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Câmara de Bento aprova moção de repúdio contra propaganda do MPT que ofende produtores do Sul

A campanha publicitária gerou polêmica, pois ao querer retratar o que ocorreu em Bento Gonçalves em 2023, colocou os próprios produtores de uva como exploradores dos trabalhadores, sendo que, nesse caso, o responsável pelo crime foi uma empresa terceirizada. A moção foi de autoria do vereador Duda Pompermayer.

14/02/2024 às 17h45
Por: Renata Oliveira Fonte: NB Notícias
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Registro da campanha, a qual já foi retirada de todas as plataformas de comunicação.
Registro da campanha, a qual já foi retirada de todas as plataformas de comunicação.

Os vereadores de Bento Gonçalves votaram nesta quarta-feira, 14, uma moção de repúdio contra à campanha publicitária do Ministério Público do Trabalho, a qual ofendia diretamente os produtores de uva do Sul, em especial os da Serra Gaúcha. A moção foi aprovada por unanimidade de votos. 

No início de 2024, os gaúchos descobriram uma campanha publicitária com o título de "Desconfie de propostas encantadoras", promovida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia, e o seu conteúdo foi um tanto polêmico. O problema da peça é que, em um dos vídeos institucionais exibido em um aeroporto de Salvador é mostrado um trabalhador, prestes a se tornar pai, aceitando um trabalho temporário numa lavoura de uva no Sul para dar melhores condições de vida à sua família. Mas, ao chegar na fazenda, ele se deparou com uma grande dívida que custeou sua viagem e acabou submetido ao trabalho análogo à escravidão.

O vídeo, gravado no aeroporto por um popular, viralizou nas redes sociais e com isso, muitos políticos se revoltaram com a situação, pois o MPT quis retratar o que ocorreu com cerca de 207 trabalhadores oriundos da Bahia que foram resgatados em uma pousada em Bento Gonçalves. Acontece que, neste caso, os produtores rurais foram colocados como os agentes diretos da proposta enganosa feita aos trabalhadores, sendo que uma empresa especializada em oferecer serviço terceirizado para várias empresas de diversos setores na região é que foi a responsável por todas as ações.

Com isso, o vereador Duda Pompermayer (PP) propôs a moção de repúdio ao órgão. No documento, o parlamentar destaca o quão prejudicial essa campanha pode ser à região. "Entendemos a importância de campanhas de conscientização sobre questões sociais, incluindo aquelas relacionadas ao trabalho e aos direitos humanos. Contudo, é crucial que tais iniciativas sejam fundamentadas em fontes concretas e respeitem a integridade das comunidades e pessoas envolvidas. No caso em questão, a campanha falha em reconhecer a realidade socioeconômica da nossa região, onde os produtores rurais têm historicamente demonstrado um compromisso inabalável com o respeito aos direitos trabalhistas. A alegação de práticas análogas à escravidão é não apenas infundada, mas também prejudicial à reputação e dignidade de toda a comunidade local. É importante salientar que experiências passadas foram casos isolados e não representam todos os nossos produtores rurais, dos quais nos orgulhamos muito. A nossa região tem trabalhado incessantemente para erradicar qualquer prática que desrespeite os direitos humanos, promovendo condições de trabalho justas e éticas," coloca o vereador. 

Um dos seus colegas, José Gava (PDT), colocou que há uma grande perseguição contra os produtores rurais gaúchos. "Há uma grande perseguição, tiraram o Sul para Cristo. É Polícia Federal batendo na porta de agricultor com 6/7 hectares de terra, é helicóptero, drones...uma operação que poderia estar sendo usada para o crime organizado e não para isso. Parece um pesadelo, temos sim que repudiar, pois o colono está sofrendo muito, principalmente com a perda de 50% da safra e a queda do preço da uva," comenta Gava. 

A moção era a única matéria em pauta e foi aprovada por unanimidade de votos. 

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