Após anos representado pelo Clube Esportivo, o voleibol bento-gonçalvense ganhou, em 1999, um clube profissional com a fundação da Sociedade Educativa Cultural Poliesportiva Bento Gonçalves, ou simplesmente Bento Vôlei. A entidade completou, em 2019, 20 anos de trajetória no voleibol nacional, atuando em diversas esferas da sociedade bento-gonçalvense, sobretudo na formação de cidadãos.
A entidade sem fins lucrativos levou o nome da cidade para diversas competições do mais alto escalão do voleibol nacional. O Bento Vôlei conta com participações em competições estaduais, nacionais e sul-americanas, em especial na Superliga, campeonato que disputou onze temporadas consecutivas, iniciando em 1998 (ainda em parceria com o Clube Esportivo), e de 1999 a 2009, trazendo para Bento Gonçalves o título da Liga Nacional de 2007.
Em 2013, foram retomados os trabalhos no departamento profissional do clube. No ano seguinte, a equipe masculina foi vice-campeã da Superliga B, retornando à elite do voleibol brasileiro – a Superliga - na qual permaneceu até 2017. Neste período, a equipe profissional feminina do Bento Vôlei conquistou o vice-campeonato gaúcho de 2014.
Atualmente fora das competições profissionais, o Bento Vôlei direciona o seu foco no trabalho de iniciação ao voleibol. O Projeto Social do clube atua em quatro núcleos descentralizados, em áreas de vulnerabilidade social, beneficiando desde sua implementação mais de 9 mil crianças e adolescentes no município.
No alto-rendimento, o clube trabalha na formação de atletas por meio das categorias de base, desde a categoria Mirim até a Infanto-Juvenil, revelando talentos para o voleibol. Nos últimos anos, o clube contou com diversos atletas formados no Bento Vôlei nas seleções de base da Seleção Brasileira de Voleibol, defendendo o Brasil em competições de nível mundial.
A busca por um espelho às crianças e adolescentes
Diversas pessoas estiveram presentes na consolidação do voleibol profissional em Bento Gonçalves. O técnico português Francisco Ferreira, o Chico, foi o responsável por escrever o estatuto do Bento Vôlei e, por consequência, auxiliar na transição do amador para o profissional. Entusiastas do esporte, sobretudo do voleibol, como Clemente Mieznikowski, e membros da 1ª diretoria do Bento Vôlei, que foi composta por Dorvalino Lovera, Carlos Manfroi e Gelito Mattia, além de diversas outras pessoas, deram o “start” para a fundação do Bento Vôlei e para a formação do Projeto Voleibol 2000, que previa a disputa do clube na elite do voleibol nacional.
Foto: Primeira diretoria foi homenageada em almoço comemorativo dos 20 anos do Bento Vôlei. Em ordem: Romildo Rizzi (Presidente), Dorvalino Lovera (1º Presidente), Eduardo Virissimo (Secretário Municipal de Esportes), Tere Mattia (representando o esposo Gelito Mattia), Tiago Manfroi (representando o pai Carlos Manfroi), Ricardo de Gasperi (Vice-Presidente), Clemente Mieznikowski (Coordenador Geral do Ministério da Cidadania) / Créditos: Kévin Sganzerla
Além de Dorvalino Lovera, o clube foi presidido por Gelito Mattia, Juliano Lazzarotto, Guilherme Lovera, Edelmar Luchese, Marcos Paulo Machado e Romildo Rizzi. Os técnicos Rogério Ponticelli e Mauricy Jacobs também tiveram papel fundamental na implementação e no desenvolvimento do voleibol profissional no clube, tanto no adulto como nas categorias de base do clube.
De acordo com o primeiro presidente do Bento Vôlei, Dorvalino Lovera, a intenção do clube era criar um espelho para as crianças e adolescentes. “Com a ajuda de alguns colegas montamos essa sociedade para disputar a Liga. Não tínhamos a intenção de ser um super time, tínhamos a intenção de dar um espelho às crianças para que elas pudessem se espelhar em alguém e tentar crescer”, ressalta.
O ex-membro da direção do clube e atual Coordenador Geral do Ministério da Cidadania, Clemente Mieznikowski foi um dos idealizadores do Projeto Social Sacada Solidária do Bento Vôlei. Em três décadas dedicadas ao voleibol de Bento Gonçalves, o Professor Clemente, como é conhecido popularmente, auxiliou no desenvolvimento do voleibol como uma ferramenta:
“O Bento Vôlei serviu para que essa ferramenta fosse para a educação através do esporte. O Bento Vôlei, como uma ferramenta que não está dentro das esferas das escolas, serve muito bem para fazer essa complementação na qual a escola não atinge. Foi nisso que sinto que o Bento Vôlei contribuiu nestes 20 anos e continua contribuindo”, afirma o Professor Clemente.
Foto: Bento Vôlei/Divulgação
Desafios para os próximos anos
Com as dificuldades financeiras impostas pelo momento que o país vive, o Bento Vôlei deixou de lado, por um momento, o pensamento no voleibol profissional para dar seguimento e consolidar o trabalho na base e na iniciação. “Essas pessoas foram visionárias e perceberam que o voleibol é um esporte que é agregador, que propicia que os valores sejam trabalhados com as crianças, esse é o grande legado que o Bento Vôlei está deixando para a comunidade, esse trabalho que transforma pessoas”, ressalta o atual presidente do clube, Romildo Rizzi.
O desafio agora, segundo o presidente, é dar sequência aos trabalhos na base para que, futuramente, o clube possa voltar a atuar em competições profissionais. “Estamos trabalhando de forma muito serena no sentido de transpor o momento atual para depois, num momento seguinte, pensar em competições profissionais, pensar em Superliga. Isso para nós está num horizonte um pouco mais distante. A preocupação maior agora é propiciar a essas crianças e adolescentes uma continuidade para o próximo ano e depois, com calma e serenidade, pensar num futuro diferente com competição profissional”, explica.
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