A inauguração de um novo templo dedicado a Lúcifer, o demônio, tem provocado uma onda de controvérsia em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Marcada para a próxima terça-feira, 13 de agosto, a abertura do espaço religioso, denominado Nova Ordem de Lúcifer na Terra, gerou debates intensos nas redes sociais, manifestações da prefeitura e até ameaças anônimas de morte contra os fundadores.
O empreendimento, que ocupa uma área de cinco hectares na zona rural de Gravataí, a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade, foi cuidadosamente mantido em sigilo devido à repercussão negativa e às ameaças recebidas. Os fundadores, Lukas de Bará da Rua e Tata Hélio de Astaroth, tomaram a decisão de manter a localização exata do templo confidencial para proteger os cerca de cem membros que integram a organização.
No coração do novo templo, foi instalada nesta sexta-feira, 9 de agosto, uma estátua de Lúcifer que já se tornou o epicentro da controvérsia. A figura, feita de cimento e com três metros de comprimento, foi posicionada sobre uma base de 2,5 metros, totalizando uma altura impressionante de 5,5 metros. A estátua, descrita como "acinzentada" e com uma aparência que mistura feições humanas e esqueléticas, simboliza a dualidade entre o mundo material e o espiritual, segundo os fundadores. Um dos chifres da estátua está localizado na lateral da cabeça, reforçando a intenção de criar uma imagem que funcione como um "portal" de energias durante os rituais.
De acordo com Lukas de Bará da Rua, um dos confundadores da Nova Ordem de Lúcifer na Terra, o culto se propõe a desmistificar a imagem de Lúcifer, frequentemente atacada pelas religiões cristãs. "Para nós, Lúcifer é um deus, a luz do amanhã, a luz do conhecimento. Nos traz, principalmente, o autoconhecimento e a possibilidade de conquistar coisas que o mundo oferece", afirmou. A organização também pretende realizar ações sociais, como a distribuição de alimentos para pessoas necessitadas, além de organizar grupos de visitação e retiros espirituais no templo.
A inauguração do templo rapidamente se tornou um dos temas mais discutidos nas redes sociais, gerando uma polarização de opiniões entre os que defendem a liberdade religiosa e os que condenam a homenagem a uma figura associada ao mal. A polêmica levou a prefeitura de Gravataí a se manifestar publicamente, esclarecendo que não houve repasse de recursos públicos para a construção do templo. A administração municipal também destacou que está acompanhando a situação de perto para garantir a segurança dos moradores e dos envolvidos.
A repercussão negativa também trouxe ameaças anônimas de morte contra os líderes da Nova Ordem de Lúcifer na Terra, forçando os organizadores a adotar medidas de segurança adicionais. A presença de agentes de segurança será reforçada durante a inauguração, e os participantes deverão seguir protocolos rigorosos para garantir a sua proteção.
A criação do templo dedicado a Lúcifer em Gravataí levantou questões profundas sobre a liberdade religiosa no Brasil, um país onde a pluralidade de crenças é protegida pela Constituição. Para os fundadores do culto, a inauguração do templo é uma afirmação da sua fé e um convite ao autoconhecimento, mas para muitos críticos, a iniciativa representa uma afronta aos valores religiosos tradicionais.
A inauguração do templo na próxima semana promete manter acesa a discussão sobre os limites da liberdade religiosa e o respeito à diversidade de crenças no Brasil.