O sonho de realizar um transplante capilar é uma tendência que cresce em todo o mundo. Só em 2021, foram realizados mais de 700 mil procedimentos no planeta, de acordo com o Practice Census 2022, divulgado pela Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS). No Brasil, onde a população que sofre de alopecia, também chamada de calvície, chega a 42 milhões de pessoas, a perspectiva também é de aumento pela procura de clínicas especializadas.
No ano passado, outro estudo, realizado pela Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC), conseguiu traçar o perfil dos brasileiros com alopecia que buscaram tratamento. A partir dele, constatou-se que cerca de 80% dos casos são de origem genética. Outros 10% sofreram queda de cabelo devido ao uso de medicamentos ou por problemas nutricionais. Também foram identificados casos significativos decorrentes de distúrbio hormonal, metabólico ou dermatológico.
A médica e especialista em cirurgia de transplante capilar Melina Oliveira confirma que essa predominância também é sentida em sua clínica, localizada em Vila Velha (ES). Mas ela pontua que não há uma explicação mais aprofundada para justificar os motivos pelos quais um indivíduo sofre de calvície hereditária.
“Essa é a angústia de muitos pacientes que me procuram. Eles querem um motivo técnico, científico, mesmo quando a origem do problema está nos genes. Mas a alopecia androgenética, como chamamos esses casos, já é, por si só, a explicação necessária. O histórico familiar é que leva a essa propensão. Por que o ancestral dele sofreu de calvície, isso não é possível observar. Mas há o tratamento clínico com medicamentos para retardar o processo da calvície e também o tratamento cirúrgico através do transplante capilar, para restaurar as áreas de perda de cabelo”, afirma.
Na pesquisa mais recente, identificou-se que 90% dos pacientes são compostos por homens e 10% por mulheres. Entre o público masculino, a maioria está na faixa dos 30 aos 39 anos de idade, correspondendo a 40% dos casos. Outros 30% têm entre 40 e 49 anos de idade. Já entre as mulheres, 80% estão distribuídas em faixas etárias que vão dos 30 aos 49 anos.
“Isso contradiz a falácia de que a alopecia tem relação somente com a idade. Este é um fator, mas está muito longe de ser o único. Há muitos eventos orgânicos envolvidos, e somente mediante atendimento clínico é possível identificar a origem da alopecia”, pontua Melina Oliveira.
Tratamento avançado
A médica e especialista em cirurgia de transplante capilar pondera que os avanços científicos elevaram os parâmetros de resultados de transplantes capilares, e o reflexo imediato tem sido o crescimento da busca pelo tratamento. Ela destaca principalmente a Extração de Unidade Folicular (FUE, na sigla em inglês), que consiste na remoção dos folículos da região doadora. Os folículos são, então, transplantados para os locais de ação da alopecia.
“O que está perceptível no setor de transplantes capilares é a busca por tratamento de um público cada vez mais novo, impulsionados pela melhora estética. Não são mais pessoas conformadas com a alopecia, mas dispostas a enfrentar o problema. E o resultado que a FUE oferece tem um nível excepcional de aprovação. Então é uma tendência que vai crescendo graças a esses fatores”, finaliza.
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