A morte de Evandro Romagna, de 31 anos, ocorrida na Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas de Bento Gonçalves, ainda dará muito o que falar. A família dele aguara o resultado da necrópsia para verificar se houve negligência médica. Porém, a esposa de Romagna, Caroline Skoropad, denuncia irregularidades no atendimento do médico que estava de plantão no local.
A reportagem do NB Notícias falou com exclusividade com Caroline. Ela acompanhou o marido até a UPA 24 Horas e esteve presente durante todo o atendimento dos médicos a Evandro Romagna. Segundo Caroline, seu marido estava reclamando de dores no peito desde o meio-dia e, no final da noite da segunda-feira, 11, resolveram ir até a UPA 24 Horas. Ela destacou que o serviço de triagem foi rápido e a atendente foi bem atenciosa, deixando que ela acompanhasse o marido, que estava fraco no momento.
Os problemas começaram quando o marido foi atendido pelo médico que era o plantonista do horário. Caroline Skoropad diz que o médico a interpelou, perguntando o que ela estava fazendo ali. Quando disse que estava acompanhando o marido, por ele estar debilitado, ela ouviu do profissional que ela não podia estar ali, pois acompanhante era somente para crianças e idosos. "A grosseria como me tratou foi surreal", revela.
Caroline revelou que durante a consulta, relatou ao profissional que o marido tinha histórico de problemas cardíacos na família, informação que foi ignorada pelo médico. "Meu marido chegou na UPA com fortes dores no peito e formigamentos nas mãos. Ele simplesmente disse que se fosse algo ligado ao coração, Evandro já estaria morto, por causa de sua idade. O profissional disse que poderia ser ansiedade ou pânico e receitou remédios para dor, deixando-o em repouso e sem pedir nenhum exame", afirma Caroline.
Cerca de uma hora depois, seu marido passou a ser atendido por outro profissional de saúde. Ela revela que em nenhum momento Evandro Romagna teria dito que as dores tinham sumido. "Ele disse para o médico que as dores continuavam, mas estavam diminuindo. onde o profissional disse que iria liberá-lo para irmos pra casa e que ele teria que ir ao posto de saúde marcar uma consulta com um psiquiatra", destacou a esposa.
Caroli Skoropad detalhe que, quando estavam saindo da UPA, Evandro Romagna caiu de rosto no chão violentamente. Foi socorrido, porém, acabou morrendo devido a uma parada cardiorrespiratória. "Minha indignação é em relação ao primeiro médico, que não pediu nenhum tipo de exame, que poderia salvar a vida do Evandro, talvez um eletrocardiograma. Cheguei caminhando com meu marido lá na UPA e saí só com as roupas dele", lamenta Caroline.
O falecimento de Evandro Romagna foi registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) e a investigação ficará a cargo da 2ª Delegacia de Polícia. O delegado Rodrigo Morale aguarda o resultado da necropsia para definir se haverá, ou não, abertura de inquérito policial.
O que diz a Prefeitura de Bento Gonçalves
A Prefeitura de Bento Gonçalves emitiu uma segunda nota oficial nesta quinta-feira, 14. Confira o comunicado:
"A Prefeitura de Bento Gonçalves lamenta profundamente e se solidariza com a família do cidadão, que faleceu na Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas, na terça-feira (12). A Secretaria repassou, nesta quinta-feira (14), aos familiares as informações necessárias e documentações solicitadas. Paralelamente, com total transparência e sem julgamentos prévios, a Procuradoria Geral do Município (PGM) solicitou abertura de sindicância para apurar os procedimentos adotados no atendimento. As equipes técnicas estão levantando minuciosamente as informações. Mais uma vez, a Prefeitura reitera seu profundo pesar e respeito à família".
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