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Relembre: um ano dos atos antidemocráticos em Brasília

No epicentro dos acontecimentos, o acampamento dos manifestantes diante do Quartel General do Exército cresceu exponencialmente, multiplicando sua presença por quase 20 vezes.

08/01/2024 às 07h20 Atualizada em 08/01/2024 às 12h01
Por: Renata Oliveira Fonte: Agência Brasil
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© Marcelo Camargo/Agência Brasil
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

No domingo, 8 de janeiro de 2023, o Distrito Federal testemunhou um evento inesperado e aterrorizante que marcará páginas sombrias na história brasileira. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) previa um dia comum, mas, por trás das condições climáticas, uma movimentação atípica agitava o cenário político na capital.

No epicentro dos acontecimentos, o acampamento dos manifestantes diante do Quartel General do Exército cresceu exponencialmente, multiplicando sua presença por quase 20 vezes. O sábado, 7 de janeiro, contou com 5.500 manifestantes, em comparação aos modestos 300 dois dias antes. O local escolhido para o acampamento, o Setor Militar Urbano (SMU), já era uma afronta às normas, sendo uma área de "servidão militar".

O clima era de tensão, e agências de inteligência, como a Agência Brasileira de Inteligência, o Comando Militar do Planalto e a Secretaria de Segurança Pública, monitoravam de perto o aumento da aglomeração e os riscos associados.

A situação culminou em uma marcha inédita, quando os manifestantes, por volta das 13h, partiram do acampamento em direção aos Três Poderes, a nove quilômetros de distância. O caos se instaurou duas horas depois, quando um atentado terrorista sem precedentes teve início, visando o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.

O relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos do Dia 8 de janeiro de 2023 descreve a magnitude do ataque, que resultou em destruição parcial das sedes dos Três Poderes. As forças de segurança responderam imediatamente, mas os danos já estavam feitos. A nação estava estupefata diante de uma ação sem precedentes, desafiando a estabilidade e a segurança institucional.

Todos os passos foram identificados e constam no relatório da CPMI do 8 de janeiro. Confira um retrospectiva dos principais momentos:

8h20 – Alertas da Abin informam que até esse horário haviam chegado 101 ônibus a Brasília para “os atos previstos na Esplanada.”

10h – Novo alerta da Abin, a grupo do WhatsApp formado pela PMDF e o GSI/PR entre outros, continua a chegada de manifestantes ao QG do Exército e “que permanecem convocações e incitações para deslocamento até a Esplanada dos Ministérios, ocupações de prédios públicos e ações violentas.”

13h – Marcha com milhares de pessoas deixa o acampamento do Setor Militar Urbano.

13h23 - Fernando de Sousa Oliveira, substituto de Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública do DF envia áudio ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, tranquilizando-o sobre a manifestação.

14h30 – Informe da Abin registra que a marcha alcança a primeira barreira policial na Via N1, na altura da Catedral.

14h43 – Grupo chega à linha de contenção formada por duas linhas de gradil localizada na Avenida das Bandeiras.

14h45 – À frente do Congresso Nacional estão apenas 20 PMs do 1º Batalhão de Policiamento de Choque.

15h – Golpistas já conseguiram subir a rampa do Congresso para invadir e destruir prédio.

15h10 – Outros grupos invadem o estacionamento e a parte de trás do Palácio do Planalto.

15h15 - 12 PMs do 2º Pelotão de Policiamento de Choque chegaram ao Congresso, mas não reprimem os invasores e “chegaram a sinalizar para que os presentes prosseguissem com a invasão”, descreve relatório da CPMI.

15h16 – PM se retira da via S1 na altura do Congresso, e liberam acesso aos insurgentes para alcançarem o prédio do Supremo Tribunal Federal.

15h20 – Vândalos derrubam as grades de isolamento do Palácio do Planalto, sobem rampa, quebram os vidros da fachada e entram no prédio.

15h26 – Manifestantes chegam à Praça dos Três Poderes em ponto próximo ao STF.

15h37 – Inicia a invasão do edifício-sede do STF

15h45 – Golpistas chegam ao 3º andar do Planalto, onde fica o gabinete do presidente da República.

15h53 – PMs abandonam o prédio do Congresso Nacional. Alguns deles são atacados pelos terroristas.

16h25 – Inicia a expulsão invasores dos prédios públicos.

16h40 - Chega ao Palácio do Planalto o Batalhão da Guarda Presidencial (BGP)

17h - O Batalhão de Choque da PMDF, requerida duas horas antes, chegou ao Congresso Nacional.

17h08 – O governador do DF, Ibaneis Rocha, demite o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, em férias antecipada nos Estados Unidos.

17h15 – Entram no palácio presidencial a Companhia da Base de Administração e Apoio do Comando Militar do Planalto e um pelotão do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas.

17h30 – Boa parte dos prédios invadidos estão desocupados, mas multidão ainda se concentra em parte externa do Congresso Nacional.

17h50 – De Araraquara (SP), o presidente Lula decreta intervenção federal na Secretaria de Segurança Pública do DF.

18h20 – Extremistas colocam fogo no gramado do Congresso Nacional.

19h – Em vídeo na internet, o governador Ibaneis Rocha pede desculpas à população.

20h – O interventor na Secretaria de Segurança do DF, Ricardo Capelli, convoca todo efetivo de segurança para a Esplanada para efetuar o maior número possível de prisões e expulsar os insurgentes da área. Capelli negocia com militares as prisões no acampamento do SMU, que ocorreriam nas primeiras horas do dia 09/01.

21h17 – Dos Estados Unidos, cerca de 6 horas após o início das invasões e depredações, o ex-presidente Jair Bolsonaro publica nota em rede social condenando os ataques e se eximindo de qualquer responsabilidade.

22h – O presidente Lula vistoria o Palácio do Planalto e o STF em companhia dos ministros Rosa Weber, Roberto Barroso e Dias Toffoli.

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Joedson Alves/Agencia Brasil
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