A titular da Secretaria da Educação (Seduc), Raquel Teixeira, participou, nesta sexta-feira (26/4), de um painel internacional da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em Sófia, capital da Bulgária. A conferência Empowering The New Generation apresentou dados de um relatório global sobre as competências sociais e emocionais de estudantes de mais vinte três países em quatro continentes. O levantamento foi realizado a partir de cinco indicadores principais, levando em consideração conceitos de progressividade, responsabilidade, conexão, colaboração e autocontrole.
Com base nas informações, o painel Dos Dados da Pesquisa à Prática buscou debater como aplicar e compreender os resultados nas práticas pedagógicas. Única representante da América Latina no evento, a secretária – que também participa do conselho consultivo do eduLab21, laboratório de educação do Instituto Ayrton Senna – destacou o Programa Diálogos Socioemocionais. Realizado em 50 escolas estaduais, a proposta educacional busca promover o desenvolvimento integral dos estudantes dentro do ambiente escolar.
Raquel explicou que o processo de formação é estruturado junto com os conteúdos curriculares e a aplicação é baseada em rubricas, por meio do diálogo frequente entre estudantes e professores. “Nós temos um modelo organizado em cinco macrocompetências, semelhantes às da OCDE, e 17 competências socioemocionais. Os estudantes respondem aos questionários, dentro do contexto do componente curricular de Projeto de Vida", detalhou.
Além disso, foram ressaltadas as iniciativas do Núcleo de Cuidado e Bem Estar Escolar, da Seduc, que auxiliaram estudantes a lidarem com as emoções, principalmente em situações de crise.
“Nós tivemos desastres climáticos severos no Rio Grande do Sul no ano passado. Escolas inteiras foram destruídas: todos os livros, registros, computadores; tudo. Quando os estudantes voltaram, não poderíamos pedir que esquecessem o que aconteceu, pois era o horário da aula", disse Raquel.
Ela também lembrou que muitos alunos em condições vulneráveis também tiveram suas casas destruídas. "Criamos, então, espaços especiais de acolhimento, de conversas em círculo, onde os estimulamos a falar sobre seus sentimentos”, pontuou.
A importância desses intercâmbios internacionais para pensar uma nova educação foi outro ponto destacadopela secretária: “Vivemos em um mundo caracterizado pela disrupção. A escola antiga, iluminista, baseada apenas na razão, não nos serve mais. Temos uma dimensão emocional, social, psicológica e espiritual. Estamos no momento de aprender como fazer isso na educação”.
Para encerrar o painel, Raquel fez uma consideração sobre o desafio da desigualdade: “No Brasil, estudantes de escolas públicas são geralmente muito vulneráveis e perderam a capacidade de sonhar. Eles não pretendem, por exemplo, ir para a universidade, pois acham que isso não é para eles. Medimos o que valorizamos, que é essa habilidade de ser capaz de viver em um mundo cheio de desafios, com crises climáticas, políticas e econômicas. Habilidades socioemocionais ajudam a proteger os estudantes. Procuramos ajudá-los a sonhar novamente e a seguir os seus sonhos”.
A programação da conferência também contou com a presença de ministros da educação, gestores políticos e líderes de organizações empresariais e filantrópicas da Bulgária e de outros países participantes do relatório da OCDE.
Texto: Ascom Seduc
Edição: Rodrigo Toledo França/Secom
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