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"Bento é uma das cidades mais violentas do estado e o governo não está vendo isso"

Delegado Álvaro Pacheco Becker desabafa em coletiva, informando que só tem 2 policiais para investigar os homicídios ocorridos na cidade, que não recebe atenção especial do governo estadual.

26/09/2019 às 12h01 Atualizada em 28/11/2019 às 19h37
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Notícias de Bento
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Notícias de Bento
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Um desabafo sincero e preocupante marca a situação de insegurança que vive a Polícia Civil em Bento Gonçalves. Cansado de esperar auxílio do Governo do Estado e de ser cobrado diariamente pela comunidade, o delegado Álvaro Pacheco Becker, titular da 2ª Delegacia de Polícia, desabafou em coletiva sobre dois homicídios e reclamou abertamente sobre a omissão do governo do estado com o município. Para ele, Bento Gonçalves é uma das cidades mais violentas do Rio Grande do Sul e só os integrantes do governo estadual não estão vendo isso.

A coletiva para a imprensa foi dada nesta quarta-feira, 25, para anunciar a elucidação de dois homicídios, entre eles a maior chacina da Serra Gaúcha em 2019. Porém, diante das perguntas incisivas dos repórteres presentes, o delegado, em tom de desabafo, denunciou a situação precária que a Polícia Civil em Bento está vivendo. "Temos 43 homicídios no ano, praticamente um por semana, e contamos apenas com 2 policiais para realizar o serviço de investigação. Eles fazem das tripas coração aqui e, mesmo assim, ainda conseguem resolver os casos. Mas é tudo muito demorado, não conseguimos dar a resposta que a população merece trabalhando desta forma", destacou Becker.

O delegado foi mais além e sentenciou: "Ao contrário do Rio Grande do Sul, aqui em Bento as mortes só estão aumentando. Somos uma das cidades mais violentas do estado e só o governo estadual não enxerga isso. Estamso perdendo a guerra contra o tráfico e, como policial, isso me deixa muito indignado", afirmou.


A média em 2019 é de uma morte por semana na Capital do Vinho. Com mais de 40 anos na Polícia Civil, o delegado garante que esta é a pior situação vivida na corporação até hoje. Sem medo de represálias, ele responsabiliza o Governo do Estado pela situação caótica vivida pela Polícia Civil em Bento. "Não temos o respaldo do governo. No Rio Grande do Sul existe um programa de governo que leva em conta dados dos últimos 10 anos. As 18 cidades mais violentas naquele período recebem uma atenção maior, e Bento Gonçalves ficou de fora. Mas, de 2017 para cá, Bento Gonçalves se tornou a cidade mais violenta do Estado. São mortes a todo momento. Estamos preocupados e entendo que o governo também deveria se preocupar e dar uma atenção maior para a cidade, que carece de mais profissionais nesta área. Estamos penando. Digo que nós, em Bento Gonçalves, estamos em uma guerra contra o tráfico, que está cada dia mais evidente e tomando conta da cidade. Nós estamos perdendo esta guerra. Eles estão mais organizados, armados e equipados. Na medida que aprofundamos as investigações, vemos que estas facções estão brigando porque esta é uma cidade próspera para eles. A culpa é do governo que não olha como deveria para a cidade e não a coloca neste projeto de segurança. A Polícia Civil está capenga e é muito difícil dar conta, pois toda semana há um homicídio a mais para ser investigado. Não adianta a Brigada Militar prender se a Polícia Civil não consegue fazer um inquérito com provas fortes para que a Justiça mantenha estes indivíduos presos", finalizou o delegado.

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