A coragem e a paciência são os dois principais fatores que o Bento Vôlei está lidando na tentativa de dar continuidade às atividades promovidas pelo clube. A burocracia que permeia as Leis de Incentivo ao Esporte é a dor de cabeça que a direção está enfrentando, e que está provocando a cada ano um rompimento no planejamento do clube, tanto para as categorias de base como para o projeto social.
Se antes o projeto social do Bento Vôlei chegou a alcançar 742 crianças e adolescentes atendidas em diversos núcleos espalhados por Bento Gonçalves, atualmente, segundo a coordenadora do projeto, Tati Alvez, este número decaiu em quase 50%, totalizando 380 participantes, em quatro núcleos. Neste ano não há expectativas para a ampliação dos atendimentos, porém o clube já está trabalhando visando retomar as atividades dos projetos sociais em um âmbito maior para 2020.
— Está faltando um maior comprometimento dos entes públicos, nas três esferas (municipal, estadual e federal) referente aos projetos sociais esportivos, não reconhecendo de certa forma a relevância destes e dificultando através das questões burocráticas a grande oportunidade que estes projetos representam para a comunidade e principalmente para a vida destas crianças e adolescentes — ressalta Tai Alvez.
Na categoria de base, a demora para a aprovação de projeto junto a Lei de Incentivo ao Esporte (Pró-Esporte) provocou a debandada de atletas e o rompimento com o desenvolvimento dos atletas em quadra. O clube, consequentemente, teve que iniciar do zero as atividades, direcionando o seu foco para a reestruturação das categorias de base, integrando novos atletas nos diversos níveis da base do clube. Atualmente, o clube conta com pouco mais de 100 atletas na base, desde o Mini Voleibol (sub-11) até a categoria Infanto-Juvenil (sub-17).
— Estamos trabalhando a todo vapor nas categorias de base. No primeiro semestre tivemos uma dificuldade de início devido à questão logicamente financeira. O clube conseguiu finalmente aprovar um projeto no Pró-Esporte, que é a Lei de Incentivo ao Esporte a nível estadual, baseado no ICMS, e a direção agora está em busca de empresas parceiras para captar o ICMS e colocar em desenvolvimento esse projeto — afirma Mauricy Jacobs, coordenador das categorias de base do Bento Vôlei.
Dentre as modificações em relação aos últimos anos, o Bento Vôlei agora está cobrando uma mensalidade dos atletas para auxiliar na manutenção das atividades na base.
— Por enquanto, o clube está se mantendo através das mensalidades dos pais. É uma mudança, uma vez que o Bento Vôlei sempre ofereceu o voleibol de forma gratuita em todos os níveis. Neste ano, devido às dificuldades, a direção resolveu pedir uma contribuição. Existem famílias e atletas que não podem pagar, ou que não conseguem pagar todo o valor solicitado, então é feito uma adequação, mas ninguém é excluído — explica Mauricy.
BUROCRACIA EMPERRA COM A CONTINUIDADE E DESENVOLVIMENTO DOS PROJETOS
Já faz dois anos em que o clube enfrenta dificuldades para dar sequência às atividades nas categorias de base do clube. O atraso no início dos treinamentos quebra com a continuidade do desenvolvimento dos atletas dentro de quadra e, sobretudo, provoca a saída em massa de atletas, sobretudo nos últimos níveis de categoria de base.
— Essas leis de incentivo, tanto a Lei de Incentivo ao Esporte Federal como Estadual são muito demoradas, é um processo muito lento, que exige muita documentação, exige muito esforço da diretoria para aprovar, e depois tem a questão da captação para buscar esse imposto e só depois colocar em prática. Isso demanda de um tempo muito grande e lá na quadra não se pode esperar — explica o coordenador da base.
Nos últimos anos, a categoria Infanto-Juvenil, que disputa a principal competição de vôlei no Estado, uma vez que não há voleibol adulto profissional, perdeu diversos atletas que se destacaram em quadra vestindo a camisa do Bento Vôlei.
— Nós somos um grande formador de talentos, então nossos melhores atletas são constantemente assediados pelos clubes. Quando esse processo demora, esses atletas têm a vontade e o desejo de ir para outro clube, pois todo atleta quer competir, quer jogar. Nos últimos dois anos, no primeiro semestre nós não participamos das competições oficiais devido a essa demora na aprovação e na captação de recursos públicos — comenta.
MEDIDAS PARA CONTAR COM UMA TEMPORADA COMPLETA NOS PRÓXIMOS ANOS
De acordo com o coordenador, o clube aprovou um projeto junto a Lei de Incentivo ao Esporte a nível Federal, baseado na captação do imposto de renda das empresas, para os próximos anos. A direção já está buscando recursos para colocar em prática o projeto desde o início de 2020 para que o clube tenha um ano completo de atividades na base, impedindo a abertura de uma nova lacuna em meio ao planejamento das categorias de base do Bento Vôlei.
— Esse ano nós temos o Pró-Esporte, que inicia agora em junho e vai terminar em dezembro. O ICMS esse ano é a alternativa, e para o ano que vem o clube vai buscar esses impostos para viabilizar desde fevereiro para começar o ano já disputando as copas e o estadual, e ter um ano completo depois de três anos. Desta forma temos a expectativa que as equipes possam chegar a Série Ouro — explica Mauricy.
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