Um homem de 50 anos (que não teve o nome revelado pela Polícia e nem pela advogada de defesa) se apresentou na 1ª Delegacia de Polícia para esclarecer os motivos de ter assassinado o empresário Camilo Geremia, de 54 anos. O crime ocorreu na quarta-feira, 18, na Rua Severo Cesca, no bairro Aparecida. A motivação alegada em seu depoimento foram duas: um suposto crime contra seu filho de 14 anos e ameaças feitas pelo empresário.
De acordo com o delegado Arthur Reguse, a prisão do acusado não foi decretada porque ele atende todos os requisitos previstos no Código Penal, por ser réu primário, ter residência e emprego fixo, além de ter se apresentado espontaneamente na delegacia. Segundo o delegado, em seu depoimento, o autor do crime disse que assassinou Camilo Geremia primeiramente porque achou que ele estava armado, já que estaria recebendo ameaçadas por parte do empresário. A advogada do acusado, Angélica Zappas, afirma que seu cliente alegou que tudo começou após o registro de ocorrência policial feito no dia 9 de dezembro, em relação a um possível crime ocorrido no dia 7 de dezembro contra o filho do autor do crime, um jovem de 14 anos. O menor passou por exame de corpo de delito, mas o resultado ainda não foi concluído para confirmar se realmente alguma coisa foi feita com o jovem. O suposto crime está em investigação pela Delegacia de Polícia de Garibaldi e nenhum detalhe é divulgado para preservar os envolvidos.
A advogada informa que seu cliente alega que, após o registro policial, começou a receber ligações de Camilo Geremia e a gota d'água para o crime acontecer teria sido após uma ligação feita pelo autor do crime na segunda-feira, 16, para a esposa de Geremia, contando os fatos que teriam ocorrido e pedindo para que o contrato de prestação de serviço com a empresa da família Geremia fossem encerrados devido ao fato. Angélica esclarece que o autor do crime e Camilo Geremia eram amigos há mais de 10 anos, com o acusado sendo um prestador de serviços para uma das empresas do empresário. Porém, após o suposto crime, o homem de 50 anos se negou a continuar trabalhando com ele.
A advogada Angelica destaca que seu cliente revelou que no dia do crime, quarta-feira, 18, sua família teria ido até Garibaldi prestar depoimento na Delegacia de Polícia, o que acabou não acontecendo. Que neste dia, ao retornar da delegacia, o autor do homicídio teria recebido quatro ligações de Camilo Geremia, sendo que em duas ligações o empresário teria ameaçado o acusado e se dirigido até a casa do mesmo. Angélica informa que seu cliente alega que chegou em casa, deixou o filho e a esposa e saiu. Pouco depois, ainda próximo de sua residência, viu o veículo Strada de Camilo Geremia se dirigindo em direção à sua casa, manobrou e foi verificar se isso realmente aconteceria. Quando retornou a sua casa, viu o carro do empresário lá estacionado. O autor do crime achava que Geremia estava armado e para se defender e defender sua família, sacou o revólver e efetuou os disparos que mataram o empresário.
Autor do crime nega emboscada
De acordo com o delegado Arthur Reguse, o autor do crime apresentou-se e estava bem calmo. Além da alegação de achar que o empresário estava armado no momento do encontro, o homem alegou violenta emoção pelo suposto crime ocorrido com seu filho. O delegado revelou que o autor negou ter armado uma emboscada para
o empresário, pois já o conhecia de longa data e sabia quais os caminhos e os locais que ele costumava ir. "Se quisesse fazer uma emboscada para o Camilo, não seria na frente da minha casa", destacou o autor do crime.
O delegado Arthur Reguse revelou que a arma utilizada pelo autor do crime tinha numeração, mas não tinha registro e ele não tinha porte de arma para utilizá-la.
Advogado da família rebate versão do autor do crime
O advogado Álvaro Antonio Bof, que representa a família de Geremia no caso, rebate a suspeita de que Geremia teria cometido um crime anteriormente, segundo foi informado pelo autor confesso do assassinato. Conforme Bof, as verdadeiras motivações do homicídio serão melhor esclarecidas nós próximos dias. O advogado afirma que Geremia não sabia que estava sendo investigado pela Polícia Civil. O autor do assassinato teria feito ameaças ao empresário por meio de uma ligação feita para a esposa da vítima na segunda-feira, 16. Somente após este contato é que o empresário teria tomado conhecimento da acusação. "Era tão absurda a acusação que o empresário entrou em contato com ele (autor do crime) para esclarecer e entender o que estava acontecendo. No entanto foi emboscado, executado de forma premeditada e covarde, sem a mínima possibilidade de defesa. Esse assassino causou um dano irreparável à família do empresário e, como se não bastasse ter cometido um crime hediondo, está tentando manchar a honra da vítima. Isso é inaceitável e só agrava a conduta dele (autor do crime)", afirmou o advogado.
Álvaro Bof destaca que Geremia tinha uma conduta ilibada e jamais teve envolvimento com qualquer ilicitude. "O Camilo Geremia era pai, esposo e amigo de todos, sendo conhecido em toda a cidade e muito admirado. Já o acusado possui comunicações de ocorrência de crime. A ordem pública foi abalada pela gravidade e circunstâncias qualificadoras do crime (de emboscada, sem a mínima possibilidade da vítima se defender) e por motivo, seja ele qual for, não justifica tal execução" resumiu Bof.
O advogado da família também questiona o fato envolvendo o autor do crime não ter sido preso. Para Álvaro Bof, a presunção de inocência, que possibilita que um acusado responda o processo em liberdade, não socorre àquele que confessa o cometimento de um crime hediondo. "Esse acusado representa um perigo para a sociedade e aos familiares da vítima. Não existe razão sensata para que ele permaneça em liberdade. "Esperamos que ele seja preso em breve, para que seja assegurada a ordem pública, a segurança dos familiares do Camilo Geremia e seja feito o mínimo de justiça, finalizou o advogado.
Mín. 16° Máx. 26°