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Impacto das enchentes na economia do RS aponta cenário desafiador

Os efeitos dos eventos meteorológicos, entretanto, provocaram quedas importantes na arrecadação de ICMS nos valores de maio e junho.

07/08/2024 às 09h11 Atualizada em 07/08/2024 às 09h32
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Secom RS
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As perspectivas para a economia gaúcha em 2024, que até o primeiro quadrimestre eram otimistas em virtude da recuperação da produção agrícola e da retomada da indústria, passaram a estar cercadas de incertezas devido às enchentes que acometeram o Rio Grande do Sul em maio. Entre janeiro e abril de 2024, o valor arrecadado com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) foi 14,3% maior do que o mesmo período do ano passado. Os efeitos dos eventos meteorológicos, entretanto, provocaram quedas importantes nos valores de maio e junho. A redução foi de 15,6% e de 6,5%, respectivamente, em relação aos mesmos meses de 2023.

A análise está no Boletim de Conjuntura de julho, documento produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). Divulgado nesta quarta-feira (7/8), o boletim, cuja autoria é dos pesquisadores Martinho Lazzari e Tomás Torezani, destaca que, apesar das adversidades climáticas, a agropecuária deverá apresentar uma taxa expressiva de crescimento no ano, uma vez que grande parte dos grãos de verão já haviam sido colhidos antes do início das chuvas.

O setor da indústria foi o mais atingido em termos de perda de produção, mas mostra sinais de retomada em junho e julho, assim como o comércio e os serviços. De janeiro a abril, a produção industrial do Estado havia crescido 5,2% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A fase positiva, porém, foi interrompida em maio: segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, a produção da indústria de transformação recuou 26,2% em relação a abril. Essa foi a maior queda já registrada na série da PIM relativa ao RS, que teve início em janeiro de 2002.

Entre as causas para o forte recuo estão inundações de fábricas e galpões, destruição de equipamentos e problemas logísticos causados pela ruptura de estradas e pontes, além do fechamento do terminal de cargas do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.

Para Lazzari, as perspectivas para a economia do Estado estão condicionadas à extensão e à intensidade dos efeitos das enchentes, ainda incertos, e às medidas de recuperação e reconstrução, junto com a capacidade de resiliência da economia gaúcha. “O evento climático que atingiu o Rio Grande do Sul é sem precedentes na economia brasileira, o que torna o cenário do Estado desafiador para os próximos meses. Praticamente todas as cadeias produtivas foram afetadas, além da infraestrutura”, explica.

O boletim prevê que o setor da construção deve ser estimulado nos próximos meses, em razão das medidas associadas à reconstrução do Estado, entre elas novas moradias e obras de infraestrutura. Por ser um setor intensivo em trabalho, terá impacto importante sobre emprego e renda.

Cenários internacional e nacional

Ao contrário da China e da Área do Euro, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos seguiu em desaceleração, movimento iniciado no terceiro trimestre de 2023, e registrou taxa de 0,4% no primeiro trimestre de 2024. Os motivos se encontram na redução do crescimento do consumo final das famílias, das exportações e do consumo do governo, enquanto os investimentos e as importações aceleraram.

Após retração no trimestre anterior, o PIB da Área do Euro cresceu 0,3% no primeiro trimestre do ano, com contribuição importante das exportações líquidas. A economia da China também acelerou, registrando crescimento de 1,6% no último trimestre. A Argentina, importante parceiro comercial do RS e do Brasil, por outro lado, entrou em recessão técnica ao registrar contração de 2,6 % no primeiro trimestre de 2024, com queda de 12,6% nos investimentos.

As perspectivas para o PIB mundial, em 2024, são de estabilidade após três anos consecutivos de desaceleração. Os órgãos internacionais esperam ligeira melhora em 2025, com o processo de desinflação e recuperação modesta do comércio mundial.

No Brasil, o PIB voltou a crescer no primeiro trimestre de 2024, impulsionado pelos desempenhos positivos da agropecuária e dos serviços. O comércio varejista e o setor de serviços não sofreram impactos consideráveis, em maio, após as enchentes ocorridas no RS, sendo também estimuladas pelo desempenho positivo do mercado de trabalho e pelas transferências de renda. As principais projeções apontam crescimento do PIB entre 2,1% e 2,2% em 2024 no país.

Texto: Karine Paixão/Ascom SPGG
Edição: Secom

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