Imagine você vivendo uma cena de terror, onde sua própria filha sequestra seu marido e depois a tortura de diversas formas por várias horas. Pois foi o que viveu a protetora de animais Sirlei Teixeira, de 56 anos, esposa de Osmir Rodrigues dos Santos, de 67 anos, que foi sequestrado há duas semanas pela própria enteada. A reportagem do NB Notícias conversou com Sirlei e descobriu os momentos de terror que ela passou até conseguir fugir do cativeiro montado dentro de sua própria casa.
Segundo Sirlei Teixeira, após o sequestro de seu marido, ela viveu momentos de terror dentro de sua própria casa. Sua filha Rita, de 38 anos, acusada de ser a mentora do sequestro, trouxe um homem armado para ficar de olho na mãe. Sirlei foi obrigada a fazer comida para eles e, neste instante só pensava no neto de 11 anos, que é filho de Rita, mas foi criado por ela. A protetora dos animais contou que achou um lápis e conseguiu escrever um bilhete, que escondeu na cueca do neto, que é autista, para que ele entregasse à motorista da van no horário das 13h, quando ele iria para escola. "Felizmente a motorista achou o bilhete e meu neto ficou em segurança", relatou Sirlei.
Ela contou que a tarde foi de tortura psicológica e física. A filha demonstrava estar transtornada e pedia a toda a hora a senha dos cartões de Osmir dos Santos, já que Rita tinha pego a carteira com os cartões e telefone celular do aposentado. Sirlei relatou que apanhou muito da filha e foi obrigada a tomar a própria urina que tinha feito em um copo, pois a filha não a deixava nem ir ao banheiro. Em meio a tudo o que acontecia, o criminoso, chamado por Rita de "Seu Marcos", apontava uma arma para a cabeça da protetora. "Eu tinha certeza que ia morrer dentro da minha própria casa", disse ela.
Por volta das 18h, quando Rita saiu de casa pensando em buscar o filho que seria trazido pela van, foi que Sirlei decidiu fugir. "Tinha medo que ela fizesse alguma coisa com o meu neto, por isso esperei e aguentei toda a tortura calada. Quando vi que a van não veio, decidi fugir". Ela conseguiu colocar uma cadeira em cima da mesa e com as mãos arrancar parte do forro da casa e sair para a rua.
Sirlei conta que conseguiu chegar até a casa de uma vizinha, mas ela era idosa e estava sozinha e seu celular estava sem sinal. Com medo que a filha percebesse sua fuga, saiu correndo e se escondeu no mato, foi quando caiu em uma ribanceira. "Duas cachorras minhas me seguiram e ficaram comigo as horas que fiquei sozinha. Gritei muito por socorro e, graças a Deus, meus vizinhos me encontraram e chamaram os bombeiros".
Um trauma muito grande após o resgate
Dona Sirlei conta que ficou muito traumatizada após o resgate. "Eu fiquei tão assustada que tinha medo até de ficar no quarto do hospital, com medo que ela invadisse o local e me matasse. No segundo dia que estava lá, coloquei o colchão no chão e fiquei deitada ali, para parecer que não tinha ninguém no quarto, caso ela entrasse", relatou a protetora dos animais.
Agora, ela faz tratamento com uma psicóloga para se recuperar do trauma. O casal decidiu que não vai voltar mais para a casa dos sonhos que construíram no Vale Aurora. Para Sirlei e Osmir, o local virou a casa do terror. Outra decisão é ir embora de Bento Gonçalves. "É triste a gente ter que passar por isso, ainda sendo feito por uma filha. Não sabemos quanto tempo ela vai ficar presa. Ela pode mandar um dos comparsas dela atrás de nós para nos matar. Moramos em Bento há mais de 30 anos, mas vamos colocar nossa casa no Vale Aurora à venda e ir para outra cidade, infelizmente", finalizou Sirlei Teixeira.
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