O Ministério Público do Trabalho (MPT) vem realizando campanhas contra o trabalho escravo no Brasil há alguns anos por meio do Projeto Liberdade no Ar. Porém, a Campanha de 2023, mas descoberta recentemente nas redes sociais em 2024, ofende diretamente os produtores de uva do Sul do Brasil e, em especial a Serra Gaúcha, uma das regiões mais empreendedoras do país.
O título da campanha é "Desconfie de propostas encantadoras". Foram feitos dois vídeos institucionais que estão sendo exibidos nos aeroportos brasileiros. Um deles repercutiu negativamente ao ser exibido no aeroporto de Salvador, na Bahia. Nele, um trabalhador prestes a se tornar pai aceitou um trabalho temporário numa lavoura de uva no Sul do país para dar melhores condições de vida à sua família. Mas, ao chegar na fazenda, ele se deparou com uma grande dívida que custeou sua viagem e acabou submetido ao trabalho análogo à escravidão.
O problema do material é a amostragem feita como se os produtores rurais de uva, fossem fazendeiros escravagistas e que só exploram a mão de obra das pessoas que ajudam na colheita da uva. O MPT quis retratar o que ocorreu com cerva de 207 trabalhadores oriundos da Bahia que foram resgatados em uma pousada em Bento Gonçalves. Acontece que, neste caso, os produtores rurais foram colocados como os agentes diretos da proposta enganosa feita aos trabalhadores, sendo que uma empresa especializada em oferecer serviço terceirizado para várias empresas de diversos setores na região é que foi a responsável por todas as ações.
Para o prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, a ação foi ofensiva e indignante. Ele destacou em um vídeo que a grande maioria dos produtores rurais de uva de Bento Gonaçlves e região são agricultores com pequenas propriedades e foram tão vítimas quanto os trabalhadores resgatados na cidade no ano passado. O deputado estadual Guilherme Pasin (Progressistas) foi mais longe. Ele protocolou um ofício direcionado ao Ministério Público do Trabalho, em Porto Alegre, Ministério Público do Trabalho, em Brasília, e à Infraero para a imediata retirada de circulação da peça publicitária que desonra a imagem do nosso Estado e de produtores que há décadas auxiliam no desenvolvimento da Serra Gaúcha por meio da produção da uva.
O projeto Liberdade no Ar, do Ministério Público do Trabalho, tem como objetivo treinar o olhar da sociedade, disseminando conteúdo entre os viajantes e capacitando profissionais que atuam no transporte de passageiros sobre o tema para desconfiar de promessas ‘encantadoras’ de emprego que camuflam fraude e exploração, e treinar o olhar para perceber situação em que as pessoas sejam vítimas da prática, sempre com o cuidado de não estigmatizar viajantes em razão de raça, gênero e condição migratória.