A Operação Lamanai, realizada nesta quinta-feira, 17, pela Polícia Federal, prendeu os principais representantes da Unick Forex, empresa que vendia pacotes de investimento prometendo rendimentos muito acima do mercado. Apenas um dos líderes da Unick conseguiu escapar da prisão e é considerado foragido.
De acordo com o delegado Aldronei Pacheco Rodrigues, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, responsável pelo comando da investigação, os presos foram identificados como Leidimar Bernardo Lopes, presidente da Unick Forex, Danter Navar da Silva, diretor de marketing da Unick e o principal rosto da empresa, Fernando Baum Salomon, Paulo Sérgio Kroeff, Israel Nogueira e Souza, Sebastião Lucas da Silva Gil, Euler da Silva Machado, Ronaldo Luiz Sembranelli e Marcos da Silva Kronhardt. Também havia mandado de prisão contra Fernando Marques Lusvarghi, que não foi localizado pela polícia.
Segundo o delegado, a promessa de lucro de 100% sobre o valor investido em até seis meses teria atraído um milhão de clientes para os negócios da Unick Forex. Os pagamentos das aplicações podiam ser feitos por boleto, com investimento mínimo de R$ 99. A Polícia Federal informou que a empresa gaúcha teria, atualmente, 740 mil cadastros ativos em todo Brasil.
Entre 2017 e o começo deste ano, os retornos prometidos aos clientes foram cumpridos, conforme a PF. Os pagamentos teriam permitido fôlego para atração de novos investidores. A remuneração dos clientes se baseava, de acordo com a investigação, na lógica de que os mais antigos investidores seriam subsidiados com o dinheiro dos novos participantes, o que caracterizaria modalidade de pirâmide.
Também foram cumpridas medidas judiciais para apreensão de 48 veículos, sequestro de bens e bloqueio de valores em contas correntes. Apenas em bitcoins, segundo a PF, foram apreendidos R$ 50 milhões. A corporação ainda não tem o valor total de bens e recursos apreendidos. "Se calcula que alguns milhões de reais serão guarnecidos e talvez essa seja a única forma de ressarcir essas pessoas que tiveram prejuízos", revelou o delegado Aldronei.
Polícia Federal já prepara a segunda fase da investigação
A operação investiga os crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, organização criminosa, crime contra o sistema financeiro e crime contra a economia popular. A partir da análise dos objetivos e informações apreendidas, a PF começará a segunda fase da investigação, com análise do material. A empresa já alastrava seus negócios para países como Estados Unidos e Austrália e tinha um centro de negócios em Belize, na América Central. As investigações da PF seguirão apurando quais tipos de negócios eram feitos no exterior.
O que diz a defesa da Unick
O escritório Nelson Wilians e Advogados Associados, que representa a Unick, divulgou apenas uma nota sobre a operação da Polícia Federal. Confira a íntegra do documento:
"O escritório Nelson Wilians e Advogados Associados, que representa juridicamente a UNICK Academy, vem reafirmar o compromisso da empresa em colaborar com as autoridades competentes, prestando as informações necessárias para apuração de quaisquer eventuais fatos que tenham ocorrido em relação a suas operações. A empresa reafirma seu compromisso com seus clientes e acredita na Justiça e nos esclarecimentos dos fatos".
Mín. 16° Máx. 26°