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Fintechs concederam R$ 21 bilhões em crédito em 2023
Estudo aponta que a resiliência e a capacidade de adaptação do setor somadas à confiança crescente dos consumidores nos serviços financeiros digita...
03/07/2024 13h01
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Dino

Ainda atravessando os desafios de um ambiente financeiro marcado pela volatilidade, as fintechs mantiveram o crescimento e expandiram sua atuação em 2023, concedendo R$ 21,1 bilhões em crédito, volume que representa um aumento de 52% em relação ao ano anterior. As conclusões são da Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024, realizada entre a Associação Brasileira de Crédito Digital - ABCD e a PwC Brasil

De acordo com a quarta edição do estudo, o resultado pode ser atribuído à resiliência e também à capacidade de adaptação das empresas do segmento, mesmo diante de um momento econômico adverso, marcado por uma taxa básica de juros alta -- a Selic começou o ano em 13,75%, encerrando em 11,75%. 

A despeito dessa conjuntura, as fintechs conseguiram reduzir os juros cobrados em sete categorias de crédito para pessoas físicas: ainda que o cartão de crédito rotativo oferecido pelo setor apresentasse juros de 242,4% ao ano, a média nacional, divulgada pelo Banco Central, atingiu 440,8% ao ano. A substancial diferença, sugere o levantamento, pode refletir a maior eficiência operacional das empresas e o uso da tecnologia para aprimorar a gestão de riscos e oferecer condições mais favoráveis aos consumidores. 

Quanto à oferta para clientes PJ, entre 2020 e 2023, houve uma redução nas taxas de juros para crédito com e sem garantia, movimento que indica que, apesar das taxas mais elevadas do que a média do mercado, as fintechs têm conseguido reduzir os juros para este segmento ano a ano, possivelmente devido a uma melhoria na avaliação de risco ou eficiência operacional. Desta forma, o setor se mostra mais competitivo do que o mercado em geral em algumas categorias de crédito para PJ, cobrando taxas de juros menores no cheque especial e no rotativo do cartão de crédito, por exemplo.

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Além disso, a pesquisa indica um contexto de forte demanda por soluções de crédito digital, refletindo a confiança crescente dos brasileiros nos serviços das fintechs. Entre 2022 e 2023, as empresas do setor registraram crescimento de 79% no número de clientes pessoas físicas, chegando a 46,7 milhões no Brasil e cerca de 7 milhões no exterior. Não por acaso, 58% das fintechs de crédito ouvidas classificam-se como consolidadas, registrando faturamento anual ou investimento total acima dos R$ 20 milhões, um aumento de dez pontos percentuais desde 2022. Atualmente, 35% das fintechs de crédito têm mais de 150 funcionários, aumento de quatro pontos percentuais em relação ao ano anterior.

“Após a pandemia, as pessoas entenderam que podem consumir serviços financeiros de forma diferente, acostumando-se com novos métodos de pagamento como o PIX, que facilitou a adoção mais ampla das transações digitais. Esse fato contribui para que os consumidores se movam cada vez mais para um cenário sem dinheiro físico. A experiência digital provou ser eficaz e valiosa também para o fornecimento de crédito”, analisa Francisco Ferreira, presidente da ABCD. 

Ainda segundo o relatório, o avanço das fintechs de crédito em 2023 esteve mais alinhado ao crescimento orgânico do que ao lançamento de produtos, o que sugere que as empresas, enquanto expandiram sua base de clientes e suas operações, também inovaram para captar novos segmentos de mercado. 

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“Na edição passada da pesquisa, percebemos uma preferência das fintechs por produtos financeiros considerados mais seguros, acompanhada de uma cautela na gestão do crédito e uma retração no crescimento. Já em relação a 2023 notamos que a cautela está sendo deixada para trás. Começamos a observar um retorno aos produtos com maior risco, que permitem às empresas diversificar e explorar o mercado de forma mais ampla”, ressalta Willer Marcondes, sócio Strategy & líder de Consultoria em Serviços Financeiros da PwC Brasil. 

Outros achados do estudo: o percentual de empresas que ofertam soluções tanto para clientes pessoa física quanto pessoa jurídica voltou a crescer no ano passado, chegando a  42%, um incremento de 17 pontos percentuais em relação a 2022; quase metade das fintechs pesquisadas (46%) já têm a licença do Banco Central para operar como Sociedades de Crédito Direto (SCD) ou Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP), em comparação com apenas 11% em 2019. E 8% das empresas estão aguardando a liberação de licenças já solicitadas. 

Já a proporção de fintechs que atuam como originadores de crédito permaneceu estável, indicando um papel consolidado dessa função no ecossistema de crédito digital. E, mesmo que os correspondentes bancários e as SCD continuem sendo os principais modelos adotados pelas fintechs, há uma tendência clara de diversificação e crescimento em outros modelos, como as instituições de pagamentos, as SEP e as Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI), padrão que indica uma evolução no mercado para atender às diferentes demandas de consumidores e empresas.

Outras conclusões da Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024 incluem:

O estudo completo está disponível em https://creditodigital.org.br/estudos/.