O vereador Agostinho Petroli (MDB) revelou no seu momento na tribuna da sessão desta segunda-feira, 16, um caso que, até então, estava ocultado pela Secretaria da Cultura e a organização da 38ª Feira do Livro de Bento Gonçalves. De acordo com as informações recebidas e expostas pelo parlamentar, um escritor que foi visitar uma das escolas da cidade leu um poema ofendendo o ex-presidente, Jair Bolsonaro, e seus seguidores e isso não teria agradado os pais nem os alunos da instituição, causando uma grande confusão.
De acordo com as informações, o autor gaúcho Ronald Augusto foi convidado para participar da programação da 38ª Feira do Livro da cidade, com isso, foi visitar algumas escolas do município, sendo uma delas o Instituto Estadual de Educação Cecília Meireles no dia 06 de outubro. Conforme os relatos recebidos, na data, o autor leu um poema de abertura onde ofendia o ex-presidente, Jair Bolsonaro, e seus seguidores os chamando de símios (o que significa macacos) e isso fez com que alguns alunos e professores se retirassem do local em forma de protesto, porém, muitos pais ficaram sabendo e foram cobrar a Diretoria da Escola, a Secretaria de Cultura e a 16ª Coordenadoria Regional de Educação (16ª CRE).
Com isso, o vereador Agostinho Petroli leu uma nota de repúdio sobre o fato durante seu momento da tribuna, ao mesmo tempo que explanava a situação ao público e cobrava um posicionamento da organização da Feira do Livro. "Eu quero registrar a minha nota de repúdio a ação e manifestação de um convidado à Feira do Livro ao palestrar em escola do município, dentre elas o Instituto Estadual de Educação Cecília Meireles. No contexto tão polarizado que se vive, o direito de expressão e partidárias são salutares em movimentos e manifestações organizadas com este fim. É preciso ter presente que a liberdade de expressão não pode ser utilizada para violar os direitos fundamentais da dignidade humana, a igualdade, a não discriminação e o direito a honra. Não pode ser usado o escudo da liberdade de expressão para prática de crime de injúria para incitar a prática da discriminação, da difamação, da calúnia e fazer apologia ao crime. Como forma de protesto diante à fala do escritor, professores e alunos incomodados se retiraram do ambiente como forma de protesto. Uma fala desnecessária, inoportuna, uma vez que o intuito da Feira do Livro de levar os autores até os bancos acadêmicos é de promover o hábito da leitura. Ainda mais, nossa perplexidade por não ter havido um posicionamento imediato por parte dos coordenadores da educação e dos organizadores da Feira e ainda se encontram em silêncio. A manifestação do escritor demonstra a falta de bom senso e ausência da observância do tempo e do lugar em que se encontrava. Deveria ter utilizado o tempo para estimular os alunos na busca por leitura edificantes e de crescimento intelectual," comenta Petroli.
O coordenador da 16ª CRE, Alexandre Misturini, contou que conversou sobre o assunto com a equipe diretiva do Instituto Cecília Meireles, mas que a responsabilidade era de quem levou o autor até escola, sendo assim: da organização da Feira do Livro. "Nós ligamos na Escola, conversamos com a equipe diretiva, fizemos todo um trabalho junto com a nossa assessoria referente ao ocorrido, mas quem vai emitir alguma nota ou posicionamento é a Comissão Organizadora da Feira do Livro," explicou Misturini.
A Reportagem do NB questionou a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal sobre o assunto, que enviou a nota destacando que o fato foi uma "manifestação isolada" e que "de nenhuma forma, representa o espírito da Feira". Confira abaixo:
A realização da Feira do Livro de Bento Gonçalves é norteada pelos valores da promoção do conhecimento, do respeito e do fortalecimento das atividades literárias e culturais de toda a nossa comunidade.
Portanto, manifestações que não estejam de acordo com esses princípios, não contam com endosso e tampouco representam o evento.
Continua após a publicidadeA organização da Feira repudia toda e qualquer fala ofensiva e desrespeitosa.
O episódio em questão trata-se de uma manifestação isolada e deve ser entendida como um posicionamento individual e que, de nenhuma forma, representa o espírito da feira.
O tema já foi tratado com a escola e também internamente para que sempre prevaleçam nas atividades o interesse público e os nobres valores do evento.