A Prefeitura de Roca Sales, situada no Vale do Taquari, tomou uma decisão na manhã desta quinta-feira (21) em relação ao servidor que desviou produtos que seriam distribuídos para vítimas da enchente no município. Cristian Prade foi afastado de suas funções após sua prisão em flagrante na tarde desta quarta-feira, 20. A ação foi anunciada pelo prefeito Amilton Fontana após uma reunião de emergência.
Cristian Prade, de 47 anos, atua como fiscal ambiental na Secretaria da Agricultura do município e é formado em biologia. Ele desempenhava um papel crucial na coordenação das doações destinadas aos animais afetados pela enchente. No entanto, segundo a polícia, Prade teria instruído voluntários a entregarem os produtos, avaliados em R$ 9 mil, diretamente em sua propriedade, sob o pretexto de que era um ponto de coleta de donativos.
O prefeito Amilton Fontana explicou que a decisão de afastar Prade de suas funções foi tomada para garantir a integridade da investigação policial em curso. Um processo administrativo também será instaurado, o que poderá levar à exoneração do servidor, caso sejam comprovadas as acusações. "Ele agiu por conta própria, sem comunicar a administração. Eu não sabia disso. Como o município é pequeno, a gente estava com falta de liderança, e ele estava ajudando na coordenação. A gente usou todas as pessoas, porque tem pouca gente. Cada um cuidava de uma pasta, de alguma ação", justificou o prefeito.
A delegada Shana Hartz, responsável pelo caso, afirmou que Prade alegou em seu depoimento que estava guardando os mantimentos em um local seguro, com a intenção de posteriormente entregá-los à central de doações. No entanto, a investigação policial aponta contradições em sua versão. "Vimos que ele estava colocando os produtos em um matagal ao lado de sua casa. Além disso, ele pedia ajuda de vizinhos, que utilizavam caminhões para desviar as doações", afirmou a delegada.
Caso seja concluído que houve prática criminosa, Cristian Prade poderá ser indiciado por peculato. Ele possui uma longa carreira na prefeitura, atuando por 17 anos, e era responsável por questões de licenciamento ambiental, bem como pela preservação da fauna e flora do município.
Até o momento, não foram registrados outros casos de irregularidades em doações na região. Roca Sales foi uma das cidades mais afetadas pela enchente que ocorreu na primeira semana de setembro, resultando na trágica morte de 12 pessoas no município. Dois moradores ainda permanecem desaparecidos.
O advogado Geovanne Gomes Pereira, que representa Cristian Prade, alega a inocência de seu cliente e afirma que se trata de um mal-entendido. Ele declarou: "(Ele) Jamais desviou ou se apropriou do material. O que houve foi um grande mal-entendido. Isso será esclarecido no curso do processo."