A exposição "CORPO NEGRO QUE BAILA", produzida pelo Movimento Negro Raízes em parceria com a Secretaria de Cultura de Bento Gonçalves e o Museu do Imigrante, será inaugurada oficialmente no dia 8 de novembro, quarta-feira, às 19h. O objetivo da exposição é homenagear Moacir Corrêa, conhecido como "Moa", um dos precursores do Teatro e da Dança em Bento Gonçalves.
A vida de Moacir Corrêa e sua relação com a arte em Bento Gonçalves começaram na infância, quando ele assistiu a uma peça teatral chamada "O Rapto das Cebolinhas", de Maria Clara Machado, em sua escola. Naquela época, não havia uma casa de espetáculos na cidade, e as apresentações ocorriam nos Cinemas Marco Polo e Ipiranga.
Inspirado por aquela atmosfera de teatro, luzes e atores, Moacir decidiu que a arte seria sua paixão pela vida. Sua primeira oportunidade de subir ao palco aconteceu na Escola Polivalente, onde dançou para o público pela primeira vez. Após essa apresentação, foi convidado a participar de uma peça teatral natalina, o que o impulsionou a seguir carreira nas artes cênicas.
A partir dos anos 80, Moacir se dedicou ainda mais à sua carreira artística, recebendo prêmios como melhor ator, diretor, figurinista e cenógrafo. Ele também realizou pesquisas sobre a cultura africana, o que o levou a palestrar sobre o tema em espaços educacionais. Moacir participou de diversos grupos teatrais e organizou outros tantos, proporcionando a centenas de alunos a oportunidade de se envolver com as artes.
Na área da dança, Moacir superou o tabu de ver homens negros dançando e recebeu acolhimento na Escola de Dança Renascença. Durante sua carreira, ministrou aulas, participou como jurado em concursos e festivais, viajou pelo país e para o exterior em busca de conhecimento e aprimoramento na arte. Ele deixou seu legado como referência nas artes e na cultura, influenciando estudantes e artistas de diversas gerações.
Moacir também se dedicou a projetos que visavam promover a arte, como o Centro Integrado de Artes Cênicas, que oferecia aulas gratuitas para crianças de baixa renda em diversas modalidades artísticas. Ele também foi um defensor da criação de uma Secretaria de Cultura, da Lei de Incentivo à Cultura, do Fundo de Cultura e da construção do prédio que abriga a Fundação Casa das Artes. Após 48 anos dedicados à arte, Moacir agradece ao teatro e à dança por tudo que proporcionaram em sua vida, incluindo a oportunidade de conhecer lugares e pessoas maravilhosas ao redor do mundo.
O Movimento Negro Raízes se sente honrado em realizar essa exposição como uma forma de homenagear Moacir Corrêa, reconhecendo sua contribuição para as artes cênicas em Bento Gonçalves. Qualquer registro da arte em Bento Gonçalves e região estará incompleto sem o reconhecimento desse precursor da cultura teatral e da dança em nosso município.