Desde o final de 2023 a Prefeitura de Bento Gonçalves não adquiriu mais um medicamento essencial fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Pacientes que precisam utilizar o medicamento Lactulose não encontram mais o produto nas farmácias públicas. A prefeitura diz que não há previsão para a chegada do remédio para a população.
Quem sofre com isso, são as pessoas que precisam fazer uso do medicamento. É o caso de Gilnei da Silva Vieira, de 39 anos, que espera há quatro meses pela Lactulose. Ele é um exemplo que evidencia as dificuldades enfrentadas por pacientes que dependem do sistema público de saúde para o tratamento de condições críticas.
A Lactulose, medicamento indicado para o tratamento sintomático da constipação intestinal e para a prevenção e tratamento da encefalopatia hepática, tornou-se indisponível no estoque do SUS no município ainda em dezembro de 2023. Sua ação, que visa restabelecer a função regular do intestino e prevenir complicações maiores, é crucial para pacientes como Gilnei Vieira, que dependem do medicamento para manter sua condição de saúde estável. Ele teria que tomar o medicamento duas vezes ao dia, de 12 em 12 horas.
O paciente, após ser diagnosticado com a necessidade do tratamento, obteve uma prescrição médica pelo SUS válida por seis meses. No entanto, ao tentar retirar a medicação no quarto mês, foi informado da falta do produto, situação que coloca seu tratamento e bem-estar em risco. "Ligo todos os dias para as farmácias públicas da Zona Norte e do Botafogo e a única informação que recebo é de que não há previsão do medicamento estar disponível", revelou o paciente.
A responsabilidade pelo fornecimento de medicamentos pelo SUS é compartilhada entre os três níveis de governo - federal, estadual e municipal - através dos Componentes da Assistência Farmacêutica. A Lactulose faz parte do Componente Básico, direcionado ao tratamento de condições prevalentes na atenção primária à saúde.
Em resposta às solicitações de informações sobre a situação, a Secretaria Municipal de Saúde de Bento Gonçalves, por meio da Assessoria de Imprensa, afirmou que o medicamento é distribuído na cidade há mais de cinco anos. Porém, atualmente, a secretaria enfrenta um processo de licitação para a renovação do estoque do medicamento, sem uma previsão concreta para a normalização de sua distribuição.
A situação gera preocupação não apenas entre os pacientes afetados, mas também entre os profissionais de saúde e a população em geral, destacando a importância de um sistema de saúde eficiente e responsivo. Enquanto a cidade aguarda a resolução do impasse, pacientes como Gilnei Vieira vivem na incerteza, esperando por uma solução que permita a continuidade de seus tratamentos essenciais.
*Por Emanuele Ferreira