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Preparador de goleiros vai participar do Mundial de Futsal de Surdos 2019

Emerson Bohm, ex-goleiro do BGF e atual técnico da categoria sub-15 da base do Clube Esportivo, vai integrar a comissão técnica da Seleção Brasileira de Futsal de Surdos para a disputa da competição na Suíça.

01/11/2019 às 19h28 Atualizada em 28/11/2019 às 19h37
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Notícias de Bento
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Emerson Bohm/Divulgação
Emerson Bohm/Divulgação

O sonho de qualquer profissional que trabalha no esporte é defender as cores de seu país em uma competição de nível Mundial. O ex-goleiro do BGF, preparador de goleiros e atual técnico da equipe sub-15 do Esportivo vai integrar a Seleção Brasileira de Futsal de Surdos na disputa do Mundial da modalidade, que ocorre entre 06 e 16 de novembro, na Suíça. 

Com uma vasta experiência no futsal, adquirida em passagens por grandes clubes do cenário do futsal brasileiro, Emerson Bohm terá um desafio totalmente novo na sua carreira, desta vez como preparador de goleiros. “A oportunidade chegou através do professor Mauro Caxias, que está no comando da seleção há cinco ou seis anos. Como já nos conhecíamos há muito tempo por meio do futsal, no ano passado estreitamos relações. Se trata de um trabalho voluntário, não temos ganho nenhum financeiramente por estar a trabalho na Seleção Brasileira, mas de imediato eu aceitei”, ressalta Emerson. 

Essa será a segunda competição da qual o profissional participa pela Seleção Brasileira de Futsal de Surdos. No Sul-Americano, realizado no Uruguai, e que serviu de eliminatória para o Mundial da modalidade, o Brasil terminou em segundo, somente atrás da Argentina, conquistando a vaga para a competição. 

No novo desafio, Emerson afirma que integrar a equipe de surdos da Seleção Brasileira foi uma experiência única, e que trouxe uma experiência totalmente nova para a sua carreira. “Aceitei por ser um desafio novo, uma experiência incrível, e afirmo isso com muita tranquilidade, pois no momento que estive junto com eles, o que pude passar para eles foram coisas exatamente de quadra, táticas e técnicas, porém, a nível de vida, eu aprendi muito mais com os atletas do que pude passar algo para eles”, explica.


Desafios dentro e fora de quadra:

Nos treinamentos, apesar de certas dificuldades, sobretudo por não ter conhecimento da linguagem de libras, o clima é totalmente acolhedor. “É uma comunidade extremamente fascinante, alegres, felizes, que te dão uma energia positiva durante todos os dias, o que nos fazem sentir bem e felizes para trabalhar”, ressalta o preparador de goleiros.

As dificuldades na comunicação são apaziguadas, de acordo com Emerson, pelo fato dos goleiros fazerem de forma eficaz a leitura labial, facilitando desta forma os trabalhos dentro de quadra.  “Não possuo linguagem de  libras, isso poderia ser empecilho maior ainda isso se não fosse a capacidade dos goleiros. Os dois goleiros fazem leitura labial e são oralizados”, comenta. 

No entanto, nos treinamentos em geral, comandados pelo técnico Mauro Caxias, há o auxílio de interpretes em determinadas ocasiões. Além disso, existem técnicas para se trabalhar com a comunicação, que são resumidas em gestos demonstrativos. “É diferente, pois estamos acostumados a corrigir algo falando, e nos treinos, para eles é tudo com base na demonstração. Nós trabalhamos com bandeiras, quando é para parar, quando é para seguir, o treino se torna mais lento a nível de informação, não de qualidade ou intensidade”, ressalta Emerson.

Nem paralímpico, muito menos olímpico!

O futsal convencional não é identificado como um esporte olímpico. Da mesma forma, o futsal para surdos também não se configura como paralímpico. Este fato traz dificuldades para o desenvolvimento da modalidade no pais, uma vez que não há como buscar incentivos junto ao governo. Para disputar o Mundial, todos os atletas pagam as despesas do próprio bolso, com exceções de alguns custos. 

Com os esforços da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), a seleção brasileira de futsal evoluiu nos últimos anos e conseguiu parceiros para arcar com determinados custos para participar de mais um Mundial. “A tendência é procurar fazer o melhor lá, oportunizar esses atletas a vivenciar o esporte de alto-rendimento a nível mundial, e batalhar bastante para fazer uma boa campanha”, conclui Emerson. 


O Mundial:

O Brasil estará no grupo C do Mundial, ao lado de Rússia, Japão e Polônia. Para a disputa da competição, a Seleção Brasileira possui atletas que já tiveram a experiência de participar do campeonato, o que poderá ajudar na busca por uma melhor campanha. 

No último Mundial, disputado na Tailândia, o Brasil não passou da primeira fase. “A ideia neste ano é alcançar, no mínimo, as fases de playoffs do Mundial. Em relação ao outro ciclo pré-Mundial, houve uma melhora significativa. A seleção ia diretamente aos jogos no outro ciclo, neste já está há um ano, desde janeiro, com encontros mensais para treinamentos e amistosos”, explica o pelotense. 

Em seu primeiro Mundial pela Seleção Brasileira de Surdos, Emerson afirma estar realizando um sonho. “A oportunidade desses atletas é única. Nesses últimos dias, que antecedem o início da competição, existe uma euforia enorme por parte deles, pois muitos deles estão realizando um sonho, assim como eu. Indiferente da categoria e do esporte que estamos, todo sonho de quem trabalha com isso é defender o seu país em uma competição Mundial, então pra mim é um motivo de orgulho tanto quanto para eles”, ressalta Emerson. 

Trajetória e identificação com Bento Gonçalves

Em sua trajetória como goleiro, o pelotense foi campeão da Liga Nacional pelo Sorocaba, de Falcão e companhia, e colecionou títulos estaduais e continentais por equipes gaúchas. Emerson possui uma grande identidade com Bento Gonçalves, atuando como goleiro no BGF e, nos últimos anos, sendo o preparador de goleiros da equipe profissional do Clube Esportivo, participando do acesso à elite do futebol gaúcho. Atualmente, o profissional de educação física está no comando da equipe sub-15 da base do alviazul. 

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