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A Crise do Vinho e o Potencial do Enoturismo: Lições do Chile para o Brasil

Ricardo Álvarez Vega fala sobre porque quatro em cada cinco garrafas de vinhos finos abertas no Brasil ainda são importadas.

05/08/2024 às 14h12
Por: Marcelo Dargelio
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A Crise do Vinho e o Potencial do Enoturismo: Lições do Chile para o Brasil

Por Ricardo Álvarez Vega, Diretor Executivo EMPROEX (Chile)

Atualmente, o mercado internacional do vinho enfrenta uma das suas piores crises, com uma drástica redução na demanda e um acúmulo de estoque em quase todos os principais países produtores. No Brasil, mesmo com um setor produtor em crescimento, especialmente na região Sul, ainda está longe de satisfazer a demanda interna por vinhos finos. De fato, quatro em cada cinco garrafas dessa categoria abertas no Brasil são importadas, sendo 40% desses vinhos provenientes do Chile.

Mas por que o vinho brasileiro ainda não se tornou a preferência dos consumidores nacionais? A resposta parece estar na falta de reconhecimento do público consumidor. Apesar de terem melhorado consideravelmente em qualidade, os vinhos brasileiros ainda carregam uma imagem de desprestígio. Essa percepção negativa pode ser atribuída a vários fatores: a qualidade inferior no passado, a falta de reconhecimento internacional e a limitada exportação. É um mix de todos esses elementos que prejudica o posicionamento dos vinhos brasileiros no mercado.

Esse cenário impacta fortemente as vinícolas brasileiras. O mercado de consumo de vinho no Brasil é vasto, atingindo mais de 55 milhões de pessoas, superando os mercados internos do Chile e da Argentina juntos. No entanto, o consumo per capita ainda é muito baixo.

Pouco antes das enchentes que atingiram o sul do Brasil, principalmente o RS, organizei através da minha empresa, a Emproex, em conjunto com o consultor brasileiro Rodrigo Ferri Parisotto, um conversatório de enoturismo entre vinícolas brasileiras e chilenas. Pelo Brasil, participaram a Aurora, a Lidio Carraro e a Cainelli, todas do Rio Grande do Sul. A ideia era estabelecer um diálogo permanente, mas infelizmente tive que adiar devido aos eventos climáticos.

Aqui entra um ponto crucial: o enoturismo nas vinícolas brasileiras, cercado por uma aura de sofisticação, não encontra uma base que justifique seu reconhecimento internacional. O World’s Best Vineyards, conhecido como o “Oscar do enoturismo”, premia anualmente os melhores vinhedos abertos ao turismo no mundo. Nunca houve uma vinícola brasileira entre as cem melhores premiadas a cada ano. No último concurso, a Catena Zapata da Argentina foi a número um, com 13 vinícolas argentinas e 10 chilenas entre as cem melhores. Isso levanta uma questão importante sobre o turismo internacional no sul do Brasil, um aspecto frequentemente negligenciado.

Há duas áreas em que podemos trabalhar para reverter esse cenário: primeiro, enriquecer as vinícolas brasileiras com a experiência das vinícolas chilenas em termos de enoturismo; segundo, trazer os bons vinhos brasileiros para o Chile, para que concorram e, idealmente, sejam comercializados, tornando o mercado chileno uma base para a internacionalização desses vinhos.

Para cada uma dessas áreas, precisamos desenvolver planos de trabalho, contando com experiência e bons contatos. Essa cooperação pode abrir novas portas e fortalecer o mercado de vinhos no Brasil, tanto em termos de consumo quanto de enoturismo.

Aguardamos saber qual será a resposta do mercado de vinhos de Brasil a este desafio.

 

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