Fiesta em 1995.
A segunda geração ainda utilizava um misto dos motores 1.6 CHT e 1.8 AP em sua linha básica e intermediária. A grande novidade ficava por conta da integração do motor 2.0 AP com injeção eletrônica multiponto Bosch LE-Jetronic na versão XR-3, fazendo sua potência saltar de 90 cv para respeitáveis 115 cv. Em 1994, chegou a versão esportiva movida a etanol, com bons 122 cv de potência.
Até este momento, o Escort era um veículo brasileiro, produzido pela Ford na antiga fábrica de São Bernardo do Campo (SP) - hoje inativa e à venda. Em 1996, sua produção foi transferida para a Argentina, já que a Ford precisava liberar espaço para começar a produção da primeira geração do Fiesta no Brasil.
Terceira e última geração
O Escort da terceira geração chegou em 1996, já como modelo 1997. O período marcava o rompimento da aliança Autolatina com a Volkswagen , forçando novas estratégias para substituir a ultrapassada mecânica CHT e os motores AP da rival. A primeira estratégia da Ford foi importar os motores Zetec da Inglaterra, com litragem 1.8 e 115 cv. Em meados de 1999, o Escort ganhou motor 1.6 da família Rocam , desenvolvendo 95 cv de potência.
Foi nessa geração que o Escort também ganhou a versão station-wagon para bater de frente com a Volkswagen Quantum. Sua produção durou até meados de 2001, quando a Ford iniciou a produção do Focus na Argentina para substituí-lo definitivamente.
Legado
O Focus foi o sucessor do Escort na América Latina por 17 anos. O modelo durou três gerações, sendo descontinuado definitivamente em 2018, com a baixa na categoria dos hatches médios. Atualmente, a Ford se mantém fora do segmento de carros médios, algo que deverá mudar apenas com a chegada do novo SUV Territory em 2020.
Fato curioso é que a China ainda adota as lendárias nomenclaturas dos anos 90. Portanto, veículos como Monza, Santana e Escort sobrevivem até hoje por lá, e disputam o mesmo segmento de mercado. O que você achou da aparência atual de um dos grandes ícones da indústria brasileira? Deixe sua opinião nos comentários.
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