Na última terça-feira, 26 de setembro, o auditório do Hospital Tacchini recebeu o Dr. José J. Camargo, um dos maiores especialistas em transplante de órgãos da América Latina. Durante a palestra, o médico compartilhou experiências marcantes de sua carreira, enfatizando a profunda transformação que ocorre na vida dos pacientes após um transplante. O evento reuniu quase 100 pessoas, entre profissionais de saúde e familiares de pacientes transplantados, e destacou a importância da humanização em todo o processo de doação de órgãos.
Uma das histórias comoventes compartilhadas pelo Dr. Camargo envolveu uma paciente que, após receber novos pulmões, experimentou uma mudança radical em sua qualidade de vida. "“Eu tive uma paciente que, depois de receber novos pulmões, se emocionou com o simples fato de conseguir abaixar-se para lavar os tornozelos durante o banho sem sentir-se sufocada. Eu cheguei no quarto dela justamente enquanto ela contava essa experiência para os pais e pude assistir a família se abraçando feliz. A comparação da qualidade de vida antes e depois do transplante é brutal para quem recebe um órgão”, destaca Camargo.
Dr. Camargo é conhecido por seu notável histórico, com um total de 748 transplantes de pulmão realizados ao longo de sua carreira, incluindo 40 com doadores vivos. Durante sua palestra, ele frisou a relação íntima e única que se estabelece entre médico e paciente durante o tratamento. “O relacionamento estabelecido entre médico e paciente durante o tratamento é a mais intimista relação entre dois completos desconhecidos, com pouco ou nenhum interesse em comum. Eles jamais teriam se conhecido se não fosse a doença e, de uma hora para outra, o profissional de saúde passa a fazer parte de alguns dos momentos mais marcantes da vida do paciente. O cuidado vai muito além de uma cirurgia tecnicamente bem sucedida”, descreveu o Dr. Camargo.
Inspirador
A visão sobre a importância da humanização do atendimento é compartilhada também por profissionais de saúde que assistiram a palestra. “Trabalho com reabilitação pulmonar e tenho alguns pacientes pré-transplante. Vejo de perto o quanto a cirurgia é transformadora. Ter conosco um profissional com tamanha experiência relatando não apenas especificidades técnicas, mas sobretudo trazendo a importância de um cuidado humanizado em todos os momentos, desde a captação até o acompanhamento pós-transplante, é inspirador”, descreve a fisioterapeuta líder da UTI Adulto do Hospital Tacchini, Renata Monteiro Weigert.
Como funciona na prática
A confirmação de morte encefálica do doador é o primeiro passo para viabilizar qualquer doação de órgãos (com exceção daquelas realizadas com o doador vivo). Ela é atestada por meio de dois exames clínicos e um exame de imagem, em intervalos de tempo diferentes. O protocolo completo dura até 48 horas para ser concluído.
Após a confirmação da morte encefálica, é preciso buscar a autorização da família para a doação. A definição das pessoas que vão receber cada doação é realizada pela Central de Transplantes do Estado a partir de uma série de critérios técnicos que incluem a tipagem sanguínea, compatibilidade de altura e peso entre doador e estágio da doença do receptor, por exemplo.
Os dados do Tacchini em 2023
Em 2023, até o momento foram captados 36 órgãos de 14 diferentes doadores no Hospital Tacchini. Entre elas, 2 foram doações de múltiplos órgãos, que incluíram rins, fígados, corações, pulmões e ossos. Os outros 12 casos foram doados exclusivamente as córneas.
Cabe lembrar que o Tacchini realiza a retirada das córneas e, no caso de doações múltiplas, a equipe do hospital que vai realizar o transplante no paciente que aguarda o órgão é quem se desloca até o hospital de Bento Gonçalves para fazer a retirada.
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