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Jogo da Neve entre Esportivo e Grêmio completa 40 anos

Relembre o confronto que entrou para a história do Clube Esportivo, do futebol gaúcho e nacional, que marcou a estreia de Paulo César Caju pelo Grêmio e que fez parte da campanha no vice-campeonato do Esportivo em 1979.

30/05/2019 às 23h26 Atualizada em 10/08/2019 às 14h30
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Notícias de Bento
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Divulgação
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30 de maio de 1979, ano de áurea do Clube Esportivo no futebol gaúcho. Duas equipes invictas no Campeonato Gaúcho se enfrentaram em um ambiente hostil, onde o branco predominou no gramado, nas arquibancadas do Estádio da Montanha e nos cabelos dos jogadores dentro de campo. A temperatura abaixo de zero e a torrencial neve que caiu em Bento Gonçalves protagonizaram um espetáculo para a história do futebol gaúcho e brasileiro: o emblemático Jogo da Neve. 

Pelo segundo turno do Campeonato Gaúcho de 1979, o Esportivo, comandado pelo técnico Valdir Espinosa, vinha de duas vitórias e dois empates, somando cinco pontos (na época, as vitórias valiam dois pontos na tabela). Do outro lado o Grêmio, campeão do primeiro turno, entrou em campo invicto, com seis pontos conquistados. Era um dia especial para os gremistas: a estreia do carioca Paulo César Caju, que teve o seu cabelo black power tomado pela neve. 

No dia do confronto, segundo o Correio do Povo, uma massa de ar polar atingiu a Serra Gaúcha. Pouco antes da partida, o frio já era muito intenso. Às 21h, quando os atletas entraram em campo, a neve já caia e os termômetros marcavam temperaturas abaixo de zero. Os jogadores corriam em campo muito mais para se aquecerem do que para irem atrás da bola. 

O jogo:

Apesar da neve e do gramado pesado, o jogo foi bastante disputado, com chances para ambos os lados, como relata o ex-atleta Leopoldo Benatti, o Raquete: "Foi a estreia de Paulo César Caju, então o Grêmio fez um marketing em cima deste jogo. Estava frio aquele dia, você colocava as chuteiras e os dedos ficavam dobrados. Foi um jogo difícil, ninguém queria perder. Foi um jogo pegado, aqui em casa nós não deixávamos por menos, na pior das hipóteses nós empatávamos o jogo e eles saiam daqui contentes com o empate", afirma o ex-lateral do Esportivo. 

Logo no início da partida, Raquete deu uma dura chegada em Tarciso, recebendo cartão amarelo, e assim foi ao longo da partida, fazendo jus a conquista do troféu fêmur, batizado desta forma por Paulo Sant'Ana e Lauro Quadros. "Paulo Sant'ana e Lauro Quadros criaram o troféu fêmur, que quem ganhou o troféu fomos eu e o Celso Freitas, pois um chegava e o outro pisava em cima", comenta Raquete. 

A chance mais clara da partida foi de Baltazar, que emendou uma finalização na trave. Mesmo com 10 atletas em campo na etapa final, o Esportivo segurou o ataque do Grêmio, formado por Baltazar, Jésum e Tarciso "Flecha Negra", com divididas fortes em cada lance. “É um time muito violento. É o jogo mais violento que já vi aqui no sul”, relatou o técnico do Grêmio, Orlando Fantoni para o Correio do Povo ao final da partida. 


Intervalo regado a Conhaque

Para aguentar o frio, o ex-roupeiro do Esportivo, "Seu Longhi", ofereceu conhaque aos atletas para voltar ao gramado para a etapa final. "O  'Seu Longhi', falecido roupeiro do Esportivo, no intervalo e no fim do jogo, nos deu conhaque, na época o Conhaque Dreher, para suportar o frio", relata Raquete. "Até nós que estávamos no banco, o treinador nos deu dentro do vestiário conhaque para tomar para nós podermos aguentar o ‘tirão’", completa Silvio dos Santos, meia que estava no banco de reservas. 

Final de partida

Ao final do jogo, o correspondente do Jornal Folha da Tarde, Ilgo Wink, terminou a notícia sobre o confronto da seguinte forma: "Ao final do jogo, os torcedores, tanto de Grêmio como Esportivo faziam uma divertida batalha de neve". 

A Zero Hora, em suas páginas, ressaltou sobre o confronto de igual para igual proporcionado pelo time de Bento Gonçalves em campo, que se manteve invicto em casa na competição. "Não foi desta vez que o Esportivo perdeu a invencibilidade em seu estádio no Campeonato Gaúcho. O time dirigido por Espinosa enfrentou o Grêmio de igual para igual, chegou a criar mais oportunidades de gol no primeiro tempo e, mesmo com 10 jogadores a partir da metade da fase final, soube se defender e manter o 0 a 0. A equipe segue na liderança entre os clubes do Interior, enquanto o Grêmio perdeu seu primeiro ponto do returno”. 


Vice-campeonato em 1979

Naquele ano, o Esportivo conquistou o vice-campeonato gaúcho pela primeira vez em sua história, terminando a competição estadual com um ponto à frente do Internacional. O Esportivo havia começado o campeonato com quatro derrotas consecutivas, porém a equipe de Valdir Espinosa se recuperou e conquistou o vice inédito na história do Clube Esportivo. 

Quase 4 mil pessoas no Estádio da Montanha presenciaram o confronto

A temperatura que chegou a atingir -2ºC não foi motivo para espantar o torcedor. Ao todo, 3.988 pessoas se fizeram presentes nas arquibancadas do Estádio da Montanha para conferir o jogo que entrou para a história do clube. O torcedor se fez presente em peso com cobertores. Outros não precisaram sair da cama. No prédio localizado próximo ao estádio, moradores presenciaram o jogo pela sacada, deitados na cama e no calor dos cobertores. 

FICHA DA PARTIDA:

Grêmio: Manga, Vilson, Vantuir e Vicente; Dirceu, Vitor Hugo, Paulo César Cajú e Jurandir (Nardela); Tarciso, Baltazar (Leandro) e Jésum. Técnico: Orlando Fantoni.

Esportivo: Jânio, Toninho, Carlão e José; Raquete, Tovar, Celso Freitas e Adílson; João Carlos (Dilvar), Néia e Rubem (Lambari). Técnico: Valdir Espinosa.

Público pagante: 3.988 com renda de CR$ 189.520,00.

O árbitro foi Carlos Martins, auxiliado por  Jorge Oliveira e José Oliveira.

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