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Oito horas de tensão em primeira rebelião na Penitenciária de Bento

Discussão entre agentes penitenciários e detentos durante visita de crianças provocou a queima de colchões e a vinda do Grupo de Ações Especiais da Susepe e Batalhão de Choque da Brigada Militar.

26/01/2020 às 02h05 Atualizada em 28/01/2020 às 14h49
Por: Marcelo Dargelio Fonte: NB Notícias
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NB Notícias
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Um desentendimento entre apenados e agentes penitenciários no final da manhã deste sábado, 25, provocou um tumulto generalizado que durou mais de oito horas na Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves. Familiares dos detentos protestaram em frente à casa de detenção, depois de terem sido retirados do interior do presídio antes do horário previsto. Apesar do tumulto, a situação terminou com 12 detentos sofrendo ferimentos leves e não há previsão se algum deles será transferido para outra casa de detenção.

Tudo começou por volta das 11h30min, quando as crianças e suas mães visitavam os detentos. Os agentes penitenciários solicitaram que as famílias e os presos fossem para um pátio menor, porque os apenados que não tinham visita precisavam almoçar. Os presos então se negaram a trocar de pátio, alegando que havia muito sol para as crianças pequenas que estavam na visita. Eles sugeriram que os outros presos recebessem o almoço em suas celas.

A partir daí, começou o desentendimento. Era passado do meio-dia, quando agentes da Susepe decidiram encerrar a visita dos familiares, que iria até às 17h. Todos foram retirados do pátio e os detentos começaram a se rebelar, fazendo com que os agentes tivessem que realizar disparos antimotim contra eles.

Três apenados foram feitos reféns pelos cerca de 25 detentos que estavam no espaço da visita. Logo em seguida, eles começaram a atear fogo em colchões na área externa das celas. O Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar o princípio de incêndio, assim como a Brigada Militar.

Por volta das 15h, chegaram os integrantes do Grupo de Ações Especiais (GAES) da Susepe e os policiais do Batalhão de Choque de Caxias do Sul. Eles entraram nas celas e fizeram o controle das ações, libertando os detentos que eram feitos reféns no interior da penitenciária. Dois deles ficaram feridos, mas sem muita gravidade. O secretário estadual de Administração Penitenciária, César Faccioli, e o superintendente da Susepe, César da Veiga, acompanharam toda a operação dos órgãos de segurança.

Quase oito horas após o início do tumulto é que a situação foi controlada. O secretário Faccioli convidou representantes dos Direitos Humanos da OAB, subsecção Bento Gonçalves, e também da Comissão Carcerária, para acompanharem a situação em que os presos se encontravam e terem um contato com os apenados que sofreram ferimentos. Faccioli comemorou o sucesso da operação que, segundo o secretário, teve apenas 12 detentos com ferimentos superficiais, que receberam atendimento na própria penitenciária. "Os órgãos de segurança fizeram um trabalho exemplar na tarde deste sábado, 25. Os estragos no interior da penitenciária foram mínimos e os presos sofreram apenas alguns arranhões. Não há feridos graves", destacou o secretário.

Diretor da DSEP irá analisar conduta de agentes penitenciários

O diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal (DSEP), César Fortes, conversou com os familiares dos presos e explicou quais os procedimentos foram adotados para contê-los. Ele adiantou que ainda não foi definido se vai haver transferências de presos da penitenciária. A situação está sendo apurada pela Susepe. O diretor garantiu que recebeu muitas reclamações dos apenados sobre a conduta dos agentes penitenciários na casa de detenção, por isso, eles também serão investigados pelo departamento. "Para nós é inadmissível que o aconteceu hoje aqui se repita. É preciso que haja respeito de ambos os lados. Os presos que estão aqui sentem que o regime ficou mais rígido, mas nem por isso eles devem ser desrespeitados pelos agentes ou então afrontarem uma medida tomadas por eles", resumiu o diretor.

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