Rio Grande do Sul Polêmica
Criação de templo em homenagem a Lúcifer gera controvérsia no Estado
Espaço religioso, denominado Nova Ordem de Lúcifer na Terra, gerou debates intensos nas redes sociais, manifestações da prefeitura e até ameaças anônimas de morte contra os fundadores.
10/08/2024 14h59 Atualizada há 4 meses
Por: Marcelo Dargelio
Endereço do templo de Lucifer é mantido em sigilo para evitar represálias aos frequentadores - Foto: André Ávila/Agencia RBS/Divulgação

A inauguração de um novo templo dedicado a Lúcifer, o demônio, tem provocado uma onda de controvérsia em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Marcada para a próxima terça-feira, 13 de agosto, a abertura do espaço religioso, denominado Nova Ordem de Lúcifer na Terra, gerou debates intensos nas redes sociais, manifestações da prefeitura e até ameaças anônimas de morte contra os fundadores.

O empreendimento, que ocupa uma área de cinco hectares na zona rural de Gravataí, a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade, foi cuidadosamente mantido em sigilo devido à repercussão negativa e às ameaças recebidas. Os fundadores, Lukas de Bará da Rua e Tata Hélio de Astaroth, tomaram a decisão de manter a localização exata do templo confidencial para proteger os cerca de cem membros que integram a organização.

No coração do novo templo, foi instalada nesta sexta-feira, 9 de agosto, uma estátua de Lúcifer que já se tornou o epicentro da controvérsia. A figura, feita de cimento e com três metros de comprimento, foi posicionada sobre uma base de 2,5 metros, totalizando uma altura impressionante de 5,5 metros. A estátua, descrita como "acinzentada" e com uma aparência que mistura feições humanas e esqueléticas, simboliza a dualidade entre o mundo material e o espiritual, segundo os fundadores. Um dos chifres da estátua está localizado na lateral da cabeça, reforçando a intenção de criar uma imagem que funcione como um "portal" de energias durante os rituais.

Tata Hélio de Astaroth e Lukas de Bará da Rua são os criadores do novo espaço religioso

 

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De acordo com Lukas de Bará da Rua, um dos confundadores da Nova Ordem de Lúcifer na Terra, o culto se propõe a desmistificar a imagem de Lúcifer, frequentemente atacada pelas religiões cristãs. "Para nós, Lúcifer é um deus, a luz do amanhã, a luz do conhecimento. Nos traz, principalmente, o autoconhecimento e a possibilidade de conquistar coisas que o mundo oferece", afirmou. A organização também pretende realizar ações sociais, como a distribuição de alimentos para pessoas necessitadas, além de organizar grupos de visitação e retiros espirituais no templo.

A inauguração do templo rapidamente se tornou um dos temas mais discutidos nas redes sociais, gerando uma polarização de opiniões entre os que defendem a liberdade religiosa e os que condenam a homenagem a uma figura associada ao mal. A polêmica levou a prefeitura de Gravataí a se manifestar publicamente, esclarecendo que não houve repasse de recursos públicos para a construção do templo. A administração municipal também destacou que está acompanhando a situação de perto para garantir a segurança dos moradores e dos envolvidos.

A repercussão negativa também trouxe ameaças anônimas de morte contra os líderes da Nova Ordem de Lúcifer na Terra, forçando os organizadores a adotar medidas de segurança adicionais. A presença de agentes de segurança será reforçada durante a inauguração, e os participantes deverão seguir protocolos rigorosos para garantir a sua proteção.

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A criação do templo dedicado a Lúcifer em Gravataí levantou questões profundas sobre a liberdade religiosa no Brasil, um país onde a pluralidade de crenças é protegida pela Constituição. Para os fundadores do culto, a inauguração do templo é uma afirmação da sua fé e um convite ao autoconhecimento, mas para muitos críticos, a iniciativa representa uma afronta aos valores religiosos tradicionais.

A inauguração do templo na próxima semana promete manter acesa a discussão sobre os limites da liberdade religiosa e o respeito à diversidade de crenças no Brasil.