Os números da violência contra a mulher em BEnto Gonçalves ainda são alarmantes. A Coordenadoria da Mulher e o Centro Revivi divulgaram nesta semana o balanço de atendimentos realizados em 2019 no município e o dado mostra que praticamente todas as mulheres agredidas pelos companheiros, voltaram a sofrer algum tipo de agressão após o registro de ocorrência e voltarem para suas casas.
Ao todo foram contabilizados 1.394 ações, que envolvem acompanhamento psicossocial, monitoramento das violências e orientações jurídicas. Após um período de aproximadamente 5 anos sem ocorrer feminicídios, o município teve dois em 2018 e três em 2019, sendo que nenhuma das vítimas havia registrado ou procurado por auxilio (registro, denúncia e/ou atendimento).
Porém, o dado mais alarmante ainda é em relação às reincidentes agressões que a mulher sofre do amrido. Os dados mostram um aumento significativo de 131,8% em relação ao ano anterior nos casos de reincidência nas agressões. De acordo com a coordenadora dos serviços, Regina Zanetti, a agressão acontece devido a tal da "segunda chance" dada pelas vítimas aos agressores. Além disso, muitas vezes, a dependência financeira faz com que elas tenham que retornar ao convívio do agressor. "Infelizmente, muitas mulheres acabam retornando ao convívio devido a dependência financeira ou mesmo afetiva, em virtude de acreditar nas promessas de mudanças de comportamento por parte do agressor. Também fatores como filhos, religião e cultura destacam-se nestas decisões prorrogando sua humilhação e sofrimento, muitas vezes perpetuamente", resume a coordenadora.
Os atendimentos prestados pelos órgãos têm por objetivo cessar e ou minimizar a violência vivenciada pela mulher, sem ferir o seu direito à autodeterminação. Assim, a mulher consegue tomar decisões relativas à situação de violência vivenciada, intervindo para evitar futuros atos de agressões e contribuindo na interrupção do ciclo de violência e penalização do responsável pela agressão. Conforme os dados, foi registrado aumento de 10,55% nos atendimentos em geral e queda de 13% nos atendimento de casos novos, sendo que em 2019 foram 287, em comparação a 2018, que teve 330. Portanto, houve uma média de 117 atendimentos mês entre casos em andamento e novos.
Devido à necessidade de conscientização de familiares, no combate a violência doméstica e intrafamiliar, ocorreu aumento de 68% no atendimento individualizado a familiares das vítimas (companheiros, ex-companheiros, irmãos, pais, entre outros) em relação a 2018.
Quanto aos encaminhamentos para a Rede, a Coordenadoria da Mulher e o Centro Revivi, permanecem realizando de acordo com as necessidades das usuárias. Observa-se que a maior incidência de encaminhamentos permanece sendo ao CAPS AD (agressores), CAPS II (vítimas) devido à saúde mental estar comprometida e necessitando de intervenção de outros profissionais como a especialidade em psiquiatria.
Regina ressalta que a coordenadoria trabalha na conscientização das vítimas e da sociedade como um todo. “O fenômeno da violência doméstica é complexo e as dificuldades são apresentadas diariamente. Mesmo assim, acreditamos na luta pela defesa e aplicação dos direitos das mulheres”, finaliza.
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