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Polícia Federal afirma que Unick deve R$ 12 bilhões a clientes

A informação consta no relatório parcial do inquérito da Operação Lamanai, concluído na quinta-feira, 14.

16/11/2019 às 01h39 Atualizada em 28/11/2019 às 19h37
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Divulgação
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A Polícia Federal (PF) sustenta que a Unick, empresa de investimentos com sede em São Leopoldo, deve cerca de R$ 12 bilhões a seus clientes. A informação consta no relatório parcial do inquérito da Operação Lamanai, concluído na quinta-feira (14). As informações são de GaúchaZH.

O delegado Aldronei Pacheco Rodrigues, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF, indiciou 13 pessoas. A movimentação financeira contabilizada da empresa nos últimos anos chega a R$ 28 bilhões. Os bens e valores dos sócios da Unick estão bloqueados pela Justiça Federal. Conforme as investigações, há indícios de crimes de organização criminosa e contra o Sistema Financeiro Nacional.

Alvo da PF, empresa suspeita de pirâmide financeira no Vale do Sinos chegou a movimentar R$ 9 bilhõesAlvo da PF, empresa suspeita de pirâmide financeira no Vale do Sinos chegou a movimentar R$ 9 bilhões.

Foram indiciados Leidimar Bernardo Lopes, Danter Navar da Silva, Fernando Marques Lusvarghi, Paulo Sérgio Kroeff, Israel Nogueira e Souza, Sebastião Lucas da Silva Gil, Euler da Silva Machado, Fernando Baum Salomon, Caren Cristiane Greef de Oliveira, Ronaldo Luis Sembranelli, Marcos da Silva Kronhardt, Fabiano Alves da Silva e Ana Carolina de Oliveira Lopes. Entre os indiciados, estão os sócios da empresa e pessoas suspeitas de operar o esquema criminoso. A investigação segue.

A defesa da Unick afirmou que "prefere não se manifestar nesse momento". A reportagem ainda tenta a posição dos 13 indiciados.

A investigação

A Operação Lamanai, que teve apoio da Receita Federal, foi deflagrada em 17 de outubro e resultou na prisão de dez pessoas. Foram cumpridos na oportunidade 65 mandados de busca e apreensão  nas cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Caxias do Sul, Curitiba (PR), Bragança Paulista (SP), Palmas (TO) e Brasília (DF). Segundo a PF, a organização criminosa sediada em São Leopoldo atuava no mercado financeiro paralelo, sem autorização das autoridades competentes.

A promessa de lucro de 100% sobre o valor investido em até seis meses teria atraído um milhão de clientes para os negócios da Unick. Os pagamentos das aplicações podiam ser feitos por boleto, com investimento mínimo de R$ 99. Segundo a Polícia Federal, a empresa gaúcha teria, atualmente, 740 mil cadastros ativos em todo o Brasil. Entre 2017 e o começo deste ano, os retornos prometidos aos clientes foram cumpridos, conforme a PF. 

Os pagamentos teriam permitido fôlego para atração de novos investidores. A remuneração dos clientes se baseava, de acordo com a investigação, na lógica de que os mais antigos investidores seriam subsidiados com o dinheiro dos novos participantes, o que caracterizaria modalidade de pirâmide. Conforme a PF, houve um momento em que, com o aumento do volume de clientes, a captação da Unick teria se tornado menor do que o resgate e os recursos para pagamento dos investidores acabaram se esgotando. A captação de recursos de terceiros deve ser autorizada pelo Banco Central (BC).

O BC obriga que essas empresas tenham base financeira própria para fazer frente à captação de recursos. Quando isso não ocorre, os investidores têm prejuízo. O valor repassado pelos clientes seria investido pela Unick, segundo a PF, no mercado de Foreign Exchange (Forex), na compra e venda de moedas virtuais, operações somente autorizadas às instituições financeiras oficiais, o que não é o caso da Unick.

Investigação semelhante

Em maio, a PF realizou a Operação Egypto para combater crimes semelhantes. Em julho, a Justiça Federal aceitou denúncia contra os 15 acusados de integrar organização criminosa que operava instituição financeira que captava recursos para investimento no mercado de criptomoedas. Conforme as investigações, a Indeal, de Novo Hamburgo, deve cerca de R$ 1,1 bilhão a 23,2 mil clientes.

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