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CAE aprova perdão de dívidas de associações comunitárias no Maranhão
Vai à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) projeto de lei que perdoa dívidas contraídas por associações comunitárias do município maranhense de...
09/04/2024 13h04
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Senado

Vai à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) projeto de lei que perdoa dívidas contraídas por associações comunitárias do município maranhense de Rosário e da capital São Luís destinadas aos polos de confecções das duas cidades. Do senador Weverton (PDT-MA), a matéria foi aprovada nesta terça-feira (9) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

O parecer favorável ao PL 675/2019 foi elaborado pelo Senador Irajá (PSD-TO) e apresentado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC). O autor do projeto explicou que a iniciativa busca reparar uma injustiça com esses cooperados. De acordo com ele, em 1995, o governo do Maranhão assinou um acordo com a empresa KAO I Indústria e Comércio de Confecções Ltda, de empresários taiwaneses, para construir um centro de confecções de vestuário capaz de empregar 4,5 mil moradores de Rosário. O plano ficou conhecido como Polo de Confecções de Rosário, mas não se concretizou.

Para efetivação das obras, 180 projetos foram encaminhados ao Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural, que é sustentado por créditos concedidos à União pelo Banco Mundial (Bird). Além disso, as associações, que reuniam cerca de 3,6 mil trabalhadores, pegaram empréstimos no Banco do Nordeste no valor de R$ 7,1 milhões. De acordo com Weverton, a dívida dos moradores da região chegou a R$ 24 milhões em 2019.

O senador afirmou que os empresários taiwaneses induziram as associações de trabalhadores a assinarem os empréstimos e que os processos licitatórios da operação continham fraudes.

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— Essa cooperativa usou o CPF deles, eles arrecadaram o dinheiro e eles [empresários] pegaram esse dinheiro e foram embora. Há 29 anos atrás esses trabalhadores, pais, mães de família, humildes, estão lá em Rosário, com seu nome negativado e não tem oque fazer porque ninguém ligou mais para o assunto — alertou, Weverton.

Em 1998, o governo do Maranhão rompeu com a empresa responsável pelo projeto. Apesar disso, os cooperados e associados mantiveram as dívidas, ficando sem acesso a novos créditos.

O relatório do Senador Irajá deu nova redação ao texto de Weverton e incluiu na remissão das dívidas, além do Polo de Confecções de Rosário, os cooperados do Polo Confeccionista de Grande São Luís.

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Segundo ele, os 1.081 associados do polo da capital também foram vítimas do mesmo processo fraudulento dos empresários taiwaneses.

No seu voto, o relator argumenta que a má-fé dos fraudadores e a negligência dos órgãos oficiais de fomento provocaram o efeito contrário ao desejado pelas políticas de apoio aos produtores rurais e de desenvolvimento regional.

— Em vez de prover meios de reduzir a pobreza, mediante renda obtida a partir do empreendimento, proporcionou a contração de dívidas por aqueles que deveriam ser beneficiados pelo projeto, sem que conseguisse identificar os reais responsáveis pelo financiamento.

Os senadores Damares Alves (Republicanos-DF), Sérgio Moro (União-PR) e Carlos Viana (Podemos-MG) elogiaram a iniciativa como um ato de justiça com esses trabalhadores.

— Esse projeto tem uma situação peculiar, uma situação trágica que levou ao endividamento de pessoas de baixíssima renda lá. Eles precisam de fato de uma nova chance para poder continuar a vida. Não estão querendo dinheiro novo, não é receber uma benesse do governo, novos favores para seguir adiante, não. É apenas reparar uma situação de injustiça lá atrás — observou, Sergio Moro.