Nesta terça-feira (5 de março), a Polícia Federal lançou a Operação Ossos de Vinha, uma ofensiva significativa para desmantelar um esquema ilícito de venda de produtos importados comercializados sem a devida declaração e tributação. A operação mira a venda de mercadorias através de plataformas digitais, um canal que facilitou a distribuição de produtos ilegais por parte do grupo criminoso envolvido.
A operação ocorre simultaneamente em diferentes municípios, com a execução de seis mandados de busca e apreensão distribuídos entre Muçum, Guaporé e Jaguarão, no Rio Grande do Sul, e Gravatal, em Santa Catarina. Além das buscas, foram aplicadas 12 medidas cautelares substitutivas da prisão preventiva, e determinações judiciais para o arresto e sequestro de veículos e imóveis vinculados aos investigados, bem como o bloqueio de valores mantidos em contas bancárias.
A investigação que culminou nesta operação teve início em outubro de 2021, após a apreensão de uma carga de bebidas na BR 471, em Pantano Grande/RS. Essa descoberta levou à identificação de um esquema de importação e comercialização de uma ampla gama de produtos, incluindo bebidas, televisores e aparelhos de ar condicionado, provenientes principalmente da Argentina e do Uruguai. Estes produtos eram então distribuídos para compradores em grandes centros comerciais, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, por meio de plataformas digitais.
Para ocultar a ilegalidade das operações comerciais, os líderes do esquema utilizavam uma empresa de fachada responsável pela movimentação financeira e pela emissão de notas fiscais fraudulentas. Desde 2019, o grupo conseguiu vender mais de R$ 4,5 milhões em mercadorias ilegais, atingindo clientes em pelo menos seis estados brasileiros, além do próprio Rio Grande do Sul.
A investigação também revelou uma parceria entre os líderes do esquema e um free shop em Rio Branco, Uruguai, onde vinhos importados ilegalmente da Argentina eram trocados por bebidas destiladas. Os envolvidos estão sendo investigados por crimes de descaminho, associação criminosa e lavagem de dinheiro, com penas que podem chegar até 17 anos de prisão.
O nome da operação, “Ossos de Vinha”, faz referência a Dionísio, o deus grego do vinho, simbolizando a conexão do esquema com o comércio ilegal de bebidas alcoólicas. Este caso destaca os esforços contínuos das autoridades brasileiras na luta contra o comércio ilegal e a importância da vigilância constante sobre as atividades comerciais, especialmente aquelas conduzidas através das crescentes plataformas digitais.