Com 15 anos de idade, uma fatalidade deixou o bento-gonçalvense Volmir Raimondi sem visão. O episódio marcou a transformação de sua vida, porém não o impediu de seguir em frente. Pelo contrário, apesar de suas limitações por conta da deficiência visual, Volmir impactou pessoas do mundo todo com o seu trabalho dedicado à inclusão, cuja luta alcançou âmbitos de grande relevância, tornando-se representatividade na Organização das Nações Unidas (ONU). 

Volmir Raimondi fez de sua deficiência e, sobretudo, de sua resiliência uma oportunidade para transformar a vida de outras pessoas com o seu empenho em lutar pelos direitos e pela inclusão. Em 1983, fundou a Associação dos Deficientes Visuais de Bento Gonçalves, cuja entidade presidiu durante cerca de 13 anos. O seu trabalho ganhou destaque, sobretudo nas décadas de 1990 e 2000, quando se tornou Presidente Regional da Federação Brasileira de Entidades de e para Cegos e Coordenador da Comissão de Jovens da União Latino Americana de Cegos. Em 2003 até 2008, foi Presidente da União Brasileira de Cegos. 

Além de alcançar a luta em prol dos deficientes visuais em âmbitos nacional e continental, tornando-se Presidente da União Latino Americana de Cegos, o seu trabalho foi reconhecido, aos poucos, também a nível mundial. Volmir foi nomeado Patrono da Fundação ONCE para a Solidariedade com a América Latina ”Espanha” por três mandatos e Presidente regional e membro do executivo da União Mundial de Cegos (WBU), por dois mandatos. À frente dessas entidades, Volmir esteve em espaços de grande importância para abordar sobre a causa.  

"Comecei a minha história aqui como presidente e fundador da Associação dos Deficientes Visuais de Beto Gonçalves, e a partir daí foi uma sequência de conquistas subindo nesses cargos políticos, para a Federação Gaúcha, Associação Nacional, União Latino-Americana de Cegos, e cheguei até o patamar da União Mundial de Cegos. Dentro dessas entidades consegui estar em lugares importantes e lugares que me permitiram falar em nome dessa causa, como, por exemplo, a ONU, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Parlamento Europeu. Nesses espaços eu consegui levar demandas que são internacionais, ou seja, que servem para qualquer pessoa com deficiência, das várias deficiências, e de todo o mundo, tanto de pessoas em Bento Gonçalves quanto em Nova York, como em qualquer outro lugar", relata. 

Mesmo com as limitações impostas pela deficiência visual, Volmir não deixou se abater e fez da causa um propósito de vida. "O que mais me motiva é saber que eu tenho um papel a cumprir na vida, que é melhorar a minha vida como pessoa com deficiência, a minha esposa também como pessoa com deficiência visual também, e de todos os colegas. Acho que a motivação buscamos a partir do momento que temos o conhecimento e sabemos que é necessário fazermos alguma coisa para melhorar, para mudar a realidade atual", salienta Volmir. 

O bento-gonçalvense também fez parte de importantes segmentos em prol das pessoas com deficiência, sendo nomeado Conselheiro Nacional do Conselho Nacional da Assistência Social, Conselheiro Titular do Conselho Nacional de Saúde representando o segmento dos Usuários e Membro da Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde, entre outros segmentos dentro da organização pública, seja a nível municipal como nacional. 

Conforme Volmir, muitas conquistas em prol das pessoas com deficiência foram alcançadas, porém a política pública ainda está longe de ser a ideal. "Assim como no passado, ainda temos muitas demandas na área de educação, na área de acessibilidade da cidade, fazer algumas campanhas de esclarecimento ainda para a população, porque a questão da deficiência não muda, ela sempre vai requerer adaptação e conhecimento. Quanto mais conhecimento a gente conseguir distribuir para a nossa população, mais fácil vai se tornar a vida das pessoas comerciantes. E acessibilidade a gente fala tanto nos meios digitais quanto nos meios físicos e, principalmente como é que a gente se relaciona com as pessoas da nossa comunidade e elas se relacionam conosco", explica. 

Volmir se tornou um exemplo que, apesar das limitações, é possível chegar longe com determinação e resiliência em prol de uma nobre causa, a qual impacta a vida de milhões de brasileiros com as mais diferentes deficiências existentes. Para essa população em especial, ele direciona uma mensagem: "Eu digo para as pessoas que têm deficiência como eu que elas devem sair de casa, mostrar-se ao mundo, estudar, trabalhar, movimentar-se, porque isso traz realizações, alegria, satisfação pessoal, então acho que as pessoas têm que saber que a vida está aí para ser vivida e nós todos temos que ter esse compromisso de viver a vida o melhor que a gente pode e tentar transformar essa vida em algo feliz e produtivo", pondera. 

A história de superação e de dedicação à causa de Volmir Raimondi foram aplaudidas em Portaria de Louvor e Agradecimento da Câmara Municipal de Vereadores de Bento Gonçalves, de preposição do vereador Marcos Barbosa.