Hoje escrevo um breve conteúdo para enaltecer os mais interessantes momentos de nossa festa maior e como a Festa Nacional do Vinho marcou ao longo de suas edições os corações dos bento-gonçalvenses
Com base forte no trabalho do povo, a Fenavinho surgiu como a possibilidade de levar ao mundo a pujança de Bento Gonçalves. Em seus primórdios a festa trazia consigo memórias afetivas da imigração italiana e todo o desenvolvimento industrial de uma cidade ( até então ), perdida nos confins do Brasil.
O Icônico vinho encanado e a vinda do Presidente Castelo Branco à Bento, ganhou atenção da mídia e rendeu homenagens sinceras ao desenvolvimento local, a beleza natural e o acolhimento de sua gente. Tudo era festa e orgulho!
Em 1967, quando realizada a 1ª Fenavinho, todos puderam conhecer pela primeira vez o que seria um dos seus símbolos maiores. A corte de soberanas. Composta inicialmente por uma Imperatriz e damas de honra, a inventiva corte mobilizou os brotos ( termo muito comum às jovens de sociedade nos anos 60) da recém criada Capital do Vinho.
No dia 26 de novembro de 1966, nos salões do Clube Ipiranga, foi realizado o Baile de Escolha da Imperatriz I do Vinho, elegendo Sandra Guerra como Imperatriz e Iegle Gehlen e Liane Mazzini como Damas de Honra. A partir desse momento o povo começou a viver com intensidade a sua festa tão esperada.
A jovem Sandra Guerra, foi incumbida de ser nossa primeira Imperatriz e iniciou um legado para as jovens sonhadoras de Bento. Diferentemente de outras cidades, não carregamos o título de Rainha da Festa e sim Imperatriz. Termo mais correto diante da história imperial do Brasil.
Imperatriz – Soberana de um império ou mulher de um Imperador Reinante.
Império - Império é uma palavra que indica um Estado que é governado por um imperador ou imperatriz. Também pode indicar um território vasto, composto por várias nações, povos que professam diferentes religiões, falam idiomas distintos, mas que vivem sob o mesmo imperador. E no caso do Brasil, nada mais justo para um país com dimensões continentais.
Assim, ao longo dos anos novas jovens foram eleitas, e algumas participaram de momentos memoráveis. Uma destas jovens foi Markelen Calza que impressionou o Presidente Lula com uma pequena artimanha da época. Em momento oficial na capital Brasília, a imperatriz retira de um bolso escondido no vestido uma taça para brindar com o governante. Isso ajudou a criar mais charme para a 12ª Fenavinho em 2005. Dizem que o Presidente até arriscou um breve conhecimento sobre vinhos, citando em suas palavras o retrogosto e cor intensa sobre o vinho que brindava.
No ano do centenário da imigração italiana no RS, a Imperatriz era Marisa Tondo e viveu momentos intensos em divulgações da festa que comemorava um centenário tão importante.
Aberta oficialmente pelo presidente da República, general Ernesto Geisel acompanhado pelo ministro da Agricultura Alysson Paulinetti e da Indústria e Comércio Severo Gomes.
A Fenavinho continuava sendo a única festa que distribuía gratuitamente vinho encanado nas principais ruas da cidade. Também houve o asfaltamento da Alameda Fenavinho e a construção do pórtico, que permanece até hoje e pede uma revitalização e obra monumental.
Em 1979, ainda embalados pelo avanço da grande festa, a Fenavinho teve em sua escolha da nova corte o ator Carlos Eduardo Dolabella e a apresentadora de TV Maria do Carmo apresentando o desfile, que contou ainda com a animação do grupo Arpàge Show e Originais do Samba. Um “must” para época! E a Imperatriz eleita foi Sílvia Ross para a festa de 1980.
E quem não lembra da icônica festa de 1985, com o cartaz mais lembrado de todos com o Nono Maso e o slogan de maior espetáculo da terra. Nossa inventividade na época não tinha limites para atrair os turistas. E deu certo.
Mais de 250 mil visitantes em 17 dias de festa nos pavilhões e pelas ruas da cidade. Essa edição também marcou a inauguração da Pipa Pórtico na entrada da cidade ( versão atual ). Também recebemos o “Trio Los Angeles” para animar a escolha da Imperatriz dessa edição no Ginásio dos Esportes com Sheila Telli como soberana e uma Luíza Brunet famosa modelo da época no corpo de jurados.
Já nos anos 90 a edição tem o Tasta Vin e na edição de 1991 com Andréa Poletto Imperatriz e na edição seguinte de 1992 o Tasta Vin continua sendo o símbolo dos cartazes de divulgação.
Para a edição de 1993 ( entenda-se, que a Fenavinho já estava acontecendo anualmente e não mais a cada 4 anos ), Loren Hofsetz foi eleita Imperatriz, que reinou também na edição do ano seguinte.
De 1994 ao ano de 2000, a festa ganhou uma lacuna e perdeu muito de seu fôlego, distanciando suas origens da população e entrando em esquecimento. Houve um retrospecto com desfile alegórico, mas , a maior dificuldade era recolocar nos corações do povo de Bento a memória afetiva que a festa havia perdido. Transmissões ao vivo e atrações trouxeram 200 mil pessoas para a edição realizada no pavilhão “ E” da Fundaparque.
Algumas edições acontecem até 2011 e voltamos a possuir uma lacuna até 2019 e a festa vincula-se a ExpoBento. A pandemia ainda não permite as realizações de 2020 e 2021, mas mantem-se unida a Feira ExpoBento, tida como maior chamariz para os amantes do vinho. Muita coisa mudou desde a vinda do Presidente Marechal de Alencar Castelo Branco ao município e a cidade foi crescendo. Algumas vinícolas ( cantinas ) da primeira edição nem existem mais com a famosa Dreher ou a bem lembrada Mônaco. Outras surgiram e enalteceram a região, deixando claro que o trabalho sempre foi o marco principal para o sucesso da cidade e da festa.
Muitos ainda sonham com a independência da festa e lutam para credibilizar a possibilidade de ela sobreviver sem nenhuma feira anexada. Para isso, necessitamos de lideranças empenhadas, novos símbolos, mais destaque para as figuras da corte ( como faz muito bem a Festa da Uva de Caxias ), e muito maior acolhimento junto a comunidade. A festa deve ser comunitária! E como dizia o slogan da festa de 1993, ALEGRIA NA TAÇA E BENTO NO CORAÇÃO!